«Oito conselheiros do Supremo-Chefe, encarregados de assuntos como tchumul-tchamal [confusão], meker-meker [intriga] ou nhengher-nhengher [conspiração] disputam entre si a melhor forma de derrubar o líder e ocupar a cadeira da Suprematura. Para o efeito, partem em busca das “Orações de Mansata”, que supostamente lhes facilitariam a dominação sobre o seu povo, num processo em que a traição, a tortura e o assassinato são reduzidos à banalidade».
Escritor com três romances editados, o guineense Abdulai Silá estreia-se na dramaturgia com “Orações de Mansata”, um retrato impiedoso dos mecanismos da corrupção, da luta pelo poder e da violência que caracterizam vários regimes políticos e que têm também marcado a realidade da Guiné-Bissau.
A obra apresentada hoje, às 21h30, no Teatro da Cerca de S. Bernardo, é o mais recente título da colecção de dramaturgia da Cena Lusófona, sendo definida por Abdulai Silá como «uma adaptação de Macbeth à realidade africana». Nesta peça, como na de Shakespeare, «o tema prevalente é o desejo de possuir poder e o uso do poder adquirido», escreve Russell G. Hamilton, decano da Faculdade de Letras da Universidade de Vanderbilt (EUA) e autor do prefácio.
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