Estima-se que cerca de 100 mil habitantes da Guiné-Bissau seriam portadores do vírus da SIDA em 2012, de acordo com o último relatório do Secretariado Nacional de Luta contra a doença.
De acordo com o relatório a que a agência Lusa teve acesso, a prevalência do HIV (Vírus de Imunodeficiência Humana) é mais acentuada entre os jovens com idades entre os 15 e os 24 anos.
O Secretariado Nacional de Luta contra a SIDA (SNLS) frisa que a atitude dos guineenses perante à doença tem sido condicionada por valores e práticas culturais ancestrais.
São apontados como exemplos, a mutilação genital, o casamento precoce e com maridos relativamente mais velhos, a poligamia e o aleitamento de crianças órfãs por outras mulheres, as chamadas "mães sociais".
A negação da existência da doença, o medo, as crenças da população, que prefere considerar a SIDA como sendo "castigo de Deus", são também outras das razões apontadas pelo inquérito para ilustrar as dificuldades em controlar a epidemia na Guiné-Bissau.
A iniciação precoce à sexualidade, a promiscuidade sexual, sobretudo de raparigas com parceiros muito mais velhos, e o aumento da prostituição, são também apontados no estudo como fatores de risco.
A SIDA, a par da Malária, constitui "um grave problema de saúde pública" na Guiné-Bissau, com a taxa de prevalência global do vírus em pessoas maiores de 15 anos estimada em 5,8 por cento e nas mulheres, com idade entre os 15 e os 49 anos, em 6,9 por cento.
"Com o atual nível de prevalência, teme-se que no ano de 2012, tenha havido mais de 100 mil pessoas a viver com o VIH e mais de 4,1 por cento de crianças nascidas infetadas de mães seropositivas", lê-se no estudo.
Com o golpe de Estado ocorrido em 2012 o secretariado - que depende organicamente do primeiro-ministro - diz ter enfrentado dificuldades na execução do programa de combate e prevenção da doença, não só pela instabilidade política, mas sobretudo pelo congelamento de todo o financiamento por parte dos parceiros internacionais.
"Um exemplo flagrante disso foi o tempo excessivamente dilatado que os preservativos oferecidos pelo Brasil e outros ficaram retidos nas alfândegas, na sequência do último golpe de Estado", observa Huco Monteiro, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, atual dirigente do SNLS.
Aquele responsável enfatiza os esforços do governo de transição no combate à doença, através da compra de medicamentos, isenções alfandegárias e pagamento do salário aos técnicos que trabalham com pessoas infetadas, mas sublinha o facto de ainda não existir uma verba orçamental especifica para as atividades do secretariado.
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