A missão militar angolana na Guiné-Bissau (Missang) começa hoje a retirar-se do país, um processo que vai demorar cinco dias, disse hoje à Lusa fonte da embaixada de Angola.
Segundo a fonte, chegou ontem mesmo a Bissau um navio, que irá transportar o material que a Missang tem na Guiné-Bissau, e na quarta-feira inicia-se também o regresso a casa dos mais de 200 militares angolanos.
Serão feitos oito voos com quatro aviões (dois voos por avião), precisou a fonte. O processo de retirada da Missang será supervisionado pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
O governo angolano decidiu acabar com a missão na Guiné-Bissau, na sequência de atritos com as forças armadas guineenses, que acusaram as forças angolanas de se reforçarem com material bélico que nunca entregaram às Forças Armadas da Guiné-Bissau.
Por causa da Missang, o ministro da Defesa de Angola visitou a Guiné-Bissau a 03 de abril, para entregar uma carta de José Eduardo dos Santos, Presidente de Angola, a Raimundo Pereira, Presidente interino da Guiné-Bissau.
A 09 de abril, Angola enviou a Bissau o ministro dos Negócios Estrangeiros, no mesmo dia em que o porta-voz das Forças Armadas da Guiné-Bissau, Daba Na Walna, dava uma conferência de imprensa para negar qualquer responsabilidade dos militares na saída da Missang, ao contrário do que fazia crer, disse, o governo guineense.
Três dias depois (12 de abril), os militares guineenses fizeram um golpe de Estado, prendendo o Presidente interino, Raimundo Pereira, e o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior. A justificação foi a defesa contra uma alegada agressão externa.
A 13 de abril, em comunicado, o Comando Militar (autor do golpe) disse que foi forçado a agir para defender as Forças Armadas guineenses de uma agressão, que seria conduzida pelas Forças Armadas de Angola, no âmbito da União Africana.
O Comando Militar afirmou, na altura, estar na posse de um "documento secreto" que teria sido elaborado pelo Governo de Bissau a mandatar as forças angolanas, ao abrigo da União Africana, para atacarem os militares guineenses.
Com o fim da Missang é suspensa também a cooperação militar entre os dois países. Em janeiro, o governo de Angola tinha disponibilizado 13,2 milhões de euros para a recuperação de infraestruturas das Forças Armadas, especialmente para recuperação de casernas.
A Missang estava também a recuperar e construir estruturas para as forças de segurança, um projeto de 5,7 milhões de euros e que incluía a construção de um Centro de Instrução da Polícia de Ordem Pública (POP) e de armazéns de logística, e a reabilitação do Ministério do Interior e do Comissariado Geral da POP.
Seriam também construídas instalações da Polícia de Trânsito e reabilitados os edifícios para a instalação da Polícia de Intervenção Rápida.
Angola, para já, disse também a fonte, não vai enviar para Bissau o embaixador, ausente desde abril.
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