Os partidos da Guiné-Bissau e organizações sociais que contestam o golpe de Estado apelaram hoje a desobediência civil no país como forma de não reconhecer o Governo e o Presidente de Transição "impostos pela CEDEAO".
O apelo foi transmitido em conferência de imprensa por Iancuba Indjai, secretário executivo da Frenagolpe (coligação de partidos políticos e organizações sociais guineenses que contestam o golpe de Estado).
"A desobediência civil é uma forma de luta política que vamos adotar contra os golpistas", declarou Iancuba Indjai, líder do Partido da Solidariedade e Trabalho (PST), integrante da Frenagolpe.
"Nós pensamos que os guineenses têm todo o direito de lutar de forma pacífica para o retorno à ordem constitucional, a desobediência civil faz parte dessa luta para que este Governo imposto e Presidente da República imposto não tenham êxito", afirmou ainda Iancuba Indjai.
"Apelamos a todos os patriotas deste país no sentido de não aceitarmos as ordens de órgãos impostos pela CEDEAO" (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental), acrescentou o secretário executivo da Frenagolpe, que saudou, por outro lado, a libertação de Carlos Gomes Júnior e Raimundo Pereira, que já se encontram em Portugal.
"Regozijamo-nos pela forma digna e calorosa como estes dois dirigentes legítimos do nosso país foram recebidos em Portugal pelas autoridades portuguesas", observou Iancuba Indjai.
O dirigente da oposição ao golpe de Estado diz ainda que os partidos que integram a Frenagolpe "em nenhuma circunstância irão aceitar um Presidente ou um Governo que não sejam emanados das urnas".
Iancuba Indjai afirmou não compreender o facto de a CEDEAO não aceitar que outras organizações "amigas da Guiné-Bissau" não venham ajudar na resolução do problema do país.
"Já que estão à frente das coisas, que marquem a segunda volta das eleições presidenciais. É isso que esperamos da CEDEAO", declarou Iancuba Indjai.
A CEDEAO designou Serifo Nhamadjo para Presidente da transição, até à realização de novas eleições dentro de um ano, e este nomeou na quarta-feira Rui de Barros para o cargo de primeiro-ministro, mas estas decisões foram contestadas pela restante comunidade internacional, que continua a exigir o regresso à ordem constitucional.
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