A situação sociopolítica na Guiné-Bissau foi um dos temas em destaque nas conversações de António Patriota com o ministro cabo-verdiano das Relações Exteriores.
Praia - O ministro das Relações Exteriores do Brasil, António Patriota, fez sexta-feira uma breve visita a Cabo Verde para manter conversações com o seu homólogo cabo-verdiano, Jorge Borges, sobre a cooperação bilateral e trocar impressões sobre as grandes questões regionais e internacionais da atualidade.
A deslocação do chefe da diplomacia brasileira a Cabo Verde inscreve-se também no âmbito da concertação político-diplomática que o governo do Brasil está a levar a cabo com países amigos tendo em vista a próxima Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), a ter lugar este mês, em Nova York.
O ministro das Relações Exteriores do Brasil chegou à Cidade da Praia proveniente do Senegal, onde também manteve encontros com os governantes deste país.
A situação sociopolítica na Guiné-Bissau foi um dos temas em destaque nas conversações de António Patriota com o ministro cabo-verdiano das Relações Exteriores.
A este propósito, o chefe da diplomacia brasileira revelou aos jornalista que ele tem estado a conversar com homólogos de vários países no sentido de juntos encontrarem estratégias capazes de produzir resultados concretos em termos de estabilização e que possam garantir a democracia e as condições de desenvolvimento naquele país lusófono.
Para o efeito, António Patriota propõe a realização de "um diálogo construtivo e uma coordenação que esperamos ser a mais eficaz possível entre a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)".
O chefe da diplomacia brasileira considera que Cabo Verde, "um país que tem participação nesses dois mecanismos", tem um papel importante a desempenhar no diálogo que deve existir entre a CEDEAO e a CPLP para a resolução da crise sociopolítica que se instalou na Guiné-Bissau, após o golpe de Estado de 12 de abril passado.
O ministro brasileiro das Relações Exteriores disse que o Brasil gostaria também de trabalhar em Nova York "sob o guarda-chuva das Nações Unidas, porque afinal o Conselho de Segurança se pronunciou sobre a situação na Guiné-Bissau, adotou uma resolução e encomendou a coordenação entre diferentes mecanismos, envolvendo também a União Africana".
Também o ministro das Relações Exteriores de Cabo Verde, Jorge Borges, acredita que a Assembleia Geral da ONU poderá ser um momento oportuno para, mais uma vez e de uma forma coordenada, tentar encontrar uma solução para aquele país da CPLP.
"A nossa preocupação é que essa situação de impasse não pode continuar, não pode prevalecer, atendendo que os impactos sobre a vida e o desenvolvimento do país são bastante fortes e negativos, pelo que nós pensamos que, de facto, vamos todos continuar a trabalhar para melhorar essa situação", sublinhou.
A reativação dos mecanismos da Zona de Paz e Cooperação no Atlântico Sul (ZOPACAS) foi igualmente tema da conversa entre António Patriota e Jorge Borges.
O chefe da diplomacia brasileira disse à imprensa que está prevista para setembro corrente, no Uruguai, uma reunião entre os representantes dos países ribeirinhos sul-americanos e africanos, tendo em vista a reativação desse mecanismo de preservação da paz e cooperação no Atlântico Sul.
"A ZOPACAS foi uma ideia surgida nos anos 90, mas há muito tempo que não reunimos todos os países ribeirinhos. O Uruguai assumiu essa responsabilidade de organizar uma reunião, que poderá ser em setembro, e esperamos que haja uma boa participação do lado africano, e do lado sul-americano", disse o ministro brasileiro.
Segundo António Patriota, a América do Sul e África são zonas livres de armas de destruição em massa, e a intenção é que haja uma cooperação efetiva no sentido de preservar o Atlântico Sul da violência dos conflitos, do narcotráfico e da instabilidade.
"Para que isso aconteça é muito importante que os governos, as autoridades tanto diplomáticas como militares, intercambiem os seus pontos de vistas, identifiquem desafios a serem superados, e uma próxima reunião com a participação de representantes de países sul-americanos e africanos ajudará a reativar esses mecanismos em benefício de todos os ribeirinhos", sublinhou.
A Declaração da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (ZOPACAS) foi proposta oficialmente na Assembleia Geral das Nações Unidas em 1986 por iniciativa do Brasil em conjunto com os demais países sul-atlânticos, estabelecendo princípios básicos de paz e segurança coletiva nessa região atlântica.
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