domingo, 8 de maio de 2011

Instituto fecha porque funcionária recorreu ao irã (divindade da mitologia africana) para cobrar salários

O Instituto Nacional de Investigação e Tecnologia Aplicada (INITA) da Guiné-Bissau está fechado desde quarta-feira porque uma funcionária da limpeza recorreu ao irã (divindade da mitologia africana) para exigir dois anos e sete meses de salários em atraso.

Depois de vários pedidos para que lhe fosse pago o salário e sem possibilidades financeiras para recorrer aos tribunais, a funcionária contratada do INITA, decidiu recorrer ao irã para cobrar aquilo a que tem direito, conta a Lusa.

«Falei com vários ministros e vários diretores-gerais, mas ninguém quis resolver o meu problema. Como não posso, e sei que se for à justiça ainda levo mais tempo e se calhar ainda acabo presa, decidi pedir ajuda ao irã da minha aldeia», explicou Nene Cá aos jornalistas.

O resultado, para já, é que, desde quarta-feira que a sede do INITA, em Bissau, está fechada, porque Nene Cá instalou o irã à porta da instituição e os funcionários não se atrevem a entrar com medo que a divindade lhes possa causar algum mal na vida.

«Eu não me responsabilizo por aquilo que possa acontecer. Se me pagarem vou lá e tiro o irã, sem problema, caso contrário nem eu mesma posso tirá-lo de lá», sublinhou Nene Cá, que, na quinta-feira, foi levada à sede da Polícia Judiciária, que a tentou demover dos seus intentos.

«Levaram-me à sede da polícia, mas disse-lhes que não posso tirar o irã da porta porque prometi que só sairia de lá caso eu recebesse o meu dinheiro, porque vou ter que dar ao irã um porco e aguardente», esclareceu.

A funcionária faz as contas e diz que na totalidade tem a receber cerca de 700 mil francos CFA (cerca de 1067 euros), pelos dois anos e sete meses que trabalhou no INITA sem receber nada.

«Trabalhei como servente (empregada de limpeza), que é um trabalho perigoso. Limpei as casas de banho, as mesas, o chão durante mais de dois anos e agora não me querem pagar. Estou doente e preciso tratar-me, mas ninguém me paga», desabafa Nene Cá.

Contactada pela Lusa, uma fonte do Ministério da Função Pública disse que o caso de Nene Cá deve ser enquadrado como sendo o de uma funcionária menor, contratada, que deve ser paga pelo serviço contratado. O INITA é uma instituição afecta ao Ministério do Comércio, Indústria e Artesanato.

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