domingo, 6 de março de 2011

O presidente da Associação de Defesa dos Consumidores guineense denuncia anarquia na fixação de preços

Bissau - O presidente da Associação de Defesa dos Consumidores guineense acusou hoje (sábado) o Governo de nada fazer para combater a "anarquia que reina no mercado" em relação ao aumento dos preços de bens essenciais, que se tem verificado desde 2009.  

Segundo Bambo Sanhá, o que se verifica no mercado "é uma autêntica anarquia na fixação de preços", uma vez que o Governo nada faz para regular o mercado, mesmo que o Estado defenda a livre concorrência.  

"O mercado é livre, mas tem que haver algum controlo para evitar a anarquia que se verifica. Os importadores estão a fazer a sua estrutura de custo sem ter nem achar a opinião do Ministério do Comércio", afirmou o presidente da Associação de Defesa dos Consumidores de Bens e Serviços (Acobes).  

A agência Lusa tentou, sem sucesso, obter reação do Ministério do Comércio. 

A acusação do presidente da Acobes sobre a alegada anarquia na fixação de preços por parte dos importadores, foi corroborada pelo presidente da associação dos retalhistas dos mercados da Guiné-Bissau, Aliu Seidi.

"Nós vendemos ao consumidor conforme aquilo que compramos do importador. Se aumentarem os preços dos produtos, nós também aumentamos e quem sente isso é o consumidor", explicou Aliu Seidi.

Na Guiné-Bissau não existem centros comerciais, pelo que os mercados acabam por ser principais postos de compra e venda de produtos de primeira necessidade, pelo que qualquer aumento de preços é logo sentido nas feiras. 

Entre os produtos cujos preços têm variado no mercado guineense, o arroz trinca, localmente chamado 'nhelé perfumado' é o que mais tem aumentado.

"A farinha de trigo e algumas espécies do arroz, sobretudo aquela espécie denominada 'nhelén perfumado', são os produtos que têm oscilado nos preços, mas a culpa não é do retalhista, nós só vendemos como compramos do importador", defendeu-se o presidente dos retalhistas.

"Há quem venda o 'nhelen perfumado" a 14 mil francos CFA (21 euros), outros vendem a 17 mil (25 euros), mas também há quem venda a 18 mil (27 euros)", disse Aliu Seidi.

O presidente da Associação de Defesa dos Consumidores diz que tudo isso podia ser evitado se o Governo tivesse outra intervenção na regulação do mercado através da participação na formulação da estrutura de custos dos produtos.

"O importador traz o produto e diz ao Governo, isto se disser, que comprou por X preço, o Governo não diz nada, não averigua para saber se é verdade ou não, fixa o seu preço e começa a vender aos retalhistas", afirmou Bambo Sanhá.

"Neste processo anárquico é o consumidor que acaba por ser vítima devido ao baixo poder de compra no nosso país. O pior de tudo é há muito tempo que não há aumentos salariais na função pública. Tem que haver estabilidade de preços" dos produtos da primeira necessidade, assinalou Bambo Sanhá.

O salário mínimo na Guiné-Bissau é de 28 mil francos CFA (42 euros).

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