quarta-feira, 3 de novembro de 2010

António Óscar Barbosa pressiona remodelação governamental

Bissau - António Óscar Barbosa, popularmente conhecido por Cancan, tem-se multiplicado em contactos para tornar possível o seu regresso ao Executivo guineense.

Numa altura em que a remodelação governamental parece ser inevitável e a pasta dos Recursos Naturais uma das que irá sofrer mudanças, Cancan procura assegurar o lugar de destaque no quadro dos investimentos angolanos na Guiné-Bissau.


O antigo Ministro dos Recursos Naturais, Óscar Barbosa, tem disputado com o Conselheiro diplomático do Presidente Soares Sambú a posição chave de interlocutor privilegiado das delegações angolanas que procuram investimentos na Guiné-Bissau, como forme de se projectar na cena internacional. Por outro lado, explora a ligação de confiança ao Primeiro-Ministro como forma de se impor no quadro dos nomeáveis, quando tal opção é vista com desconfiança mesmo pelos mais próximos de Cadogo. Em resumo, Cancan explora todos os seus acessos em termos de capital político tendo em vista uma futura reintegração no Executivo de Cadogo.
O Primeiro-Ministro Carlos Gomes Júnior, que tem vindo a protelar a anunciada remodelação governamental, mantém, com alguma razão, uma certa discrição quanto aos nomes a integrar no renovado Executivo. Sem focar a questão da competência há, no entanto, quem aponte o dedo à escolha de familiares seguida pelo Primeiro-Ministro em detrimento de uma aposta em quadros de consenso no PAIGC.


O episódio que culminou com a suspensão da Ministra do Interior Satú Cámara torna a remodelação governamental tanto inevitável como inadiável, sendo certo que este se posiciona como um momento chave para o relançamento das relações entre Presidente e Primeiro-Ministro ou em oposição, para uma ruptura total apenas solucionável pela queda do Governo.


O anterior afastamento de António Óscar Barbosa do cargo de Ministro dos Recursos Naturais imposto por Malam Bacai Sanhá, coloca Carlos Gomes Júnior, caso ceda às pretensões de Cancan, numa posição que será tida pelo Presidente da República, que hoje chegou ao país, como de afronta, contribuindo ainda mais para o clima de instabilidade política actual na Guiné-Bissau.

Rodrigo Nunes

(c) PNN Portuguese News Network

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