sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Investigadores de Coimbra vão exumar restos mortais de combatentes

Uma equipa liderada pela antropóloga forense Eugénia Cunha, de Coimbra, vai deslocar-se à Guiné-Bissau para a exumação dos corpos dos combatentes envolvidos num dos mais traumáticos acontecimento da guerra colonial: o desastre de Cheche.

A equipa de investigadores, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), parte para a Guiné-Bissau no próximo dia 26 de Fevereiro, onde, durante uma semana, vai identificar e exumar os restos mortais dos antigos combatentes portugueses sepultados numa vala comum.

O desastre de Cheche ocorreu a 6 de Fevereiro de 1969, durante a travessia do rio Corubal, com o acidente a provocar a morte a quase 50 soldados.

Promovida pela Liga dos Combatentes de Portugal, no âmbito do programa “Conservação de Memórias”, esta é a quinta missão de resgate dos restos mortais de soldados portugueses mortos no campo de batalha.

Para Eugénia Cunha, “a complexidade do trabalho científico prende-se com o facto de os soldados estarem numa vala comum e não em sepulturas individualizadas”. “Vamos encontrar, à partida, uma amálgama de corpos, o que dificulta imenso a identificação, tornando o processo muito mais lento e delicado”, explica a antropóloga.

Por outro lado, segundo a líder da missão, não existe a certeza do número exacto de corpos ali sepultados, com o testemunho de sobreviventes a relatarem que estarão na vala comum entre 15 e 17 soldados.

Outra grande dificuldade com que os investigadores vão confrontar-se será “o estado de conservação dos esqueletos, muito debilitado, devido às características do local, a cerca de 300 metros do rio, com elevado índice de humidade”, salienta Eugénia Cunha.

As missões anteriores, que decorreram em Guidage, Farim e Gabú, permitiram identificar e exumar 50 corpos, dos quais, nove foram trasladados para Portugal, por desejo dos familiares.

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