sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Portugal apoiou Educação com cinco milhões de euros em dois anos

Bissau - Portugal apoiou o sector da Educação na Guiné-Bissau com cinco milhões de euros nos últimos dois anos, dando formação a 1.200 professores e beneficiando indirectamente cerca de 100 mil alunos.

O balanço foi feito hoje (sexta-feira) em Bissau pelo embaixador de Portugal na Guiné-Bissau, António Ricoca Freire, na inauguração do Centro de Recursos da Escola III Congresso, que foi reabilitada com o apoio de Portugal, ao abrigo do projecto "Acesso e Qualidade da Educação Básica na Guiné-Bissau", um programa que junta o Governo guineense, Portugal (através do IPAD - Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento) e a UNICEF.


O projecto começou em 2010 e hoje foram entregues 38 de 46 salas de aula reabilitadas, que custaram a Portugal cerca de 600 mil euros (405 milhões de francos CFA). 


Ao todo serão construídas ou reabilitadas e equipadas nove escolas do Ensino Básico Unificado, sete em Bafatá e duas em Bissau, a Escola III Congresso e a Escola Justado Vieira.


"Cada uma das escolas disporá do respectivo Centro de Recursos, construído de raiz e integralmente mobilado, com equipamentos informáticos e dotado de pequena biblioteca e centro multimédia, que funcionarão como estruturas de apoio às práticas pedagógicas", disse António Ricoca Freire.


O projecto vai mais além da construção de escolas e formação de professores, como sublinhou o embaixador, exemplificando com a preocupação na adequação de programas curriculares, introdução de materiais didácticos, redução das disparidades do género, sensibilização para práticas culturais, prevenção da violência escolar e melhoria das condições de saneamento e acesso a água potável.


Por tudo isso, quer a UNICEF, quer o Governo, através do ministro da Educação, agradeceram o apoio de Portugal, com a cerimónia de hoje (sexta-feira) a ser "mais um exemplo do compromisso do Governo português para com as crianças da Guiné, e mais um exemplo da cooperação do Governo português com o sistema das Nações Unidas", disse Geoff Wiffin, representante da UNICEF na Guiné-Bissau.


"O povo de Portugal pode ver os resultados do dinheiro que está a oferecer para as crianças guineenses", disse Geoff Wiffin. 
Por seu lado, Artur Silva, ministro da Educação guineense, pediu a essas crianças e aos pais e professores para que cuidem do património, porque tem sido hábito na Guiné-Bissau fazerem-se recuperações e depois "encontrar situações que não são agradáveis".

O Governo da Guiné-Bissau vai receber da comunidade internacional, nos próximos dois anos, 1,4 milhões de euros para a Educação, mais de metade para construir escolas, e "não é justo" depois encontrar-se escolas degradadas, disse o ministro.


"É preciso que honremos os compromissos, para que os parceiros sintam que os esforços não foram em vão", disse o ministro, exemplificando com a Escola III Congresso, uma "escola modelo, que custou o sacrifício do povo português".


"Não se pode admitir que tenhamos crianças ainda que não sabem ler nem escrever, não podemos continuar a ter um país de analfabetos", avisou Artur Silva, salientando que no próximo ano continuarão "os esforços dos parceiros" para aumentar a literacia e que a formação dos professores, até agora só em Bissau, será estendida ao interior. 

Mas é preciso, disse, que os pais assumam as responsabilidades na educação dos filhos, que acabe a violência nas escolas, e que acabe também o recente fenómeno de diplomas falsos, com notas que não existem para alunos que nada sabem.


É que, disse Artur Silva, em cada cinco diplomas três podem ser falsos e é preciso combater esse fenómeno.

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