Em vez de um único edifício, conjunto de pequenos módulos criados pelos arquitetos Bruno Giugliani, Cintia Gusson Etges e Karen Bammann deu dinamismo ao espaço e garantiu conforto bioclimático
Kelly Carvalho
Os arquitetos Bruno Giugliani, Cintia Gusson Etges e Karen Bammann, de Porto Alegre, venceram o concurso de arquitetura Uma Escola Para Guiné-Bissau, realizado pelo IAB-DF (Instituto de Arquitetos do Brasil, departamento Distrito Federal).
As salas de aula se valem de ventilação cruzada para manter o contorno interno. Possuem uma pequena arquibancada em forma de círculo, escavada no solo, possibilitando uma série de usos distintos
O concurso tinha como objetivo escolher o melhor estudo preliminar de arquitetura para uma escola de aproximadamente 350 m². Os autores do projeto optaram por um conjunto de peças ao invés de um único edifício, que "abraçam" uma praça central, permitindo um maior dinamismo dos espaços, além de melhor movimentação de ar entre as edificações.
Os arquitetos também privilegiaram métodos construtivos difundidos na comunidade e capazes de garantir uma boa e correta execução da obra. Materiais como adobe e palha tiveram preferência, não só pelo custo, mas também por apresentarem mínimo impacto ao ambiente e serem aptos à construção por mutirão. Uma plataforma de concreto armado ergue os edifícios do solo sobre fundações de superadobe. Sobre ela serão assentadas diretamente as alvenarias de adobe, que conformarão livremente os espaços sob uma cobertura independente. Telhas metálicas serão apoiadas na estrutura de madeira do telhado, para refletir os raios solares e, não sendo compostas de materiais de grande inércia térmica, devem garantir boa ventilação, impedindo que o calor se mantenha no interior.
Segundo a ata do julgamento do concurso, o projeto "reúne as qualidades pedidas no Edital ao sugerir um partido singelo e expressivo, que propõe uma leitura criativa e contemporânea da arquitetura e dos materiais locais. Boa estratégia de implantação, tanto do ponto de vista do conforto bioclimático como da organização do programa".
O empreendimento será construído em regime de mutirão na comunidade de São Paulo, em Bissau, Guiné-Bissau. O vencedor, além de receber R$ 3 mil, será contratado pelo IAB/DF para desenvolver o projeto executivo e os complementares, que deverão ser concluídos até o final de janeiro de 2011. A Agência Brasileira de Cooperação, do Ministério das Relações Exteriores, é responsável pelo projeto de cooperação que viabilizará a obtenção dos recursos para a construção e o funcionamento da escola.
Ao todo, 83 projetos foram inscritos no concurso. Participaram da comissão julgadora os arquitetos brasileiros Alvaro Puntoni, Francisco de Paiva Fanucci, Jaime Gonçalves Almeida, Marcelo Morettin e Sylvio de Podestá, o colombiano Daniel Bonilla e o paraguaio Solano Benitez. O concurso foi coordenado pelos arquitetos Fabiano Sobreira e Thiago Andrade.
Sem comentários:
Enviar um comentário