Cidade da Praia - A reserva alimentar de Cabo Verde dá para quatro a cinco meses, mas o Governo "está preparado" para, mediante um sistema de alerta de stocks, importar alimentos e evitar roturas, garantiu o ministro do Desenvolvimento Rural cabo-verdiano.
José Maria Veiga, citado pela agência noticiosa Inforpress, falava aos jornalistas à margem da conferência regional subordinada ao tema "Diálogo Nacional sobre a Carta para a Prevenção e Gestão de Crises Alimentares no Sahel e África Ocidental para Cabo Verde", que decorre na Cidade da Praia.
"O stock está ligado também à questão da reserva que, em Cabo Verde, está à volta de quatro, cinco meses. Isso quer dizer que, mesmo que nós tenhamos problemas, o Governo está sempre preparado para garantir a importação alimentar durante três a quatro meses seguidos", precisou o ministro.
José Maria Veiga realçou que as instituições cabo-verdianas têm um sistema de alerta que permite, a todo o momento, saber qual o nível dos stocks, por exemplo, de arroz, trigo e açúcar.
O sistema de alerta permite que os operadores privados ou outras instituições possam actuar na importação dos produtos que poderão vir a faltar um ou dois meses depois.
A conferência pretende recolher contributos de Cabo Verde para enriquecer o texto da revisão da Carta de Ajuda Alimentar, a ser aprovada posteriormente pelas autoridades dos países do Sahel, da África Ocidental e pelos doadores.
Segundo José Maria Veiga, a experiência de Cabo Verde na mobilização de água para agricultura, bem como o "forte empenho" no sector, demonstram que o país "quer andar com os seus próprios pés", ou seja, ter a capacidade de "soberania alimentar", sendo um "exemplo fundamental" para a zona do Sahel e para África.
José Maria Veiga destacou o trabalho que se tem feito na introdução de inovações agrícolas, sobretudo em variedades mais resistentes ao clima e às pragas, realçando a investigação, a organização institucional e as instituições criadas para tal, para o seguimento da segurança alimentar em Cabo Verde.
Por outro lado, no entender do ministro, a cooperação Sul/Sul é "extremamente importante" para a questão da segurança alimentar, para a organização da cadeia de mercado e para valorizar os produtos do continente africano, num quadro de estabilidade, paz e transparência.
Daí que Cabo Verde, que importa arroz da Ásia, poderia fazê-lo no próprio continente, dando como exemplo a Guiné-Bissau, que tem "grandes potencialidades" na produção do arroz.
"Guiné-Bissau ganharia e nós também ganharíamos, porque tudo ficaria mais barato. Os países têm de se especializar nas produções onde têm maiores capacidades e importar outros produtos em que têm menos capacidade", concluiu.
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