A Guiné-Bissau é o quarto pior país do mundo e o pior dos lusófonos para ser mãe, segundo o índice anual da organização Save The Children, que só detetou condições piores no Níger, Afeganistão e Iémen.
No estudo, divulgado hoje, a organização não-governamental norte-americana dividiu os 165 países da lista em três grupos - mais desenvolvidos, menos desenvolvidos e os menos desenvolvidos -, aos quais correspondem critérios diferentes.
Além da Guiné-Bissau, integram o terceiro grupo, constituído pelos 42 países que registam piores indicadores, três outros países lusófonos - Angola, Moçambique e Timor-Leste.
No índice geral, Portugal está em 15.º, o Brasil em 55.º, Cabo Verde em 79.º, Moçambique em 133.º, Timor-Leste em 136.ª, Angola em 143.º e a Guiné-Bissau em 162.º. A lista é encabeçada pela Noruega, melhor país para ser mãe, e fechada pelo Níger, o pior.
Para estabelecer o índice, a organização avalia, a partir de números da ONU, fatores educativos, económicos, de saúde e políticos, como a escolaridade das mães, o acesso a contracetivos, a mortalidade infantil ou a duração da licença de maternidade.
No caso da Guiné-Bissau, o relatório destaca a baixa esperança de vida (50 anos) e a baixa escolaridade das raparigas, que não passam mais de cinco anos na escola.
Quanto aos indicadores, a Guiné-Bissau apresenta nomeadamente um elevado risco de morte materna, de uma morte para cada 18 partos, e de mortalidade infantil, de 150 em cada 1.000 nascimentos, a par de baixos níveis de assistência especializada no parto (44 por cento), de acesso à contraceção (seis por cento) e de acesso à educação (12,3 por cento).
A mais alta taxa de mortalidade infantil nos países lusófonos regista-se no entanto em Angola, com 161 mortes por cada 1.000 nascimentos.
O Brasil é o país lusófono mais bem classificado no índice da Save The Children, ocupando a 55.ª posição, à frente de países como a Venezuela ou o México e nos lugares cimeiros do segundo grupo de países.
Para isso contam uma esperança média de vida de 77 anos, um risco de morte materna de uma morte para 860 partos, uma mortalidade infantil de 19 para cada mil nascimentos, a assistência por pessoal especializado de 97 por cento dos partos ou a utilização de métodos contracetivos por 77 por cento das mulheres.
Por outro lado, o relatório, este ano especialmente focado na importância da nutrição para a sobrevivência de mães e bebés, indica que 18 por cento das crianças guineenses até aos cinco anos de idade têm um peso moderada ou excessivamente baixo para a idade.
Em Angola, esse indicador é de 16 por cento, em Timor-Leste 17 por cento, em Moçambique 18 por cento, Cabo Verde nove por cento e Brasil dois por cento.
O Brasil é apontado no relatório como um dos países que mais progressos tem feito no combate à subnutrição infantil, registando um decréscimo anual de 5,5 por cento de crianças afetadas entre 1990 e 2010.
Segundo a organização, a subnutrição é a causa de pelo menos um quinto das mortes maternas e de mais de um terço das mortes de crianças até aos cinco anos em todo o mundo.
A Save The Children cita estudos científicos segundo os quais medidas de apoio à amamentação podem salvar um milhão de crianças por ano e frisa que, nos países em desenvolvimento, especialmente naqueles sem acesso a água potável, a amamentação pode ser a diferença entre viver ou morrer.
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