Nações Unidas - O presidente Ilegítimo de transição da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo, chegou quarta-feira a Nova Iorque para participar no debate anual da Assembleia-geral da ONU, mas sem certeza de poder intervir no plenário de líderes mundiais.
Segundo fonte da representação diplomática do governo de transição em Nova Iorque, o comité de credenciais da ONU deverá anunciar ao longo do dia de hoje qual das delegações, a de Nhamadjo ou a do Primeiro-ministro deposto Carlos Gomes Júnior, será o representante legítimo da Guiné-Bissau, a intervir na Assembleia Geral na tarde de quinta-feira.
Caso a decisão seja desfavorável, será apresentado recurso ao presidente da Assembleia Geral, adiantou a mesma fonte.
O governo ilegítimo de transição, saído do golpe de Estado de 12 de Abril, conta com o apoio da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e dos Estados Unidos.
Uma intervenção na Assembleia-geral corresponderia na prática a um reconhecimento internacional do executivo saído do golpe.
Fonte diplomática disse à Lusa que o secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) enviou uma carta ao secretário-geral da ONU defendendo a legitimidade do Primeiro-ministro deposto.
Gomes Júnior chegou na segunda-feira a Nova Iorque, juntamente com o presidente interino Raimundo Pereira, disse à Lusa o ministro dos Negócios Estrangeiros, Djaló Pires.
Em reunião de concertação dos chefes de diplomacia da CPLP, na segunda-feira em Nova Iorque, foi decidido que os países se mobilizem para impedir que o governo saído do golpe de Estado profira a intervenção.
Responsáveis da CPLP e da CEDEAO reuniram-se na terça-feira em Nova Iorque, numa primeira tentativa para lançar um plano de acção conjunto para a Guiné-Bissau.
Segue-se uma reunião com das lideranças da CPLP e CEDEAO, a ter lugar nos próximos dias, para identificar "pontos de estrangulamento e pontos de convergência com vista a que se encontre uma solução rápida para Guiné-Bissau", disse à Lusa o secretário executivo da CPLP, Murade Murargy.
"Para a CPLP, é fundamental que haja uma força internacional, não só da CEDEAO, que tem de haver eleições livres e supervisionadas internacionalmente e que haja um compromisso do roteiro sobre reforma das Forças Armadas e Segurança", disse Murargy.
Sobre a retomada das eleições interrompidas pelo golpe de Estado de Abril, uma exigência que a CPLP tem apresentado, recusando-se a reconhecer o governo saído do golpe, Murargy afirmou que "é um caso a repensar".
O plano de acção será submetido ao longo desta semana aos ministros dos países membros da CPLP e CEDEAO.
A situação na Guiné-Bissau será abordada também numa reunião da Comissão de Consolidação para a Paz, a ter lugar na quinta-feira.
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