Raúl M. Braga Pires, em Bissau (www.expresso.pt)
A interpretação dos acontecimentos do passado 12 de abril de 2012 depende da perspectiva de cada um, já que o que para uns foi um golpe, para outros, foi um contra-golpe. O mesmo se pode dizer dos acontecimentos da madrugada do passado domingo 21 de outubro, onde para uns o que se passou foi apenas uma inventona para se reforçarem poderes militares e blindar de alguma forma o frágil Executivo Provisório, para outros tratou-se de uma tentativa séria de desestabilização com contornos de conspiração à escala internacional.
Reformar as Forças Armadas
Quando abordei o Presidente Interino Manuel Serifo Nhamajo, sobre a reforma das Forças Armadas (FA), ele fez-me descer à terra, concordando com a premência da mesma, mas referindo que esta deverá começar a ser feita pelo básico, como a instalação d'água potável nos quartéis, a instalação de camas nas casernas, para além da reabilitação destas. De facto, deixemo-nos de grandes filmes, enquanto isto não for feito! Para o primeiro-ministro interino, Rui Duarte Barros, a reforma da administração pública deverá ser prioritária, face à das FA. É preciso aligeirar todo o processo burocrático para que se combata de forma eficaz os esquemas da economia paralela e obrigue o cidadão a pagar impostos e o Estado a recolhê-los de forma muito mais eficaz. É alias desta forma que se está a colmatar uma herança do Executivo anterior, os ordenados em atraso. São apenas oito meses para diplomatas e administrativos das Embaixadas e cinco para professores, médicos e enfermeiros.
Cortes prejudiciais
Esta pressão é ainda maior, quando o não reconhecimento por parte das instâncias internacionais, obriga ao corte dos financiamentos desde há quase sete meses. Segundo Daniel Gomes, o actual ministro dos Recursos Naturais e de Energia, o qual está a começar a introduzir a energia fotovoltaica no país, afirma que estes cortes, os quais incluem a retirada de viaturas, vêm colocar em causa a viabilidade de projectos locais cujas populações estão a ser as principais prejudicadas ao serem, por exemplo, privadas da distribuição de água potável.Ainda na esteira dos recursos naturais, este Executivo, por provisório que seja, tenta fazer o óbvio. Renegociar os contratos d'exploração da bauchite e dos fosfatos, dos quais para o Estado apenas revertiam 10% e 2%, respectivamente. É tudo uma questão de perspectiva e de números.
Fonte: Expresso
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