terça-feira, 7 de outubro de 2014

Investimento português nos PALOP e Timor-Leste caiu 78% no ano passado

Angola foi o país com maior quebra na aplicação de capital, e apenas São Tomé e Príncipe recebeu mais investimento face a 2012.

Balança comercial é positiva para Portugal em 1166 milhões de euros NELSON GARRIDO


Os investidores portugueses colocaram um travão a fundo no dinheiro que aplicaram em projectos nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e Timor Leste em 2013. No ano passado, o investimento directo bruto de Portugal nestes países caiu para 246 milhões de euros, menos 78% face a 2012 (quando foram aplicados 1112 milhões de euros).

Este valor é o mais baixo, pelo menos, desde 2005, de acordo com os dados divulgados nesta segunda-feira pelo Banco de Portugal no relatório sobre as relações económicas e financeiras de Portugal com os PALOP e Timor-Leste. Só S. Tomé escapou à regra da queda de investimento entre 2012 e 2013, com uma ligeira subida de 3,9 para 5,6 milhões de euros.

Entre os países analisados, Angola é o que tem maior expressão, seguindo-se depois Moçambique e Cabo-Verde. Já as relações económicas com Guiné-Bissau, S. Tomé e Príncipe e Timor-Leste são residuais. No caso de Angola, verifica-se que o investimento neste país caiu ainda mais do que a média, registando um tombo de 85% para os 129,6 milhões de euros durante o ano passado, um fenómeno “transversal a todos os sectores de actividade”. Além disso, verifica-se, de acordo com os dados do banco central, que o desinvestimento foi de 265,8 milhões, superando assim as novas entradas de dinheiro. Em 2012, o capital desinvestido tinha sido metade do investimento directo bruto.

Os dados, que não contabilizam triangulações (aplicações através de um outro país), surgem num contexto em que Angola aposta na indústria local para depender menos das importações e, ao mesmo tempo, aplica uma política de apoio ao investimento estrangeiro menos benéfica face ao passado.

Segundo o relatório, que apenas expõe os dados, sem os analisar ou contextualizar, Angola continua a ser o principal país receptor, com um peso de 53% do total, seguindo-se Moçambique (38%). Este último país viu entrarem 93 milhões de euros em 2013, menos 39% face a 2012. O sector das actividades financeiras foi o mais afectado mas, ainda assim, representa, juntamente com a construção, 93% do investimento bruto em Moçambique. Já o investimento directo bruto dos PALOP e Timor em Portugal caiu 62% no período em análise, ficando-se pelos 87 milhões de euros. Aqui, Angola teve um peso de 95% do total, com destaque para as actividades financeiras e construção. 

Olhando para as exportações de produtos portugueses para os países em análise, estas chegaram aos 3770 milhões de euros, o que representa uma subida de 151 milhões em relação a 2012. Em valor, a maior subida foi na venda de produtos para Angola (mais 121 milhões) e para Moçambique (40 milhões). Já as importações cresceram 901 milhões (para 2707 milhões), devido às importações de petróleo angolano e bens alimentares moçambicanos. Mesmo assim, a balança foi positiva para Portugal em 1166 milhões de euros. Actualmente, os PALOP e Timor valem 7,9% do total das exportações e 4,9% das importações.

No campo das dívidas oficiais dos PALOP, o valor ascende a 3508 milhões de dólares (moeda em que valor é contabilizado), entre dívida directa a Portugal e dívida com garantia estatal, o representa uma subida de 3,5%.

Fonte : Jornal Publico

LUÍS VILLALOBOS

06/10/2014

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