Nações Unidas, Nova Iorque, (Lusa) - O presidente interino deposto da Guiné-Bissau, Raimundo Pereira, foi hoje impedido de falar no debate anual da Assembleia-Geral da ONU na sequência de uma queixa interposta pela comunidade regional (CEDEAO), disse à agência Lusa o embaixador guineense.
Segundo João Soares da Gama, que acompanha a delegação do governo deposto de Carlos Gomes Júnior, o recurso está a ser apreciado pelo comité de credenciais da Assembleia-Geral, que deverá fazer uma recomendação ao presidente o plenário, o sérvio Vuk Jeremic, sobre se Pereira pode ou não intervir no debate anual.
Jeremic terá depois de submeter a decisão a votação pela Assembleia-Geral, adiantou o diplomata.
A decisão deverá ser conhecida hoje ou no sábado, pelo que "ainda é possível" que o presidente interino deposto possa vir a falar na Organização das Nações Unidas.
"Houve uma interposição de recurso da CEDEAO [Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental] e fizeram suspender a intervenção da Guiné-Bissau", afirmou Soares da Gama, que se encontra no plenário da ONU, acompanhado de Pereira e Gomes Júnior.
As abordagens da CEDEAO incluíram uma carta a Jeremic para que a Guiné-Bissau fosse representada pelo presidente de transição saído do golpe de Estado militar de abril, Serifo Nhamadjo, que se encontra em Nova Iorque desde terça-feira.
"A pretensão é de tentar no máximo impedir que o presidente Raimundo Pereira faça a sua intervenção", adiantou o diplomata guineense.
Contactados pela Lusa, Carlos Gomes Júnior e Raimundo Pereira não quiseram prestar declarações.
A CEDEAO fez circular um documento numa reunião com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) defendendo que uma intervenção das autoridades depostas da Guiné-Bissau na Assembleia-Geral da ONU ia "aumentar as tensões" no país.
Além do representante da CEDEAO, alguns países-membros da comunidade enviaram delegados para o encontro, o que motivou um protesto do ministro dos Negócios Estrangeiros de Moçambique, Oldemiro Baloi, que representou a CPLP.
O primeiro-ministro deposto da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior, e o presidente interino deposto, Raimundo Pereira, afirmaram que vão ser recebidos no sábado pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
Contactado pela Lusa, o gabinete de Ban Ki-moon não confirmou a informação avançada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros do governo deposto, Djaló Pires.
O presidente guineense de transição, Serifo Nhamadjo, chegou na terça-feira a Nova Iorque e teve uma delegação na cidade durante toda a semana a tentar obter credenciais para o debate da 67.ª Assembleia-Geral da ONU.
Junto do comité de credenciais da Assembleia-Geral, a delegação tentou também que fosse Nhamadjo a intervir no debate anual, o que corresponderia a uma legitimação 'de facto' das autoridades resultantes do golpe de Estado, mas os pedidos apresentados não surtiram efeito, apesar do apoio dos Estados Unidos e do bloco da CEDEAO.
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Lusa.
Representante da Guiné-Bissau impedido de falar na Assembleia Geral da ONU
Nenhum representante da Guiné-Bissau falou na Assembleia Geral das Nações Unidas. O presidente de transição e o presidente deposto estavam em Nova Iorque para discursar em nome do país. No entanto, quando chegou o momento, isso acabou por não acontecer.
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