Bissau – O Comando Militar guineense, que protagonizou o golpe de Estado no país, a 12 de Abril, disse que tem sido alvo de ataques pela imprensa portuguesa sobre este assunto.
Numa nota de imprensa distribuída aos jornalistas no final de uma conferência, realizada esta terça-feira, 22 de Maio, em Bissau, o Comando Militar disse que «chegou a altura para dar esclarecimentos».
Neste sentido, o Comando começou por enumerar alguns acontecimentos que se registaram desde 2005 até esta data, considerando o período de mandato de Carlos Gomes Júnior como não democrático.
«Democrático? De modo algum. O facto de se realizarem eleições não significa nada. No Estado Novo de Salazar e Caetano, também houve eleições Presidenciais e Legislativas», lê-se no comunicado.
Em relação à deslocação de Carlos Gomes Júnior e de Raimundo Pereira a Portugal, o Comando Militar considerou a sua cobertura jornalística como «hostil ao poder actualmente instalado na Guiné-Bissau».
Neste sentido, o Comando Militar disse não estranhar, justificando que, aquando do conflito armado de 7 de Junho 1998, o Governo português esteve ao lado da rebelião, tendo condecorado o Chefe de uma rebelião que causou morte a muitos guineenses.
Por outro lado, os autores do golpe de 12 de Abril acusaram Carlos Gomes Júnior de pertencer ao exército português, cujo poder era quase uma reconquista da Guiné-Bissau pelos portugueses depois da derrota na guerra colonial.
«Esta terra custou muito sangue para ser independente, pode custar ainda mais, mas não a entregaremos», determinou o Comando Militar.
O Comando Militar afirmou ainda que Carlos Gomes Júnior enviou o secretário de Estado dos Antigos Combatentes, Fode Cassamá, para recrutar rebeldes de Cassamance para simular um ataque à MISSANG, com a finalidade de incriminar as Forças Armadas da Guiné-Bissau, o que provocaria uma forte reacção militar por parte do Estado angolano.
O documento diz ainda que, na altura do golpe de Estado que afastou Koumba Yala do poder em 2003, não se ouviram muitos protestos.
O comunicado destaca os acontecimentos que marcaram a Guiné-Bissau a partir do ano 2005, referindo que, em 2010, o Primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior mandou libertar um barco com várias toneladas de cocaína, citando o depoimento de Artur Silva, na altura ministro da Defesa Nacional.
O Presidente de Transição nomeado pela CEDEAO na Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo, esteve reunido, esta terça-feira, com os representantes da sociedade civil.
Trata-se de um encontro que visa encontrar um entendimento sobre a crise criada no país pelos militares depois do golpe de Estado de 12 de Abril.
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