O Partido Socialista português considera uma «decisão errada» a designação pela CEDEAO de Manuel Serifo Nhamadjo como Presidente de transição da Guiné-Bissau, porque «viola a ordem jurídica internacional».
Em comunicado a que a Lusa teve acesso, o PS diz também que a decisão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) «contraria o consenso internacional plasmado nas posições e resoluções» das Nações Unidas, da União Europeia, da União Africana e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Os socialistas portugueses defendem «a necessidade de reposição imediata e incondicional da legalidade e da ordem constitucional na Guiné-Bissau», na sequência do golpe de Estado de 12 de abril, que derrubou o Presidente interino e o Governo do país, liderado por Carlos Gomes Júnior.
O PS, através do seu secretário nacional para as Relações Internacionais, João Ribeiro, já transmitiu ao embaixador da Costa do Marfim para Portugal (acreditado em Paris), país que preside à CEDEAO, «preocupação» relativamente a esta decisão da organização, que qualifica como «errada».
Foi também transmitida ao secretário executivo da CPLP e ao Governo português a posição do PS «no sentido de serem rapidamente efetivadas todas as decisões constantes da resolução da CPLP do passado dia 14 de abril e, em particular, a aplicação imediata das sanções individualizadas» contra os autores do golpe de Estado na Guiné-Bissau.
O Partido Socialista solicitou também, junto do Partido Socialista Europeu (PSE), uma alteração à ordem de trabalhos da reunião do PSE que terá lugar na próxima semana em Bruxelas, no sentido de ser analisada a situação na Guiné-Bissau.
Serifo Nhamadjo foi designado Presidente de transição da Guiné-Bissau numa reunião realizada na quinta-feira com a CEDEAO e está a ouvir os partidos para a escolha de um novo primeiro-ministro.
«Fazer a audição de 35 partidos não é fácil», disse esta sexta-feira numa cerimónia em Bissau, que serviu para se despedir da delegação da CEDEAO presente no país durante dois dias, chefiada pelos ministros dos Negócios Estrangeiros da Nigéria, Nurudeen Muhammad, e que integrou também o ministro da Defesa da Costa do Marfim, Paul Koffi Koffi.
Serifo Nhamadjo agradeceu os esforços da CEDEAO «na resolução desta primeira etapa do conflito» no país e falou «de outras forças que a todo o custo querem ver a Guiné-Bissau incendiada para resolver os problemas», enquanto aquela organização regional preferiu o diálogo.
Depois disse que o país precisa de se «reencontrar para resolver os seus problemas», bem como «a família política», frisando que é membro do bureau político do PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde), no qual agora há duas fações, «um PAIGC de Amílcar Cabral e um PAIGC de Carlos Gomes Júnior».
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