A Organização das Nações Unidas (ONU) disse terça-feira na Suíça que foi forçada a adiar o envio de ajuda alimentar para cerca de 300.000 pessoas na Guiné-Bissau, devido à falta de fundos para custear a operação.
Segundo a porta-voz do Programa Alimentar Mundial (PAM) da ONU em Genebra, Elisabeth Byrs, "a assistência estava agendada para começar a 1 de Março de 2013, mas as operações estão paralisadas" porque, até agora, não recebeu nenhuma doação.
Para voltar a fornecer ajuda alimentar a 278.000 guineenses, "incluindo jovens mães e crianças em risco de desnutrição", o PAM "necessita urgentemente de 7,1 milhões de dólares" (cerca de 5,49 milhões de euros), alertou Elisabeth Byrs.
"Não podemos comprar comida sem dinheiro", lamentou.
A Guiné-Bissau é um dos países mais pobres do mundo, onde 69% dos 1,6 milhões de habitantes vivem com menos de dois dólares (1,5Euro) por dia e 33% com menos de um dólar (77 cêntimos de euro), disse Elisabeth Byrs.
"Muitas famílias não têm escolha a não ser vender o seu gado e outros bens essenciais para colocar comida na mesa da família", sublinhou.
De acordo com a porta-voz do PAM, a taxa de desnutrição aguda naquele país é de 6% da população, chegando aos 8% nalgumas regiões.
Além da pobreza, o país debate-se com uma grave instabilidade política desde que se tornou independente de Portugal, em 1974, devido ao conflito entre o exército e o Governo.
Um golpe de Estado registado em Abril do ano passado, que derrubou o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior e o presidente Raimundo Pereira, piorou o cenário.
"Nos últimos anos, a Guiné-Bissau sofreu uma série de problemas que levaram ao agravar da situação alimentar", adiantou a porta-voz, referindo que tudo isto também afectou a produção de caju, uma das principais exportações do país.
O PAM fornece refeições a 85.000 crianças através de programas de alimentação nas escolas, permitindo que algumas meninas levem comida para casa e lhes seja, por isso, autorizado o acesso à escola, afirmou a representante.
O Programa Alimentar Mundial visa ainda fornecer comida suplementar a cerca de 5.000 crianças desnutridas com menos de 5 anos e a 1.960 grávidas e mães desnutridas.
Em 2012, o programa da ONU chegou a 211.300 pessoas através da saúde escolar, alimentação, nutrição e projectos comunitários, dando assistência alimentar em troca de trabalho.
Fonte: Angop
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