O Comando Militar que tomou o poder na Guiné-Bissau desde 12 de abril diz hoje que não haverá sanções da comunidade internacional contra si e contra o país porque está já a cumprir com todas as exigências que foram apresentadas.
Em conferência de imprensa, o porta-voz do Comando Militar, o tenente-coronel Daba Na Walna disse que a CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) não vai aplicar sanções contra o Comando porque os militares estão a cumprir "todas as exigências" da organização africana.
De acordo com Na Walna, dos sete pontos que constam das exigências da CEDEAO apenas um ainda não mereceu um consenso entre os militares, a classe política e a sociedade civil guineense.
Segundo Na Walna, o Comando Militar aceitou a vinda da tropa da CEDEAO, libertou incondicionalmente o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior e o Presidente interino, Raimundo Pereira, devolveu o poder aos civis, está a retornar às casernas, pelo que não haverá lugar para sanções contra a Guiné-Bissau, disse.
Daba Na Walna afirmou que o ponto ainda em discórdia é a exigência da CEDEAO para o retorno de Raimundo Pereira ao cargo de Presidente da República de transição.
O porta-voz do Comando Militar afirma que tanto os militares como a maioria da classe politica guineense não vê com bons olhos essa possibilidade.
"Pedimos a ponderação da CEDEAO na cimeira de Banjul (Gâmbia) sobre essa possibilidade, lembrando que essa hipótese não merece o nosso consenso", disse Daba Na Walna explicando porque motivo os militares não querem admitir o regresso de Raimundo Pereira à presidência.
"Se Raimundo Pereira voltasse seria o comando em chefe das Forças Armadas, ora nas condições em que ele saiu da presidência e detido seria de mau tom que ele voltasse agora para ser novamente comandante em chefe dos militares", exemplificou Na Walna.
"Se Raimundo Pereira voltasse seria um comandante em chefe que tem medo dos soldados ou sujeito a ter, a qualquer momento, uma situação incontrolável com os soldados", defendeu o porta-voz do Comando Militar, propondo outras saídas para a escolha do futuro chefe de Estado.
"A solução poderia ser alcançada no âmbito constitucional, com o presidente do Parlamento, Serifo Nhamadjo ou então com uma figura de consenso", disse Daba Na Walna, lembrando que é no âmbito da busca de "soluções endógenas internas" que o Comando Militar se vai reunir ainda hoje, na Cúria Diocesana, com o PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde).
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