sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Presidente do parlamento da Guiné-Bissau lembra que governo de transição não foi eleito

Bissau, 06 dez (Lusa) - O presidente do Parlamento da Guiné-Bissau, Ibraima Sory Djaló lembrou hoje aos membros do governo de transição que não foram eleitos pelo povo, ao contrário dos deputados.

"Se este governo entende que por não ser de legislatura vai penalizar o Parlamento, isso pode custar-lhe caro. Isso que fique claro, porque não estamos aqui numa brincadeira. Este governo não foi eleito, enquanto nós (deputados) fomos eleitos pelo povo deste país", notou Sory Djaló.

O presidente do parlamento guineense fez a advertência ao responder a uma interpelação de um deputado da bancada maioritária sobre o facto de a Rádio Nacional (emissora estatal) não estar a cobrir os trabalhos da sessão plenária do Parlamento.

"Há pessoas que lutaram para derrubar este Parlamento mas que não o conseguiram, mas agora querem tentar outras vias. Estejamos preparados. As leis deste país são feitas nesta casa. Que cada um assuma as suas responsabilidades. Isto é claro. Já estou a perceber o que certas pessoas andam a tramar contra este Parlamento", afirmou Djaló, sem especificar de quem falava.

As afirmações de Sory Djaló seguiram-se à intervenção do deputado Lúcio Rodrigues do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que firmou que há uma atitude deliberada da Rádio Nacional em não transmitir os debates no Parlamento.

"No âmbito do serviço público, a Rádio e a Televisão têm a obrigação de cobrir todos os assuntos de que o povo deve ser informado. A lei diz que a Rádio Nacional é obrigada a cobrir todos os trabalhos em sessão plenária do Parlamento, mas isso não tem estado a acontecer", disse Lúcio Rodrigues.

O deputado Soares Sambu, também do PAIGC, invocou o regimento parlamentar para esclarecer que só em dias de debates do programa do Governo ou Orçamento Geral de Estado é que a Rádio Nacional deve dar uma cobertura integral dos trabalhos no Parlamento.

A Guiné-Bissau está a ser gerida por um governo de transição na sequência de um golpe de Estado ocorrido em abril passado. A Assembleia Nacional esteve diversos meses parada por desentendimento entre os dois maiores partidos, o PAIGC e o Partido da Renovação Social (PRS), que finalmente se entenderam no mês passado.

Sory Djaló pertence ao PRS, o maior partido da oposição.

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