segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Quartel de Tagma na Waie transformado em Centro de Formação

Bissau - Antigas instalações do Estado Maior das Forças Armadas da Guiné, onde Tagma na Waie foi morto há dois anos, vão ser remodeladas e transformadas num centro de formação das forças armadas, dentro de um ano.

O projeto é da cooperação brasileira, que vai gastar mais de 2,2 milhões de euros, explicou hoje à Lusa o embaixador do Brasil em
Bissau, Jorge Kadri, acrescentando que já está em Bissau um grupo de oficiais brasileiros, a avaliar as necessidades, passando-se depois à reparação do edifício, cedido temporariamente pelo governo da Guiné-Bissau.

"Se tudo correr conforme planeado iniciamos o treino em Outubro de 2012, de um pequeno grupo de 20 aspirantes a oficial, que terão
um curso de um ano e no final os melhores serão enviados para academias militares brasileiras", disse o embaixador.

Numa fase posterior o Centro (que comporta também uma missão técnica e uma espécie de "hotel de trânsito", onde ficarão alojados
os instrutores) deverá formar por ano até 40 oficiais.

Este projeto, em conjunto com outro de formação de forças de segurança, que começa já no próximo mês, faz parte de um total de cerca de 25 projectos que o Brasil tem na Guiné-Bissau, onde nos últimos três anos investiu mais de 10 milhões de dólares (7,3 milhões de euros).

"A cooperação com a Guiné sempre foi prioritária", disse o embaixador à Lusa, lembrando que depois de Moçambique é a Guiné-Bissau, em conjunto com Cabo Verde, onde a cooperação é mais intensa em África, na Guiné desde a independência mas de forma mais aprofundada após 2007.

Há dois anos, exemplificou, foi inaugurado um Centro de Formação Profissional, que forma anualmente 600 pessoas, de eletricistas a bombeiros ou marceneiros.

E no bairro de S. Paulo está já em construção uma escola, um projecto do Brasil e da UNESCO, que em conjunto com uma ONG (Gol de Letra, criada em 1998 pelos ex-futebolistas Raí e Leonardo) vai estar aberta todos os dias para 240 crianças (da primeira à sexta classe).

É um projecto de 1,3 milhões de dólares, inserido num bairro muito pobre, com iniciativas extracurriculares e gerido pela comunidade
nos fins de semana.

No Centro Cultural do Brasil, na parte mais nobre da capital, há também cursos gratuitos de 18 meses para 800 alunos, e a cooperação brasileira está igualmente pronta a ajudar na reconstrução da Universidade Amílcar Cabral.

Disse Jorge Kadri que também na área da saúde há diversos pequenos projectos, com o Brasil a apoiar o plano de registo de
nascimento, estando em Outubro uma missão brasileira no terreno para ajudar o governo de Bissau.

E o embaixador cita ainda outro projecto, do qual se sente, confessa, muito orgulhoso. Está a ser desenvolvido em conjunto com a Índia e a África do Sul  e consiste em criar melhores condições junto de famílias pobres das "tabancas" (bairros). Está já em 20 locais e passou de 500 mil dólares no início para os atuais dois milhões (1,4 milhões de euros).

E sem falar dos Telecentros, três locais com internet gratuita espalhados pela cidade, do treino de enfermeiros, da formação de
profissionais na área da agricultura, do apoio no combate à Sida, das centenas de estudantes guineenses que estudam atualmente no
Brasil.

Pelo passado comum (mesmo colonizador), pela língua em comum, o Brasil sempre teve "um olhar bastante carinhoso e afetuoso para com a Guiné-Bissau". Palavra de embaixador.

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