O surto de ébola na Libéria, Serra Leoa e Guiné-Conacri pode custar mais de 32 mil milhões de dólares e tirar 3,3% ao PIB da África Ocidental se a epidemia não for rapidamente controlada, segundo a Moody's.
"Os custos humanos e económicos no combate à trágica doença já fazem antever uma legado longo e negativo no futuro do crescimento económico da África Ocidental", sublinhou a Moody's
De acordo com uma nota aos investidores, a que a Lusa teve hoje acesso, a agência de notação financeira norte-americana considerou que "a África Ocidental como um todo pode perder até 32,6 mil milhões de dólares [25,5 milhões de euros] no final de 2015 se a epidemia não for rapidamente controlada, num cenário que prevê a contaminação aos países vizinhos".
Para a Moody's, que citou o relatório do Banco Mundial sobre este tema, "isto significa que o PIB combinado de todos os países da África Ocidental - incluindo, entre outros, as muito maiores economias da Costa do Marfim, Gana, Nigéria e Senegal - seria 3,3% menor do que se não houvesse efeitos relacionados com o ébola nas suas fronteiras, no que diz respeito ao comércio, turismo e confiança dos consumidores e empresas".
Segundo a Organização Mundial de Saúde, o ébola já infectou 9.216 pessoas, tendo resultado em 4.555 mortes, principalmente na Guiné-Conacri, Serra Leoa e Libéria, prevendo que o contágio possa chegar às 10 mil pessoas por semana na África Ocidental, em Dezembro.
"Os custos humanos e económicos no combate à trágica doença já fazem antever uma legado longo e negativo no futuro do crescimento económico da África Ocidental, uma vez que as medidas de poupança obrigam à suspensão dos projectos de educação e desenvolvimento", sublinhou a Moody's.
A agência exemplificou com as declarações do ministro das Finanças da Serra Leoa em Washington, na semana passada, segundo as quais o país "não tinha outra escolha" senão suspender alguns projectos e reduzir o orçamento da maioria dos ministérios em 23% para acomodar o crescimento previsto do défice em 2015.
Os três países mais afectados pelo ébola sofrem mais do que o resto da região, escreveu a Moody's, especificando que no cenário de contenção rápida, o Banco Mundial estimou que o surto custe 163 milhões de dólares (3,3% do PIB) à Serra Leoa este ano, mas o efeito negativo pode chegar aos 8,9% do PIB no próximo ano se o cenário usado for o da contenção lenta da doença.
Na Libéria, o Banco Mundial referiu que no pior cenário as estimativas de perda chegam aos 234 milhões de dólares (12%) do PIB, e 142 milhões na Guiné-Conacri (2,3% do PIB) como resultado do aumento das despesas de Saúde e descida na produtividade, resultante do fecho de aeroportos e estradas e no abandono dos campos pelos agricultores.
Os países da África Ocidental são Benim, Burkina Faso, Cabo Verde, Costa do Marfim, Gâmbia, Gana, Guiné-Conacri, Guiné-Bissau, Libéria, Mali, Mauritânia, Níger, Nigéria, Senegal, Serra Leoa e Togo.
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