Bissau, (ANG) – As unidades hoteleiras da capital Bissau estão a dispensar funcionários devido a falta de meios financeiros para suportar seus salários e outras despesas inerentes, em decorrência da ausência de clientes, sobretudo neste período chuvoso.
A informação foi recolhida hoje durante uma ronda efectuada pelo repórter da Agência de Notícias da Guiné-ANG a alguns destes hotéis para constatar o seu funcionamento. Por exemplo, o hotel Malaika, segundo o seu Director, possui apenas 4 clientes neste momento, restando 38 quartos vagos.
“Com esta situação, a margem de lucro não consegue cobrir sequer 15 por cento das despesas com combustível, água e outras necessidades”, lamentou Mário Fernandes, que esclareceu que por mês são precisos 20 mil litros de gasóleo. Por este motivo, disse, já seleccionou uns vinte funcionários que deverão ser mandados embora, como forma de equilibrar as despesas à capacidade financeira do hotel.
Fernandes respondeu que o hotel continua, por enquanto, aberto, porque possui compromissos com os clientes, mas que nada justiça o funcionamento daquela unidade hoteleira”.
“No entanto, mesmo que tenhamos um só cliente, a direcção do hotel providenciará para que este tenha um atendimento à altura”, disse descartando o cliente da situação por que passa a administração do hotel. Mário Fernandes apontou o golpe de Estado de dia 12 de Abril como a causa da vacuidade que se verifica no Malaika neste momento, uma vez que, frisou, antes deste acontecimento tinha muitos clientes.
“Após o referido acontecimento, todos os clientes do Hotel foram-se embora e os que haviam marcado reservas cancelaram nas”, disse acrescentando que de lá para cá a situação deteriorou-se até chegar ao actual “estado dramático”. Mário Fernandes informou que antes o Hotel Malaika recolhia um volume de 75 por cento de clientes e, em muitas ocasiões, chegava a encaminhar alguns deles a outras unidades que operam na capital.
“Mas, como se diz, precisamos tirar ilações e lembrar que os turistas não frequentam lugares instáveis”.
Fernandes estimou que os danos colaterais da situação actual do Malaika far-se-ão sentir em muitas franjas da sociedade, nomeadamente na das mulheres vendedeiras de peixe e de legumes.
“A crise nos hotéis está a afectar até a rapaziadas que limpa calçados nas ruas porque os turistas igualmente recorrem aos seus serviços, para além de artesões entre outros. “Quando um país tem um turismo de qualidade, todas as pessoas ganham algo”, ajuntou Mário Fernandes.
No seu entender a saída para a crise passa por aplicação de uma diplomacia agressiva por parte do Governo de Transição no sentido de persuadir os parceiros que actualmente estão de costas voltadas com o país para mudarem de atitude, pois ao fim ao cabo, o povo é que paga as “facturas”.
Por seu lado, César Luís Albino da Costa, Director do Hotel Coimbra, alinhou na mesma diapasão, tendo salientado que este empreendimento, a semelhança do Malaika, enfrenta “um mau período ” devido a falta de clientes .
“Todos nós sabemos da crise que abala o país desde o golpe de Estado de 12 de Abril e que fez com que o hotel perdesse quase a totalidade dos seus clientes”, lastimou César Luís Costa que recorda, com nostalgia, os tempos áureos em que espaço do hotel chegava a ser ocupado a 85 por cento.
Com a crise, explicou o Director, as despesas actuais do Coimbra são superiores as suas receitas, pois a ocupação dos quartos não ultrapassam agora os 15 por cento.
“Despesas com água e aquisição de combustível para o gerador que funciona ininterruptamente, além, claro, dos salários dos funcionários. Isso não dá”, desabafou.
“Neste momento decidimos mandar 50 por cento de funcionários para casa até quando a situação voltar a normalidade”, informou lamentando a situação, mas mostrando que não lhes restava outra alternativa. César Costa exortou sobre a necessidade de todos lutarem por uma paz duradoira na Guiné-Bissau e que o bom senso prevaleça sempre.
ANG/AC/JAM
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