O tráfico de droga e o crime organizado aumentaram substancialmente na Guiné-Bissau desde o golpe de Estado de Abril pelos militares, segundo o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
No seu último relatório sobre a situação na Guiné-Bissau, a que a Lusa teve acesso, Ban Ki-moon reitera o pedido ao Conselho de Segurança da ONU para que, face ao aumento, seja estabelecido um painel de peritos para investigar a atividade e identidade dos envolvidos no tráfico de droga e crime organizado.
"Há provas substanciais de um aumento no tráfico de droga e crime organizado desde o golpe de Estado de 12 de Abril", afirma o secretário-geral no relatório.
Ao painel de peritos no Conselho de Segurança, deve ser dado poder de aplicar sanções "direcionadas e punitivas" para "ajudar a inverter o crescimento de atividades relacionadas com tráfico de droga", defende.
O golpe de Abril teve entre os seus principais actores militares ligados pelo Departamento de Estado norte-americano ao crime organizado e tráfico de droga.
A situação na Guiné-Bissau será discutida no Conselho de Segurança na próxima terça-feira, 11 de Dezembro, em consultas em que deverá estar presente o representante especial da ONU em Bissau, Joseph Mutaboba.
Espera-se também um 'briefing' sobre o comité de sanções para a Guiné-Bissau, estabelecido pela resolução aprovada pelo Conselho após o golpe, organismo que é presidido pelo embaixador de Marrocos na ONU.
No relatório, Ban Ki-moon frisa que "qualquer solução para a instabilidade na Guiné-Bissau deve incluir ações concretas para combater a impunidade".
Deve também "garantir que sejam levados perante a Justiça os responsáveis por assassínios políticos e outros crimes sérios como actividades relacionadas com o tráfico de droga e violações da ordem constitucional", adiantou.
Numa conferência de imprensa em Setembro na ONU, o director da agência da ONU sobre Drogas e Crime (UNODC), Yuri Fedotov, afirmou que o trânsito de drogas está "claramente a aumentar" na Guiné-Bissau.
"Infelizmente, é claro que o transbordo de drogas através da Guiné-Bissau está a aumentar. É um desafio adicional", disse Fedotov.
Em conferência de imprensa, Fedotov afirmou que a UNODC mantém um "muito baixo perfil" na Guiné-Bissau, nomeadamente apoiando a unidade contra a criminalidade internacional recentemente criada.
O mesmo alerta foi feito antes ao Conselho de Segurança pelo representante do secretário-geral da ONU para a África Ocidental, Said Djinnit, que disse que as redes de narcotráfico estão mais activas e influentes nos últimos meses.
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