Gomes Júnior diz que nunca se identificou com a violência (PHIL MOORE/AFP)
O Governo da Guiné-Bissau liderado por Gomes Júnior, afastado por militares em Abril, pediu às Nações Unidas que criem uma comissão internacional de inquérito ao ataque, no domingo, a uma base militar dos arredores da capital.
Num comunicado divulgado esta quarta-feira, o gabinete de Gomes Júnior, exilado em Portugal, insiste no pedido ao Conselho de Segurança para a criação de um tribunal penal para a Guiné-Bissau e envio de uma força internacional para “estancar os desmandos e evitar mais atrocidades”. O executivo de Gomes Júnior declara que “nunca se identificou com a violência e a força como meios de resolução de qualquer diferendo”.
No domingo, o ataque a uma base perto de Bissau, alegadamente comandado por um capitão que terá estado nos últimos anos em Portugal, provocou a morte de seis ou sete pessoas. No dia seguinte, militares perseguiram, detiveram e espancaram oposicionistas.
O executivo instaurado após o golpe acusa Júnior de instigar o ataque, que apresentou como tentativa de contragolpe. A acção, diz, teria o apoio de Portugal e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.
Numa entrevista à Lusa, Fernando Vaz, ministro das autoridades instituídas pelos militares, repetiu que há “indícios” de que Portugal estaria envolvido. O Ministério dos Negócios Estrangeiros português recusou, no início da semana, comentar. Bissau exigiu também há dias a Portugal “a extradição urgente” de Júnior, para ser ouvido na investigação à morte de Hélder Proença, ministro assassinado em 2009, noticiou a agência.
Para o governo eleito, o que aconteceu nos últimos dias foi um “acto de clara demonstração do estado de desespero e desnorte em que se encontram os usurpadores do poder legítimo”, que teriam procurado “desviar as atenções” dos problemas do país e “atirar as culpas sobre terceiros”. Observadores têm igualmente defendido ao PÚBLICO a ideia de que se tratou de uma “encenação” do poder golpista.
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