Bissau – Na semana em que se completaram os trabalhos de consulta e audições, no quadro da preparação da Conferência Nacional para a Paz e Reconciliação, surgiu uma posição política a contrariar os promotores desta iniciativa.
O Partido de Renovação Social (PRS) anunciou, em comunicado de imprensa, a sua recusa em integrar a Comissão de Reconciliação, justificando que a mesma está a ser dirigida por um líder, do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que pretende aproveitar-se da iniciativa para se encobrir dos «crimes de sangue».
Apesar desta recusa, o PRS reconhece que a iniciativa é nobre, mas sublinha que só uma organização isenta podia contar com a sua participação. P PRS considera que há «manipulação política e promiscuidade evidenciada» a volta da acção e afirma que o PAIGC pretende ser juiz em causa própria.
«Este posicionamento já foi formalmente manifestado numa missiva endereçada, a 28 de Outubro de 2010, a Manuel Serifo Nhamadjo, vice-presidente da referida comissão e, simultaneamente, primeiro vice-presidente da Assembleia Nacional Popular e membro do Bureau Político do PAIGC, com conhecimento do Presidente da República, do Governo, do representante da UNIOGBIS, do representante da União Africana, da União Europeia e da Sociedade Civil», refere ainda o comunicado.
O PRS afirma que, enquanto maior partido da oposição, nunca porá em causa a sua credibilidade nem se deixará alinhar na incoerência de ajudar o PAIGC a patrocinar e organizar uma diligência dessa natureza.
«O PRS recusa, desde já, a sua parte de responsabilidade no fracasso da iniciativa desta organização», reafirmou o PRS.
O comunicado termina advertindo que só haverá paz e estabilidade com a promoção de uma verdadeira justiça, através da instituição de acções concretas desenvolvidas em Comissões de verdade, justiça e reconciliação, que serviram como exemplo em vários países do mundo, incluindo países africanos.
«Acções isoladas de reconciliação fomentadas e patrocinadas por quem deve ser julgado não levam a nada, antes pelo contrário, só vão servir para alimentar ódio e violência, em vez da unidade e coesão nacionais necessárias», conclui o comunicado.
Sumba Nansil
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