Augusto Mário Có é um herói popular da rebelião de 1998 contra Nino Vieira e chefiou a batalha de Bissau
O Governo da Guiné-Bissau deverá propor ao Presidente da República, Malan Bacai Sanhá, a nomeação do coronel Augusto Mário Có para chefe do Estado-Maior do Exército, noticiou a Lusa. Augusto Mário, popularmente conhecido por "Capacete de Ferro", foi uma das figuras mais importantes da rebelião de 1998, tendo na altura chefiado a batalha de Bissau.
O conflito de 1998 e 1999 está na origem de muitas das perturbações político-militares da Guiné- -Bissau na última década. Os rebeldes, apoiados por veteranos da Guerra Colonial, derrubaram na altura o presidente Nino Vieira, forçado ao exílio, e derrotaram uma substancial força militar do Senegal e da Guiné-Conacri que tentava proteger Nino.
"Capacete de Ferro", então tenente-coronel, treinado na União Soviética, era o comandante operacional das forças da Junta Militar e comandava, entre outros, o agora contra-almirante Bubo Na Tchuto. Este, no início do mês, foi nomeado chefe do Estado-Maior da Armada da Guiné-Bissau. Em 1998, Bubo e Augusto Mário eram os oficiais mais carismáticos, entre os operacionais, e dependiam do brigadeiro Ansumane Mané, que sairia vencedor do conflito.
Em 1999, os militares da Junta ganharam o controlo do país, mas competiram pelo poder com políticos eleitos, criando alta instabilidade. A primeira grande perturbação ocorreu em Novembro de 2000 e provocou a morte de Ansumane, na sequência de um alegado golpe do brigadeiro, que contestara nomeações militares do recém-eleito presidente Kumba Ialá. Este viria a ser destituído em Setembro de 2003, num golpe liderado pelo novo chefe do Estado-Maior Veríssimo Seabra, por sua vez morto num atentado em Outubro de 2004. Em Janeiro de 2007, o país foi de novo abalado pelo assassínio de Lamine Sanhá, um dos militares mais destacados da Junta Militar e que fora afastado após a queda de Ansumane. Os muçulmanos tinham sido derrotados e o conflito passou a ser entre o novo chefe militar, Tagme Na Waie, e o presidente eleito Nino Vieira (que regressara, após o exílio em Portugal). Os dois morreram com horas de diferença, em Março de 2009.
Em Abril deste ano, descontentes com a chefia militar, oficiais veteranos prenderam o chefe do Estado-Maior, Zamora Induta. Durante o golpe, foi detido durante algumas horas o primeiro-ministro eleito, Carlos Gomes Júnior. Pressionado pela comunidade internacional, o novo chefe militar, António Indjai, aceitou respeitar o processo legal de nomeações, com proposta do Governo de Carlos Gomes e escolha do Presidente Malan Bacai.
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