segunda-feira, 31 de agosto de 2015

A Guiné-Bissau em Stand-By até que o STJ se pronuncie...

A Guiné-Bissau em Stand-By 

O PAIGC, espera e desespera.

PRS não chegou a nenhuma conclusão. 

Fica tudo adiado, até que o STJ se pronuncie...
sobre o ato do PR, de que já ninguém tem dúvidas, que foi inconstitucional.

A economia do País é que sofre, os pequenos progressos tidos no ultimo ano, já tudo o vento levou!!!!!


Quem tem a culpa é a comunidade internacional, que teima em doar verbas avultadas ao Pais, mas não impõe regras para a sua aplicação, e ás quais todos querem deitar a mão.

sábado, 29 de agosto de 2015

Embaixador guineense na ONU pede que comunidade internacional não abandone o país

João Soares da Gama defende que o país continua a ser monitorado porque "só eleições não chegam".


O Conselho de Segurança das Nações Unidas terminou há momentos uma reunião em que analisou a situação actual na Guiné-Bissau. O representante especial do secretário-geral para a Guiné-Bissau Miguel Trovada apresentou o seu relatório.

À saída da reunião, o representante de Bissau junto das Nações Unidas João Soares da Gama disse à Rádio da ONU que a comunidade internacional deve manter uma forte presença no país para ajudar na resolução da situação actual.

"Deve continuar a pressionar o Presidente da República, o PAIGC, o PRS, junto ao Parlamento e outros intervenientes para ajudar a estancar essa situação", defende Soares da Gama.

Apesar de reconhecer a situação tensa no país, o embaixador guineense apela a comunidade internacional a manter a ajuda prometida na conferência de Bruxelas em Março.

"Uma das razões porque temos esses problemas de instabilidade é precisamente a falta de desenvolvimento, temos de cortar o mal pela raiz, ajudando o país a ultrpassar essa fase de sobressalto, através de um apoio financeiro forte", pediu Soares da Gama.

O representante da Guiné-Bissau junto da ONU foi mais longe e afirmou que "o país deve ser monitorado de perto porque só as eleições não chegam". VOA

ONU tem garantia que tropas guineenses vão ficar afastadas da política

O representante das Nações Unidas na Guiné-Bissau disse hoje ao Conselho de Segurança da ONU que tem garantias do chefe dos militares guineenses de que estes vão ficar afastados da crise política no país.Resultado de imagem para Segundo Miguel Trovoada,

"Os militares sublinharam que estão determinados a ficar totalmente fora da política e seguir uma atitude republicana de submissão à autoridade civil e obediência à Constituição", disse Trovoada, citado pela agência France Presse.

O representante falava numa reunião do Conselho de Segurança em Nova Iorque em que apresentou o relatório semestral da missão do Gabinete Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS).

Segundo Miguel Trovoada, a crise não põe em causa as intenções de apoio de mil milhões de euros anunciadas pela comunidade internacional na mesa redonda de doadores, realizada em março, em Bruxelas.

No entanto, "um cenário de crises repetidas, sem paz, sem estabilidade duradoura, pode pôr em perigo esse apoio".

O embaixador da Guiné-Bissau junto das Nações Unidas, João Soares da Gama, convidou o Conselho de Segurança a "não abandonar o povo" ao mesmo tempo que disse "compreender a frustração" dos parceiros internacionais do país.

"O apoio da comunidade internacional para uma resolução pacífica desta crise é muito importante", referiu.

Soares da Gama valorizou "a calma demonstrada pela população", assim como a "neutralidade manifestada pelos militares".

"Esperamos que mantenham essa atitude de não-interferência", concluiu.

Contra todas as posições dentro e fora do país, o Presidente da República da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, demitiu o Governo a 12 de agosto e designou como primeiro-ministro, no dia 20, Baciro Djá, vice-presidente do PAIGC.

O PAIGC, que venceu as eleições e tem maioria no Parlamento, acusa Vaz de cometer "um golpe palaciano" e sustenta não haver razões para demitir o Executivo.

O STJ anunciou hoje que vai avaliar a constitucionalidade da designação de Baciro Djá, na sequência de uma ação judicial dos ex-diretores da rádio e televisão públicas, substituídos no início da semana pelo novo primeiro-ministro.

Segundo um advogado participante no processo, a decisão deverá ser conhecida no prazo de 15 dias.

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

DSP admite que PAIGC tem soluções que não passem por ele

Antigo primeiro-ministro guineense aponta a única solução para a crise: PR tem de recuar e voltar a convidar o PAIGC a indicar um novo Chefe de Governo.
Domingos Simões Pereira

O antigo primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira, diz que apenas o recuo do Presidente de República pode resolver de forma rápida e eficaz a crise política actual.

Em entrevista à VOA, na segunda-feira, 24, Simões Pereira revelou que o PAIGC tem soluções para ultrapassar esta crise, mas para isso José Mário Vaz terá de "anular o decreto que nomeou o novo primeiro-ministro e pedir ao partido maioritário que indique um novo candidato a chefe de Governo".

No seu entender, embora a posição do Presidente da República "não seja a que se configura com o nosso sistema e totalmente inconstitucional, se o problema é o relacionamento entre o Presidente de Domingos Simões Pereira, o PAICG, ouvido as suas estruturas, tem outras soluções".

Entretanto, o antigo primeiro-ministro lamenta que José Mário Vaz continue a não dar voz ao povo que se tem manifestado contra a sua decisão.

"Espero que não só ouça a pressão internacional, mas também a voz do povo expressa nas urnas", reiterou Simões Pereira que culpa Vaz pela situação actual, "no momento em que todos os indicadores dizem que os níveis alcançados por este Governo são comparáveis aos melhores de sempre da Guiné-Bissau".

O antigo primeiro-ministro continua a acreditar que o Presidente da República irá recuar porque não há outra alternativa, frente à instabilidade criada por ele próprio.

José Mário Vaz pede protecção pessoal ao Senegal : A notícia é avançada pelo portal de notícias do Senegal Seneweb News que cita o jornal Le Témoin.

O Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, terá pedido ao seu homólogo do Senegal o envio de um grupo de intervenção da Polícia Nacional para garantir a sua segurança.
José Mário Vaz

A notícia é avançada sexta-feira, 21, pelo portal de notícias do Senegal Seneweb News que cita o jornal Le Témoin.

Segundo a mesma fonte, o pedido de Vaz a Macky Sall deve-se por ele temer pela vida, depois de ter demitido o Governo de Domingos Simões Pereira e da reacção dos actores políticos e de vários sectores sociais que condenaram a sua decisão.

O pedido do Chefe de Estado guineense foi enviada por via diplomática, mas até agora Macky Sall não reagiu.

O chamado grupo de intervenção da conhecida Gendarmerie nationale (Gign) é especializado na luta contra o terrorismo e o crime organizado,

Actualmente, um contingente de 140 elementos daquela força encontra-se em Bangui, capital da República Centro-Africana, para garantir a protecção de várias entidades do país.

Recorde-se que, antes da sua decisão, o Presidente guineense foi chamado a Dakar por Macky Sall e pelo presidente da Guiné-Conacry Alpha Condé, os quais, em nome da Cedeao, tentaram demover José Mário Vaz da sua ideia de exonerar o primeiro-ministro Domingos Simões Pereira.

Fonte : VOA

Líderes religiosos oferecem-se para mediar crise política na Guiné-Bissau

Imanes, dirigentes católicos e líderes evangélicas encontram-se com o PAIGC

Um grupo de lideres religiosos encontrou-se nesta quinta-feira, 27, com o presidente e outros dirigentes do PAIGC numa tentativa de mediar a crise política actual na Guiné-Bissau.

Imanes, dirigentes da Igreja Católica e líderes das igrejas evangélicas manifestaram a Domingos Simões Pereira a sua disponibilidade para encontrar formas de ultrapassar o diferendo entre o Presidente José Mário Vaz e o PAIGC.

No encontro, soube a VOA, Simões Pereira reiterou a sua disponibilidade de encontrar uma solução através do diálogo, com a única condição de que o Presidente volte a consultar o PAIGC, como partido mais votado nas eleições de 2014, para indicar um novo primeiro-ministro.

O líder do partido de Amílcar Cabral deu a entender, como já tinha dito à VOA em entrevista na segunda-feira, 24, que o PAIGC tem outras soluções que não Domingos Simões Pereira para o cargo.

Os líderes religiosos tentar agora agendar um encontro com o Presidente da República para reiterar a sua oferta de mediação.  

Fonte : VOA


Opinião : A decisão do presidente, fundada na violação de uma suposta "relação de hierarquia e dependência funcional" É INCONSTITUCIONAL

CONSTITUCIONALISTA
PEDRO BACELAR DE VASCONCELOS
As constituições escritas são hoje um fenómeno vulgar e generalizado mas a própria ideia de "escrever" uma Lei Fundamental é tipicamente moderna e relativamente recente

A matriz original do constitucionalismo contemporâneo encontra-se portanto no sistema de governo estabelecido. A Constituição americana perfilhou um sistema "presidencialista" que se mantém até hoje. 


O "parlamentarismo mitigado" que de forma equívoca se denomina vulgarmente por "semipresidencialismo", foi acolhido, em termos muito semelhantes, pelas constituições vigentes de Timor-Leste, Guiné-Bissau e Portugal.

A matriz original do constitucionalismo contemporâneo encontra-se portanto no sistema de governo estabelecido. A Constituição americana perfilhou um sistema "presidencialista" que se mantém até hoje.

O "parlamentarismo mitigado" que de forma equívoca se denomina vulgarmente por "semipresidencialismo", foi acolhido, em termos muito semelhantes, pelas constituições vigentes de de Timor-Leste, Guiné-Bissau e Portugal.

Todas as constituições do Mundo, aliás, estão sobrecarregadas de fórmulas e conceitos importados de outras constituições. O parlamentarismo e o presidencialismo partilham a mesma preocupação original: impedir a restauração da tirania. Os ingleses entregaram todo o poder ao Parlamento e inventaram um "Cabinet" para governar debaixo da sua permanente vigilância e controlo. Os americanos mantiveram o poder soberano de fazer as leis no Parlamento, à semelhança do antigo colonizador, mas ao contrário dos britânicos, confiaram o Governo a um presidente democraticamente legitimado para um mandato limitado e estreitamente vigiado pelo legislador.

É isto o que substancialmente distingue o "parlamentarismo" do "presidencialismo", fórmulas a que se reconduzem as variantes mistas atuais. E por isso nos parece que a recente demissão do Governo da República da Guiné-Bissau por decisão do presidente, fundada na violação de uma suposta "relação de hierarquia e dependência funcional" entre os dois órgãos de soberania, subverte as diferenças essenciais entre os dois modelos e os caminhos diferentes por que visam prevenir o mesmo mal: a restauração da tirania.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

DESOBEDIÊNCIA CIVIL: Consequências

Segundo informações chegadas à minutos, Bissau está deserta. 


Os transportes públicos, o comércio, está quase tudo parado. não há noticia de incidentes até este momento.



PAIGC e PRS contabilizam "espingardas" para confontar PR

Foto de ArquivoPartidos maioritários preparam eventual pedido de investigação criminal de José Mário Vaz.

O PAIGC e o PRS, os dois partidos mais votados nas eleições de 2014 na Guiné-Bissau, começaram negociações nesta terça-feira, 25, que podem levar à impugnação do Presidente da República, soube a VOA junto de fontes seguras em Bissau. Aqueles partidos que possuem 98 dos 102 deputados admitem avançar com um pedido de investigação criminal do Presidente da República ao Ministério Público.


A legislação da Guiné-Bissau exige que um terço dos deputados agende uma petição de investigação por actos ilícitos ao Parlamento que deve ser votada por dois terços dos 102 deputados da Assembleia Nacional Popular.
Caso for aprovada a petição, a mesma será encaminhada para a Procuradoria Geral da República que, por sua vez, deverá investigar os actos citados pelos partidos requerentes.
Depois, e em caso de haver crimes, a acusação segue para o Supremo Tribunal de Justiça que julgará o caso.
Ao que soube a VOA, o PAICG e o PRS começaram a negociar este cenário hoje, depois de o Parlamento ter aprovado ontem, com votos de 75 dos 102 deputados, uma petição a solicitar ao Presidente da República que exonere o novo primeiro-ministro Baciro Dja e nomeie um novo Chefe de Governo indicado pelo PAIGC.
No entanto, fonte da Presidência da República garantiu hoje à VOA que José Mário Vaz não irá recuar na sua decisão, tendo o Chefe de Estado pedido nesta terça-feira a diplomatas acreditados em Bissau e a militares, num encontro conjunto, que apoiem o novo Governo.
Para o jurista e analista Pedro Murato Milaco, a solução passa pelos dois partidos maioritários.
“São eles que podem encontrar soluções e estão à procura delas, a partir de hoje em reuniões que podem levar a moções de censura contra o futuro Governo”, explica Milaco.
No imediato, e caso aqueles dois partidos não avancem com o pedido de impugnação do Presidente da República, avistam-se eleições legislativas antecipadas já que muito dificilmente o novo Governo poderá fazer aprovar o seu programa.
E caso houver duas moções de censura contra o Executivo de Baciro Djá, o Chefe de Estado terá de convocar eleições, como diz Milaco.
“Nesse caso, o Presidente da República será obrigado a convocar eleições legislativas antecipadas, o que configura a sina da Guiné-Bissau de realizar eleições e depois de meses ou ano voltar a cair numa crise política”, considera aquele analista que aponta o dedo também à comunidade internacional.
“A comunidade internacional parece estar interessada apenas em financiar eleições, e em vez de trabalhar na prevenção, surge sempre depois como parte da solução que, até agora, não tem resultado”, acusa Pedro Murato Milaco, lembrando que desde 1994 a Guiné-Bissau nunca financiou qualquer eleição.
Para vários analistas, tudo aponta para um cenário de impasse institucional a curto prazo.
Entretanto, o Presidente da República José Mário Vaz deve viajar nas próximas horas à Nigéria.
Desconhece-se se o faz a convite da Cedeao ou do Presidente da Nigéria Mummamud Buhari que na passada sexta-feira considerou de lamentável da decisão de Vaz de nomear um novo Governo.

Fonte : VOA

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Organizações da sociedade civil da Guiné-Bissau apela para uma paralisação total do país na quarta-feira

Organizações da sociedade civil da Guiné-Bissau apela para uma paralisação total do país na quarta-feira para responder ao que considera serem "decisões erradas" do chefe de Estado, José Mário Vaz, por este ter demitido o Governo saído de eleições.

Em declarações à imprensa hoje à saída de uma audiência com o líder do Parlamento guineense, Luís Nancassa, porta-voz das organizações da sociedade civil, referiu que todo o dia de quarta-feira deve ser marcado por uma "desobediência civil" na Guiné-Bissau.

Porta-voz da Aliança Nacional para Paz e Democracia na Guiné-Bissau, plataforma criada por organizações da sociedade civil para fazer face à crise política no país, Nancassa afirmou que o apelo é extensivo aos transportes públicos, comércio e serviços.

"Tudo o que podermos paralisar será paralisado, queremos até que o mercado se feche, que os transportes não circulem, que os trabalhadores fiquem em casa", observou Luís Nancassa.

Segundo Nancassa, o povo guineense deve demonstrar a José Mário Vaz que, tal como teve forças para o eleger como chefe de Estado, pode da mesma forma posicionar-se para o contestar.

As organizações da sociedade civil faltaram hoje a uma audiência solicitada pelo Presidente guineense.

"Não fomos porque entendemos que não devemos ir", referiu Nancassa, explicando que Vaz "virou costas a todo mundo e agora quer que fossemos lá fazer o quê".

A sociedade civil não pode aplaudir "os maus atos" do Presidente, acrescentou.

A sociedade civil faltou, mas, ainda assim, José Mário Vaz reuniu-se com os embaixadores, representantes das missões internacionais sedeadas em Bissau e diretores dos bancos comerciais.

A todos pediu apoios para o futuro Governo, a ser criado, para ser dirigido por Baciro Djá, primeiro-ministro por si indigitado.


Nomeação de novo primeiro-ministro enviado para Supremo Tribunal

O parlamento da Guiné-Bissau vai solicitar ao Supremo Tribunal de Justiça que avalie a constitucionalidade da nomeação pelo Presidente da República do novo primeiro-ministro, Baciro Djá, anunciou na segunda-feira o líder da Assembleia Nacional Popular (ANP).
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"Quanto à constitucionalidade do ato levado a cabo pelo Presidente da República, cumpre-nos a obrigação de remeter as nossas dúvidas para o órgão que as pode resolver (...), o Supremo Tribunal de Justiça", referiu Cipriano Cassamá.

O Presidente do parlamento falava no final de uma sessão extraordinária em que os deputados discutiram a situação política do país.

Em causa, está a nomeação de Baciro Djá pelo Presidente da República, José Mário Vaz, sem que esse nome fosse proposto pelo Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) que venceu as eleições de 2014

"A nós cabe-nos legislar e aos tribunais cabe o ato de julgar aquilo que as pessoas e as instituições da República interpretam como diferendos", acrescentou.

A Guiné-Bissau não tem um tribunal constitucional, dispondo o Supremo Tribunal de Justiça guineense de uma secção que avalia casos em que há dúvidas sobre o respeito pela Constituição.

Na mesma sessão, a Assembleia aprovou uma resolução em que discorda da nomeação de Baciro Djá e pede ao chefe de Estado, José Mário Vaz, para o exonerar e "nomear um novo primeiro-ministro, indicado pelo PAIGC" com indigitação "precedida de consultas com as formações políticas representadas da ANP".

Foi ainda aprovada a criação de uma comissão de inquérito que tem 30 dias para averiguar da veracidade das ilegalidades invocadas pelo Presidente da República para destituir o Governo de Domingos Simões Pereira.

"Demos aqui um passo significativo no sentido de desenharmos possíveis soluções para ultrapassar a crise existente", referiu Cipriano Cassamá.

O presidente do Parlamento entende que os deputados deram "sinais de maturidade política e democrática".

"Demos sinais de que apesar das nossas diferenças somos capazes de trabalhar em conjunto, não só na procura de soluções, mas também no desenho de compromissos conjuntos a bem da Guiné-Bissau", concluiu.

Lusa


Parlamento aprova resolução que pede nomeação do novo primeiro-ministro e a demissão de Baciro Djá

A Assembleia aprovou uma resolução com 75 votos a favor, 4 abstenções e 0 votos contra
em que discorda da nomeação de Baciro Djá e pede ao chefe de Estado, José Mário Vaz, para o exonerar e "nomear um novo primeiro-ministro, indicado pelo PAIGC" com indigitação "precedida de consultas com as formações políticas representadas da ANP"


segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Faleceu hoje em Bissau António Pinheiro,

RIP: Faleceu hoje em Bissau de doença súbita, António Pinheiro, familiar de um dos editores do Blogue Novas da Guiné,  em nome de toda a família agradecemos as mensagens de pesar que estão a ser enviadas, informaremos mais detalhes em tempo oportuno

Análise : Guiné-Bissau: Um país impossível?* Jorge Heitor, 23 August 2015

Guiné-Bissau: Um país impossível?* 

Guiné-Bissau: Um país impossível?*

O Conselho de Segurança das Nações Unidas manifestou-se,
obviamente, preocupado com a actual crise política na Guiné-
Bissau, mais uma de tantas, e pediu aos diferentes órgãos de
soberania, claro, o que parece ser quase impossível: o diálogo e
o consenso na resolução das suas divergências.

Diálogo e consenso são coisas de que normalmente os políticos
guineenses se têm mostrado incapazes, desde os tempos em
que alguns guerrilheiros preferiram facilitar a vida às
autoridades coloniais a terem um diálogo sério com Amílcar
Cabral sobre as divergências existências quanto à melhor
forma de a Guiné se poder tornar independente.

Diálogo foi o que faltou ao relacionamento do primeiro
comissário (primeiro-ministro) João Bernardo Vieira, "Nino",
com o Presidente Luís Cabral, tendo preferido derrubá-lo e
forçá-lo ao exílio.

Diálogo foi o que faltou a "Nino", já depois de ter chegado à
chefia do Estado, com o primeiro-ministro Victor Saúde Maria,
que mandou colocar em prisão domiciliária.

Diálogo foi o que faltou ao brigadeiro Ansumane Mané para se
procurar entender com "Nino", sem a necessidade de se colocar
à frente de uma Junta Militar e de fazer largos meses de guerra
a um Presidente que, para tentar sobreviver, pediu a ajuda do 
Senegal e da República da Guiné.

Estes são apenas alguns dos múltiplos exemplos das ocasiões
em que os guineenses não souberam dialogar, antes avançando
para o achincalhamento, para a traição e para outras práticas
muito pouco democráticas.

Vem-nos agora dizer o antigo Presidente timorense José
Ramos-Horta, que já representou em Bissau o secretário-geral
das Nações Unidas, que a crise resulta "de uma Constituição
que foi cozinhada em Portugal, sem qualquer consideração à
realidade social da Guiné-Bissau, mas encomendada e
absorvida na Guiné-Bissau, logo a seguir ao derrube do
Presidente Luis Cabral".

A partir desse primeiro golpe, o de "Nino" Vieira contra Luís
Cabral, a Guiné-Bissau nunca mais conheceu paz. Mas, como o
próprio Ramos-Horta foi capaz de reconhecer, esse modelo
constitucional não desculpa tudo.

Claro que não desculpa, pois que já no tempo da luta armada
havia fortes conflitos, com certos combatentes mais
interessados numa Guiné que fosse só para negros do que em
trabalhar com os comandantes cabo-verdianos que se haviam
prestado a estar com eles numa causa comum.

O mal é muito antigo e tem algo a ver, conforme já o cheguei a
sublinhar, com o facto de não haver muito mais gente
alfabetizada, para se poder alargar o leque das escolhas
possíveis para a governação do frágil país.

A falta de um número maior de quadros e de cidadãos
devidamente letrados, que não se deixassem arrastar em
aventuras, sejam elas conduzidas por caudilhos militares ou
civis, poderá explicar a agitação quase permanente que se vive
na Guiné-Bissau, uma terra que devidamente aproveitada até
dava para todos viverem de uma forma aceitável.

Como o regime colonial não teve o cuidado de alfabetizar 15
ou 20 por cento da população que fosse, e como nas primeiras
décadas da independência não se generalizou a alfabetização,
que deveria ter sido em massa, chegamos a esta altura da
História com um grande défice de cultura cívica.

Ainda há muitos guineenses a pensar, em primeiro lugar,
como balantas, manjacos ou mandingas, e não como cidadãos
de um país novo que importa levar para a frente, recorrendo
aos múltiplos recursos naturais de que dispõe, como o petróleo,
o ouro, os fosfatos e as bauxites.

Só assim se explica, pela ausência de 100 ou 200 bons políticos,
credíveis, formados em devido tempo, e não à pressa, que
tenhamos na Presidência da República da Guiné-Bissau um
senhor que não é capaz de estabelecer consensos com a
Assembleia Nacional Popular nem com a direcção dos
principais partidos políticos.

Quando o Presidente José Mário Vaz demitiu o primeiroministro
Domingos Simões Pereira e foi chamar para o seu
lugar um polémico indivíduo chamado Baciro Djá ficou
patente que este deveria ter muita dificuldade em constituir
equipa, à margem das pessoas que nos últimos dois ou três
anos já têm passado pelo Governo.

Apertado, isolado, temendo pela vida, bem poderá José Mário
Vaz solicitar ao seu vizinho setentrional, o Senegal, que lhe
envie tropas de elite, a protegê-lo a ele e ao seu novo e quiçá
efémero primeiro-ministro.

Não é assim que se resolvem as situações, alheando-se do
sentimento da maioria da população e pedindo a alguns
estrangeiros que nos protejam, com a eventual promessa de
que também nós iremos proteger os seus interesses,
nomeadamente na exploração de recursos nas águas que nos
são comuns.

Se José Mário Vaz e Baciro Djá só conseguirem ficar nos seus
lugares sob a protecção de uns quantos comandos senegaleses,
muito mal vai a Guiné-Bissau, uma vez mais. E de nada lhe
servirão os muitos apoios que lhe foram prometidos durante a
mesa redonda de Bruxelas.

Teria sido tudo em vão, tanto o afastamento dos militares
golpistas como as eleições do ano passado e a tão elogiada mesa
redonda. Tudo fogo fátuo. Num território onde a crise parece
ser a forma permanente de vida, só aqui e ali intervalada por
uns ténues lampejos de esperança.

É esta a triste realidade!

*Jorge Heitor, que na adolescência tirou um Curso de Estudos
Ultramarinos, trabalhou durante 25 anosem agência noticiosa
e depois 21 no jornal PÚBLICO, tendo passado alguns períodos
da sua vida em Moçambique, na Guiné-Bissau eem Angola.
Também fez reportagensem Cabo Verde,em São Tomée
Príncipe, na África do Sul, na Zâmbia, na Nigéria eem
Marrocos. Actualmenteécolaborador da revista comboniana
Além-Mare da revista moçambicana Prestígio

AFRONTA À DEMOCRACIA/NOTÍCIA DC:

GOLPE DE ESTADO/AFRONTA À DEMOCRACIA/NOTÍCIA DC: Técnicos da rádio nacional, estiveram há pouco no parlamento "PARA RETIRAR TODO O EQUIPAMENTO". A estratégia é: NADA DO QUE FOR DITO PELOS DEPUTADOS deve transpirar para o Povo. Foram corridos, e pediram-lhes que trouxessem um documento oficial a solicitar isso...Recorde-se que a ANP tem agendado para hoje um debate de urgência sobre a situação política no País. AAS


Fonte : Ditadura do Consenso 

domingo, 23 de agosto de 2015

PR da Nigéria lamenta posse de novo PM antes da chegada de mediadores

O Presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, lamentou que o chefe de Estado da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, tenha empossado um novo primeiro-ministro antes de chegarem ao país mediadores para ajudar a resolver a crise política.

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"É lamentável que, enquanto o líder Obasanjo [antigo presidente da Nigéria] estava reunido com o Presidente Sall [do Senegal]", no percurso para Bissau, "o Presidente José Mário Vaz tenha nomeado e dado posse a um novo primeiro-ministro", referiu Buhari numa declaração feita na sexta-feira e hoje difundida na comunicação social do país.

Nessa declaração, a posse de Baciro Djá é classificada como "um desenvolvimento que piorou a situação política" da Guiné-Bissau.

O Presidente nigeriano apelou à calma e pediu às lideranças políticas guineenses que tenham "a máxima moderação" de modo a garantir "a manutenção da lei e da ordem enquanto continuam os esforços para resolver a crise atual".

A Nigéria é o principal financiador da Ecomib, a força de estabilização composta por militares e polícias da sub-região, destacados para a Guiné-Bissau depois do golpe de Estado de 2012 e que ali se mantêm, por se considerar que ainda há ameaças à paz.

O antigo presidente da Nigéria, Olusegun Obasanjo, fazia parte de uma comitiva que na quinta-feira devia ter chegado a Bissau para ajudar a resolver a crise política.

A comitiva tinha sido organizada no âmbito da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e integrava ainda a comissária da organização para os Assuntos Políticos, Paz e Segurança, Salamatu Hussaini.

O Presidente do Senegal, Macky Sall, lidera a autoridade de chefes de Estado da CEDEAO e os enviados que viajavam da Nigéria para Bissau fizeram uma paragem em Dacar para um encontro com o líder senegalês quando souberam da escolha de Baciro Djá.

Em consequência, a visita da comitiva da CEDEAO foi suspensa.

Na Guiné-Bissau, a nomeação de Baciro Djá motivou protestos do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e de organizações da sociedade civil guineense que consideram a decisão de Vaz inconstitucional.

LFO // MAG


Lusa

sábado, 22 de agosto de 2015

Comitiva da CEDEAO suspende visita após nomeação de novo primeiro-ministro

A comitiva da África Ocidental, que ia visitar a Guine-Bissau para ajudar a resolver a crise política no país, suspendeu a deslocação depois de o Presidente guineense ter escolhido um novo primeiro-ministro, disse fonte diplomática à Lusa.

"A comitiva foi surpreendida e já não chegou a voar para Bissau", referiu a mesma fonte.

A comitiva era composta por dirigentes da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

A organização, assim como todos os parceiros internacionais da Guiné-Bissau, têm apelado ao diálogo para pôr fim à crise política.

O grupo, que devia ter chegado a Bissau na quinta-feira, incluía a comissária da CEDEAO para os Assuntos Políticos, Paz e Segurança, Salamatu Hussaini, e ainda Olusegun Obasanjo, antigo presidente da Nigéria, cargo que deixou em 2007.

Ao princípio da tarde do mesmo dia, o Presidente da República da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, nomeou Baciro Djá como primeiro-ministro, ao qual conferiu posse poucas horas depois.

A medida motivou protestos do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e de organização da sociedade civil guineense, que consideram a decisão de Vaz inconstitucional.




A RESOLUÇÃO FINAL DA REUNIÃO DO BUREAU POLÍTICO DO PAIGC



 AFRICANO PARA A INDEPENDÊNCIA DA GUINÉ E CABO VERDE

IV REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DO BUREAU POLITICO

RESOLUÇÃO FINAL

Nos dias 21 e 22 de Agosto, sob a presidência do Camarada Domingos Simões Pereira, Presidente do Partido, e em observância da alínea b) do Artº33 dos Estatutos, reuniu-se extraordinariamente o Bureau Político (BP) do PAIGC, com a seguinte ordem dos trabalhos:
Análise e avaliação da situação política partidária à luz dos últimos acontecimentos;
Diversos.

A ordem dos trabalhos foi aprovada por maioria de votos dos presentes.

SOBRE A ANÁLISE DA SITUAÇÃO POLITÍCA

O Presidente do partido informou ao Bureau Politico que foi completamente inesperado e pelos órgãos de comunicação social que o partido tomou conhecimento de um decreto presidencial que nomeou o Senhor Baciro Djá como Primeiro Ministro da Guiné-Bissau, numa altura em que se aguardava a chegada ao país de uma importante delegação da CEDEAO, seguindo os esforços empreendidos pela mais alta esfera da comunidade internacional, nomeadamente pelo Secretário Geral das Naçõs Unidas e por outros Chefes de Estado.

O Bureau Politico procedeu a uma analise profunda da situacao politica vigente no pais, onde se destacou os apelos à coesão, unidade, espirito de reconciliação como condições indispensavéis para preservar o Partido de divisões e fracturas que têm marcado a vivência política nacional.
O Bureau Politico criticou de forma veemente o caminho da inconstitucionalidade escolhido para demitir o governo constitucional do PAIGC quando existiam condições objectivas e de interesse nacional para se ultrapassarem as divergências invocadas por via do dialogo, principalmente no aspecto do relacionamento entre o Presidente da Republica e o Primeiro Ministro.

O Bureau Politico considerou que o Camarada Baciro Dja ao aceitar a nomeação e investidura no cargo de Primeiro-ministro, a revelia da constituição e dos estatutos do PAIGC, violou o dever do militante plasmado na alínea o do artigo 15º dos Estatutos.
O Bureau Politico considerou igualmente que essa atitude do Camarada Baciro Dja põe em causa mais uma vez os superiores interesses do partido, da sua unidade e coesão interna.

Diversos

No capítulo dos diversos, os membros do Bureau Politico tiveram a oportunidade de prestar alguns esclarecimentos sobre assuntos diversos.
Assim, após profunda analise da situação politica vigente no pais, agravada com a recente nomeação do novo Primeiro-ministro a margem das normas constitucionais e internas do PAIGC,

O Bureau Politico delibera:

Condenar veementemente, a decisão do Senhor Presidente da Republica em nomear através do Decreto Presidencial 6/2015 um novo Primeiro-ministro, a revelia da Constituição da Republica e com total desrespeito pelos Estatutos do PAIGC, partido vencedor com maioria absoluta das ultimas eleições legislativas;

Apelar ao restabelecimento da legalidade constitucional por via da anulação do decreto presidencial nº 6/2015 e convite ao PAIGC para, em observância dos seus Estatutos e priorizando a via negocial, encontrar uma solução que assegure a paz, a estabilidade e a unidade nacional;

Exortar o Camarada III Vice-presidente a assumir a atitude militante de facilitar o processo de dialogo demitindo-se do cargo para que fora nomeado e empossado inconstitucionalmente e sem o necessário aval prévio do partido, sob pena de infracção grave, conforme plasmado no artigo 103 dos Estatutos: “, dispostos nas alíneas j, l, n, o, e p do artº 15 dos Estatutos”;


Expressar o seu profundo lamento pelo facto de três moções de confiança ao governo do PAIGC, aprovados por unanimidade e num gesto de elevado patriotismo, pela Assembleia Nacional Popular, não terem merecido nenhuma consideração por parte de Sua Excia. o Presidente da Republica antes da decisão de exoneração do Chefe do Governo e consequente queda do executivo;


Instruir as estruturas competentes do partido a accionarem todos os mecanismos legais e políticos com vista a reposição da legalidade constitucional e democrática;

Encorajar o Conselho Nacional de Jurisdição a prosseguir a sua acção disciplinar contra todos os que incorram na infracção do artigo 15º alínea o) dos Estatutos do Partido, que reza: E dever de todo o militante do partido ”não apresentar candidatura a qualquer cargo electivo do Estado ou nas Autarquias e não aceitar o exercício de qualquer função governativa, fora do quadro previsto nos presentes estatutos e regulamentos”.

Manter em aberto e reforçar os mecanismos de dialogo com Sua Excelência o Senhor Presidente da Republica e com os demais órgãos da soberania, demonstrando o interesse e a disponibilidade do partido em priorizar a via do dialogo construtivo;

Expressar todo o seu apreço e enorme satisfação, ao mesmo tempo que encorajar ao reforço das grandes manifestações de solidariedade tanto a nível interno como internacional, em exigência ao respeito do primado da legalidade, como condição de se preservar a paz e a estabilidade no país.

Apelar aos militantes, simpatizantes e o povo guineense, em geral a manterem-se atentos e determinados a defenderem as conquistas democraticas e o respeito pela legalidade constitucional.

Agradecer o empenho com que a Comunidade Internacional tem seguido os desenvolvimentos da situação politica e enaltecer os esforços continuados do Secretario Geral das Nações Unidas, dos Chefes de Estado da CEDEAO, nomeadamente dos Presidentes do Senegal, da Guiné-Conacry e da Nigéria, e mantê-los informados sobre todas as questões que se prendem com as decisões politicas que vão sendo assumidas pelos diferentes intervenientes políticos e que consubstanciam as bases para preservar os valores consagrados na Constituiçao e demais leis da Guiné-Bissau;

Encorajar a Direcção do Partido a prosseguir e alargar os contactos junto dos parceiros internacionais, nomeadamente com a CEDEAO, a CPLP, a UA, a UE e o sistema das nações unidas;

Reiterar as deliberações da última sessão do Bureau Politico referentes a retoma do diálogo e a reposição da legalidade democrática e constitucional.

O Bureau politico se congratula com a forma serena, mas aberta e franca como os debates se desenrolaram, o que permitiu a cada responsavél defender os seus pontos de vista e no final, colocar os interesses colectivos e do partido em primeiro lugar .

Bissau, 22 de Agosto de 2015
O Bureau Politico"


PAIGC acusa Presidente de "golpe palaciano"

Partido promete utilizar "todos os meios legais e políticos ao seu alcance" para contrariar as decisões do chefe de Estado.

O PAIGC acusa o Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, de ter cometido "um golpe palaciano". Em causa está a demissão do primeiro-ministro Domingos Simões Pereira e a sua substituição por Baciro Djá.
O secretariado nacional do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), diz, em comunicado, que ao nomear um Governo da sua iniciativa, Vaz acabou de cometer "um autêntico golpe palaciano" numa iniciativa que coloca em causa a "credibilidade e a respeitabilidade" da Guiné-Bissau.
O partido condena de forma "veemente e sem reservas" as medidas tomadas pelo Presidente José Mário Vaz e promete utilizar "todos os meios legais e políticos ao seu alcance" para contrariar as decisões do chefe de Estado.
Fonte da direcção do PAIGC admitiu à agência Lusa a possibilidade de o partido entrar com uma acção no Supremo Tribunal de Justiça pedindo a anulação da nomeação de Baciro Djá para primeiro-ministro, sob a alegação de que o processo não obedeceu aos ditames constitucionais.
O partido liderado por Domingos Simões Pereira acusa o presidente guineense de ter assumido uma postura "intencional e deliberada" para provocar uma "grave crise" no país, o que "acabou por conseguir" com a nomeação de Baciro Djá.
Com esta decisão, o presidente da República "acaba de projectar" o país para uma crise política e social "com graves consequências", podendo por em causa os resultados da mesa redonda de Bruxelas, lê-se no comunicado.
Para esta sexta-feira está marcada uma reunião da direcção política do partido, que deverá contar com a presença de Domingos Simões Pereira e de Baciro Djá, ambos com assento naquele órgão.
O tribunal do partido diz que Djá foi suspenso de militância por um período de três anos, mas o próprio alega o contrário, a partir de uma decisão dos tribunais nacionais.

"Zamora Induta está sequestrado", acusa o seu advogado

"Zamora Induta está sequestrado", acusa o seu advogado

Antigo Chefe de Estado Maior das Forças Armadas da Guiné-Bissau Zamora Induta acusado de envolvimento no "caso 21 de Outubro".

O antigo Chefe de Estado Maior das Forças Armadas da Guiné-Bissau Zamora Induta é acusado dos crimes de organização de associação criminosa e de perturbação da ordem constitucional.

"Ele está sequestrado", diz o seu advogado.
Ouvir em: http://www.voaportugues.com/audio/2927185.html
Zamora Induta

José Paulo Semedo disse que a acusação foi pronunciada depois de o vice-almirante ter sido ouvido na Procuradoria Geral da República no âmbito do conhecido “caso 21 de Outubro de 2012”.

Zamora Induta regressou à Guiné-Bissau a 21 de Julho depois de quatro anos em Portugal, onde se refugiara desde que fugiu do país na sequência do golpe militar de 12 de Abril de 2012.

Quando pretendia seguir a Portugal há duas semanas, o vice-almirante foi impedido de o fazer, tendo a Procuradoria imposto medidas de coacção, que agora configuram uma prisão domiciliária, o que, para o seu advogado é ilegal.

“Ele está sequestrado pelas autoridades que não apresentaram qualquer facto”, acusa Semedo, adiantando ainda que Zamora Induta “não tem nada que esconder, nem medo de qualquer processo por ter dito que não tem nada a ver com caso 21 de Outubro”.

O advogado acredita que “tudo não passa de uma agenda secreta cuja autoria estamos a tentar descobrir".

Zamora Induta está em casa vigiado dia e noite por três militares.

Quanto custa um golpe de Estado? artigo transcrito do Jornal Publico do dia 21/08/2015


Quanto custa um golpe de Estado?

FMI estima que a Guiné-Bissau podia ter um PIB per capita superior em 66% se não tivesse havido instabilidade política desde 2000.
A Guiné-Bissau é “um dos países mais frágeis do mundo”, e um dos “mais instáveis em termos políticos”. A análise foi feita recentemente pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que sustenta com números o impacto dessas duas realidades: nos últimos vinte anos, a média do crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) foi de 2,3% por ano, o que conduziu o PIB per capita para um nível mais baixo do que estava há duas décadas. O país, o primeiro das antigas colónias portuguesas a marcar a sua independência, sofreu apenas uma guerra civil que durou dois anos (de 1998 a 1999), mas tem sido assolado por diversos golpes.

Entre ameaças, tentativas, e concretizações, registam-se 18 ocorrências, das quais quatro conduziram mesmo a verdadeiros golpes de Estado, o último dos quais em 2012.

Com diferentes escalas, todos estes centros de instabilidade política tiveram repercussões no tecido social e económico da Guiné-Bissau, onde cerca de 60% da população sobrevive abaixo dos limites mínimos da pobreza, e a esperança média de vida é de 54 anos (inferior à dos países da África subsariana e dos países de baixo rendimento).

Num documento datado de Julho no qual analisa os custos da instabilidade politica neste país, o FMI destaca que, tal como as guerras civis, os golpes de Estado provocam bloqueios ao crescimento. A diferença é que, ao contrário das guerras civis, “os seus verdadeiros custos não são evidentes para a maioria da população”, o que torna mais difícil uma resposta adequada.

A partir do momento em que ocorre um golpe de Estado, atesta o FMI, e até que se volte à normalização democrática, a corrupção e a procura por fontes de dinheiro disparam, interesses obscuros instalam-se, e a fragilidade das instituições acentua-se. “Um governo de transição bem-sucedido é o que dura pouco tempo, mas a agenda por detrás de um golpe é sempre ficar no poder”, sublinha o FMI, notando que o último ficou mais de dois anos a dominar a Guiné-Bissau. Nesse período, a economia “afundou-se lentamente”, com o Estado a não conseguir providenciar serviços públicos básicos, como o acesso a electricidade.

Na análise que fez ao país, o FMI tentou calcular os impactos económicos da instabilidade politica na Guiné-Bissau. As contas não são fáceis, já que é complicado perceber a factura do desperdício de recursos provocado pela corrupção, pelo desvio de dinheiro ou simplesmente pela má governação, mas há outros dados, como a perda de receitas e os cortes nos apoios dos países doadores.

Tomando como base a média do crescimento dos países de baixo rendimento, o FMI estima que, sem a instabilidade política que marcou o país entre 2000 e 2013 (logo, sem contar com os efeitos da guerra civil), o PIB per capita da Guiné-Bissau teria crescido a um ritmo de 3,3% ao ano, em vez da queda de 0,3% que efectivamente se registou. Assim, diz o FMI, o PIB per capita real podia ser agora, pelo menos, dois terços superior.

Em Julho, antes de José Mário Vaz demitir Domingos Simões Pereira, o FMI levantou a seguinte questão: “A Guiné-Bissau encontra-se, novamente, num momento decisivo: vai conseguir, desta vez, quebrar com o seu passado de instabilidade?”.

Até esse momento, os sinais pareciam animadores, e o FMI começara um ciclo de novos empréstimos, com o Governo de Simões Pereira a responder com a promessa de mais iniciativas para promover o crescimento do país, de forma inclusiva.

Domingos Simões Pereira: José Mário Vaz tem “uma vontade desmedida de chamar a si todos os poderes” Em entrevia ao Jornal Expresso das Ilhas

Domingos Simões Pereira: José Mário Vaz tem  “uma vontade desmedida de chamar a si todos os poderes”
Domingos Simões Pereira foi demitido do cargo de Primeiro-ministro da Guiné-Bissau sem que o Presidente da República lhe tenha explicado os reais motivos da decisão. Nesta entrevista ao Expresso das Ilhas, Simões Pereira diz que “aquilo que os media sabem é aquilo que eu sei” e acusa José Mário Vaz de ter “uma vontade desmedida de chamar a si todos os poderes”. Quanto às acusações de nepotismo e corrupção, responde: “muita da gente que faz essa acusação tem sobre si pendente um conjunto de acusações, algumas delas até com instrução judicial”.

Expresso das Ilhas – Que expectativas tem para o futuro próximo?
Domingos Simões Pereira - As expectativas mantêm-se inalteradas em relação àquelas que tínhamos no período pós-eleições. O PAIGC é o partido mais votado e é a quem incumbe nomear o governo. O Presidente demitiu o Governo mas tem de propor ao PAIGC, de acordo com as suas estruturas, a formação de um novo Governo.

Tem-se falado também no nome de Carlos Gomes Jr. como uma alternativa ao seu nome…
Estou a ouvir isso pela primeira vez. Não quero comentar.

O Dr. José Mário Vaz fez-lhe acusações de nepotismo e de corrupção. Como responde a essas acusações?
Não é por antecipação que nós conseguimos colar esse tipo de adjectivos às pessoas. O percurso das pessoas é aquilo que temos objectivamente de aproveitar. Eu sou servidor público há muito tempo, em várias instituições tanto de cariz nacional como internacional e até hoje tenho recebido uma avaliação sempre positiva e com alguns destaques até. No último ano, enquanto membro do governo, nós temos um programa com o FMI, esse programa tem merecido uma avaliação continua por parte do FMI, portanto não me parece que, mesmo para a opinião pública nacional, eu tenha necessidade de grandes argumentações para as pessoas perceberem que aquilo que se está a dizer não passa de uma manobra completamente frustrada de me tentar juntar a uma escumalha à qual eu não pertenço. Em contrapartida, muita da gente que faz essa acusação tem sobre si pendente um conjunto de acusações, algumas delas até com instrução judicial, e eu penso que deviam primar mais de assegurar à nação guineense alguma condição moral para o exercício da função que de facto desempenham.

Timor Leste já anunciou que ia cancelar toda a cooperação com a Guiné-Bissau. Acha que o cenário pode vir a complicar-se ainda mais?
Esperemos que não. Esperemos que o sentido de Estado e a responsabilidade de manter o clima de paz e prosperidade leve as pessoas a ponderarem qualquer actuação. O que nós esperamos é que o senhor Presidente da República, tendo chamado a si esse conjunto de responsabilidades, esteja à altura de cumprir aquelas que são as reais expectativas da população. Ele exerceu uma prerrogativa que lhe estava adstrita e agora tem de restituir ao PAIGC a possibilidade de formar governo e em que respeita aquilo que são as estruturas internas do partido. Se não o fizer, se violar esses princípios constitucionais, aí sim estará a criar, de facto, condições para alguma perturbação que nós não desejamos e que esperamos que não volte a acontecer neste país.

José Mário Vaz pode vir a ser expulso do partido?
José Mário Vaz esticou, de facto, a corda toda. Porque a última reunião do Bureau Político já tinha lançado o alerta no sentido de que se não respeita o partido que patrocinou a sua candidatura, é o mínimo que nós entendemos que se deve fazer. Retirar-lhe a confiança política e, ao fazê-lo, pôr em causa a condição que levou a que o partido o apoiasse. A partir daí tudo é possível.

Como se explica que, na Guiné-Bissau, os governos não cumpram os mandatos até ao fim? Como explicar toda esta instabilidade governativa?
Eu não quero explicar as situações antecedentes que não conheço e não acompanhei com o devido conhecimento de causa. Estou a acompanhar este que se resume a uma intenção inaceitável de partidarismo, de concentração de poderes, de não respeitar as regras do jogo. O espaço de intervenção do Presidente da República num regime semi-presidencial está bem definido, tal como está o do chefe do governo e outras instâncias. Mesmo podendo admitir algumas dificuldades de relacionamento pessoal, o respeito dessas regras e das leis deviam permitir que as instituições do país funcionassem. O senhor Presidente da República tem dado mostras de inconformismo daquilo que são os espaços reservados pela Constituição e entende como forma de contornar isso fazer uso de uma prerrogativa que não é. Invocar uma crise, como ele tenta fazer, não faz qualquer tipo de sentido. O país nunca apresentou os indicadores que neste momento atingiu, tem o apoio da comunidade internacional, o quadro é o mais favorável para as reformas que o país precisa. Portanto a única compreensão possível para este momento é, realmente, uma vontade desmedida de chamar a si todos os poderes.
Agora, ele próprio, ao fazê-lo, tem consciência da incoerência que está a cometer? Por isso adiciona outras acusações que não têm qualquer tipo de sentido, porque, como já disse, ninguém alguma vez me apontou o dedo e eu próprio quando tive a oportunidade de o questionar sobre se alguma das acusações que ele fazia era dirigida a mim, ele confirmou que não tinha nada contra mim mas que eram sobre alguns elementos do governo. Quando teve oportunidade de anunciar ao país as razões por que ia demitir o governo sentiu que era necessário ter mais um ingrediente. Acho que foi infeliz. Nós que servimos a estes níveis temos a obrigação de sermos coerentes e de dizer a verdade e, neste caso, o senhor Presidente da República faltou à verdade e o povo está consciente disso.

O decreto de exoneração é tudo menos esclarecedor. O Presidente da República chegou a apontar-lhe as verdadeiras razões para a demissão do Governo?
A mim não. Estive a acompanhar todo este processo pelos media, e aquilo que os media sabem é aquilo que eu sei. Não há mais nada.

José Mário Vaz nunca o chamou para lhe explicar o porquê desta decisão?
Não. Quando o Presidente da República começou a auscultação dos partidos políticos, eu, na condição de presidente do PAIGC, também fui convidado. O Presidente pediu que nós o ajudássemos a compreender e a ultrapassar a grave crise política em que o país estaria mergulhado. E a nossa resposta foi exactamente essa. Que a única entidade nacional que faz referência a uma crise é o Presidente da República. Portanto, sendo ele o conhecedor das razões da crise e dos factores causadores dessa crise ele teria de partilhar isso connosco antes de nós podermos acompanhá-lo nessa análise, algo que nunca fez.

Teme que a comunidade internacional possa agora retirar os apoios que tem concedido?
O povo guineense e o país não merecem isso. Penso que não é o que vai acontecer. A comunidade internacional tem acompanhado atentamente o evoluir da situação e todos acreditamos que, apesar de termos perdido algum tempo, o Presidente vai voltar à razão, vai devolver o poder legislativo ao PAIGC e vai-se comportar criando condições para que esses apoios possam fluir a favor da Guiné-Bissau.

Que esperanças para o futuro próximo?
Eu acredito no futuro. Eu sei que este não é o melhor momento, mas este é um obstáculo num percurso que está definido e ao qual o povo guineense aderiu. Vamos ser capazes de o ultrapassar e continuar esta caminhada para a paz, a estabilidade e para o desenvolvimento.

A prerrogativa do Presidente derrubar o governo que não elegeu é uma afronta à República”