"Perguntamos se a independência de Cabo Verde é verdade e de que país é que veio. Terá vindo de Portugal?", questionou Fernando Vaz, em declarações à imprensa, em Bissau, a propósito de declarações dos dirigentes cabo-verdianos a propósito dos últimos acontecimentos naquele país.
Praia - O primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, disse, sexta-feira (26), que a declarações do porta-voz do Governo de transição da Guiné-Bissau, insurgindo-se contra os comentários das autoridades cabo-verdianas a respeito da situação naquele país, "não merecem qualquer comentário do Governo de Cabo Verde".
O porta-voz do Governo de transição bissau-guineense, Fernando Vaz, considerou "vergonhosas" as declarações do primeiro-ministro e do Presidente de Cabo Verde, José Carlos Fonseca, sobre a Guiné-Bissau e pediu que acabem as "faltas de respeito".
"Perguntamos se a independência de Cabo Verde é verdade e de que país é que veio. Terá vindo de Portugal?", questionou Fernando Vaz, em declarações à imprensa, em Bissau, a propósito de declarações dos dirigentes cabo-verdianos a propósito dos últimos acontecimentos naquele país.
Abordado pelos jornalistas depois de participar num ato oficial na capital cabo-verdiana, José Maria Neves escusou-se a tecer qualquer comentário sobre essas declarações, preferindo sublinhar que "o Estado de Cabo Verde é uma pessoa de bem, as instituições da República são legítimas" e que o arquipélago "é um Estado de Direito Democrático e tem uma grande confiança e prestígio no plano internacional".
O chefe do Executivo cabo-verdiano acrescentou que Cabo Verde quer que a Guiné-Bissau encontre a paz, que a comunidade internacional preste atenção a esse "país irmão" porque ele "está a transformar-se num narco-Estado, onde não há respeito pelos direitos humanos, onde as instituições da República não funcionam e não há a submissão do poder militar aos poderes civis legitimamente constituídos".
Ele aproveitou ainda para realçar que Cabo Verde está, sobretudo, interessado em trabalhar para que se possa combater, com vigor, os tráficos, o desrespeito pelos direitos humanos e qualquer desvio em relação aos princípios dum Estado de Direito Democrático.
José Maria Neves instou a União Africana a ver com um "olhar atento" a situação da Guiné-Bissau, buscando consensos necessário com as Nações Unidas, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para o lançamento das bases visando a consolidação da democracia e o desenvolvimento daquele país oeste-africano.
Na sequência da tentativa de assalto a um quartel em Bissau, no passado domingo, na qual as autoridades de transição bissau-guineenses implicam Portugal e a CPLP, o primeiro-ministro de Cabo Verde alegou que, de Bissau, "nem sempre as declarações políticas correspondem à realidade".
"Não devemos precipitar-nos em relação aos acontecimentos, nem às declarações que têm sido feitas e que nem sempre correspondem à realidade dos factos. São declarações que Cabo Verde não comenta", dissera José Maria Neves.
A propósito da situação em Bissau, o Presidente cabo-verdiano, José Carlos Fonseca, disse também que sem uma intervenção "firme, determinada e interessada" das Nações Unidas, a crise vigente na Guiné-Bissau "corre o risco de não ter solução".
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