Boston - O ministro dos Negócios Estrangeiros português afirmou hoje (quarta-feira), em Boston, que a ida do Primeiro-ministro deposto da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior, ao Conselho de Segurança foi importante para vincar a "tolerância zero" internacional com o golpe de Estado no país, noticiou à Lusa.
"As autoridades legítimas são as que nascem do voto popular, é isto que está nas resoluções da ONU e, portanto, ainda bem que Carlos Gomes Júnior esteve no Conselho de Segurança", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulos Portas, à margem de uma visita a Boston, Estados Unidos.
Questionado sobre a possibilidade de novas medidas contra os golpistas ao nível do Conselho de Segurança, nomeadamente a imposição de sanções a responsáveis políticos, Paulo Portas escusou-se a responder, afirmando que a deslocação de Gomes Júnior é importante por si e que Portugal e outros países se esforçaram para que fosse possível.
"A única coisa que para nós é muito clara é que tem de haver tolerância zero com golpes de Estado que interrompem não só a ordem constitucional, como a possibilidade de desenvolvimento e de paz num país", afirmou.
Antes do golpe de 12 de Abril, Gomes Júnior era rimeiro-ministro eleito e candidato favorito às eleições presidenciais, depois de ter ganho a primeira volta.
Desde meados de Maio, a Guiné-Bissau tem um chefe de Estado de transição e um Governo de transição, apoiados pela CEDEAO e pelos militares golpistas, enquanto os principais dirigentes depostos se mantêm fora do país, exigindo o regresso à normalidade constitucional.
Na ONU, Gomes Júnior, acompanhado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros da Guiné Bissau, Djaló Pires, propôs uma conferência internacional para definir uma estratégia com vista à resolução da crise no país, disse à Lusa fonte diplomática.
A conferência internacional de alto nível, defendeu, deve ser convocada pelo secretário-geral das Nações Unidas, no sentido de encontrar a definição de uma estratégia para a crise, incluindo a conclusão do processo eleitoral, interrompido pelo golpe de Estado após a primeira volta das presidenciais ganha por Carlos Gomes Júnior.
Defendeu ainda junto do Conselho de Segurança, uma solução para o retorno à ordem constitucional e possibilitar a continuidade de reformas, sobretudo na área da segurança e de combate ao narcotráfico.
Saudou a decisão do Conselho de Segurança em aplicar sanções dirigidas contra os autores do golpe de Estado que, defendeu, devem estender-se aos civis que os apoiaram.
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