Lisboa -- O conselheiro do secretário geral da ONU para África afirmou-se favorável a que sejam as organizações regionais africanas a assumir uma eventual força de estabilização na Guiné-Bissau, cabendo às Nações Unidas "legitimar e definir o mandato" dessa missão.
"A minha preferência é que sejam as organizações regionais [...] A ONU pode e deve contribuir dando legitimidade e legalidade à missão e determinando o seu mandato, mas esta tem de ser desenvolvida pelas forças regionais", afirmou Cheikh Sidi Diarra, conselheiro para África do secretário geral da ONU, Ban Ki-moon.
Em entrevista à agência Lusa à margem de uma reunião internacional que este fim de semana junta, em Lisboa, representantes dos 49 países classificados pela ONU como menos avançados, Diarra defendeu que na África Ocidental existem organizações "muito bem organizadas" e capacitadas para assumir essa responsabilidade.
Já quanto ao "financiamento" dessa eventual missão "terá de partir da comunidade internacional", porque um dos "maiores problemas" dos países africanos é que estes "não dispõem dos recursos necessários" para tal, defendeu Diarra que é também Alto representante da ONU para os Países Menos Avançados.
Este responsável lembrou, porém, que a missão é algo que "atualmente apenas diz respeito às autoridades guineenses", destacando a "importância do plano" estratégico que está a ser desenvolvido pela Comissão de Construção de Paz para apoiar o país nos esforços de consolidação da paz.
"Mas se as autoridades de Bissau acharem que esse plano não é suficiente, porque não estabelecer essa missão? Seria uma maneira de a comunidade internacional mostrar à Guiné-Bissau que se preocupa com o futuro do país", sustentou o conselheiro de Ban Ki-moon.
"A minha opinião é que o país tem estado em agitação há muito tempo: é um dos estados mais frágeis no continente africano", acrescentou.
No caso de se optar por uma força de estabilização internacional, defendeu Cheikh Sidi Diarra, esta deverá "ter um mandato muito específico", designadamente conhecer "exactamente as suas atribuições e ter absoluta certeza sobre a duração desse mandato".
Apesar de frisar que "nada deve ser feito contra a vontade" de Bissau, o responsável da ONU lembrou que a responsabilidade de resolver o problema guineense "é do interesse de todos", garantindo que existe vontade da comunidade internacional em ajudar.
Mas essa ajuda tem de chegar agora: "Se União Europeia, a ONU ou outros países quiserem ajudar, este é a altura certa para o fazerem", frisou.
"É um país que precisa da ajuda internacional, não apenas para o bem da Guiné-Bissau e da sua população, mas também para garantir a estabilidade da região da África Ocidental", afirmou Diarra, lembrando que também a Europa "enfrenta maiores problemas" devido à "imigração ilegal e ao tráfico de drogas" oriundas da região.
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