O chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas portuguesas lançou uma "campanha de desinformação" para justificar o envio da Força de Reação Imediata, afirma ao Expresso o porta-voz do comando militar da Guiné-Bissau.
"É uma campanha de desinformação que não sei com que objetivo está a ser feita". Foi assim que o porta-voz do comando militar na Guiné-Bissau reagiu às declarações do chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA) portuguesas, depois do general Luís Araújo ter afirmado que o envio da Força de Reação Imediata (FRI) evitou que a violência na Guiné atingisse "níveis deploráveis".
Recordando os acontecimentos da madrugada de 12 abril, o Tenente-Coronel Daba Na Walna disse ao Expresso que "os militares guineenses foram enviados para capturar o chefe de Estado-Maior da Guiné-Bissau e que estiveram debaixo de fogo sem ter disparado uma única bala".
"Desde o primeiro dia não matámos ninguém. Não há violência aqui, nem nunca houve", acrescentou.
Daba Na Walna lembra ainda que "durante este levantamento a que se chamou golpe de Estado, as rádios estiveram sempre abertas e puderam noticiar e criticar o que se estava a passar, ao contrário do que aconteceu noutras ocasiões".
O porta-voz do comando militar guineense, jurista de formação e doutorando na Faculdade de Direito de Lisboa, diz mesmo que a notícia do envio dos militares portugueses destabilizou Bissau e que até houve quem tentasse abandonar a cidade.
"Sabíamos que Portugal nunca interviria militarmente sem ser no quadro de uma força internacional. Além disso, com a crise que assola o país, sabemos que não tem condições para uma operação com a dimensão que esta implicaria".
Recusando, em absoluto, que os acontecimento de 12 de abril último pudessem ter "descambado num banho de sangue", Daba Na Walna pensa que o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas portuguesas procura, desta forma, justificar o envio dos militares.
As contas fazem-se no fim
O Expresso confirmou junto do porta-voz do chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas que as duas fragatas e a corveta que integram a Força de Reação Imediata enviada para a Guiné, tal como o avião P3-Orion que se encontrava na Ilha do Sal, em Cabo Verde, deverão chegar a Portugal até ao final desta semana. O navio reabastecedor "Berrio", só deverá atracar no Alfeite no início da próxima.
Partindo das declarações do general Luís Araújo sobre os custos da operação, hoje citadas pela agência Lusa, segundo as quais não está "preocupado com isso para já", o seu porta-voz explica que, são tantos os imprevistos e alterações ao plano inicial numa missão como esta que "quando os navios chegarem serão feitas as contas".
Mais informou que o Estado-Maior General das Forças Armadas deu conhecimento prévio ao Ministério da Defesa dos "custos médios" da FRI os quais, no entanto, recusou divulgar.
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