Líderes dos dois principais sindicatos da Guiné-Bissau apelaram hoje aos funcionários públicos para que retomem o trabalho na administração estatal a partir de segunda-feira e exortaram o Governo de transição a pagar dois meses de salários aos trabalhadores.
O apelo foi lançado em conferência de imprensa promovida por Filomeno Cabral, secretário-geral da Confederação Geral dos Sindicatos Independentes (CGSI, central sindical) e Estêvão Có, secretário-geral da UNTG (União Nacional dos Trabalhadores da Guiné, central sindical).
Os dois responsáveis sindicais afirmam que com a formação de um Governo de transição os funcionários públicos devem regressar ao trabalho na sequência do apelo ao boicote feito um dia depois do golpe de Estado.
"Tínhamos dito aos funcionários que ficassem em casa para garantir a sua segurança e das instituições, mas também como forma de protesto contra o golpe militar, agora viemos pedir-lhes que voltem aos seus locais de trabalho a partir de segunda-feira", disse Filomeno Cabral.
O secretário-geral da CGSI instou o novo Governo para que pague dois meses de salário aos funcionários públicos, caso contrário, avisa, "pode haver uma atitude de luta dos trabalhadores".
O secretário-geral da UNTG, Estêvão Có agradeceu a compreensão dos funcionários públicos pela forma "patriótica como responderam aos apelos" dos sindicatos, ficando em casa desde o dia do golpe de Estado (12 de abril) até hoje.
Além do pagamento dos salários dos meses de abril e maio, os dois sindicatos querem que o novo Governo tome medidas no sentido de baixar os preços dos produtos da primeira necessidade de consumo, que dizem, estão "exorbitantes desde o golpe de Estado".
Sobre o apelo da Frenagolpe (coligação de partidos e associações que contestam o golpe de Estado) para uma desobediência civil, os dois sindicatos demarcam-se dessa posição, frisando ser uma medida política.
O secretário-geral da CGSI disse, contudo, não compreender o facto de ainda existir militares armadas às portas de alguns ministérios ou repartições do Estado.
"Se os militares disseram que devolveram o poder aos civis e que voltaram aos quartéis, porque é que ainda estão nalgumas repartições públicas?", questionou Filomeno Cabral.
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