domingo, 17 de junho de 2012

Guiné-Bissau resiste à «tropacracia»

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Guiné-Bissau – O Diário - [Carlos Lopes Pereira]

Os serviços secretos franceses terão orquestrado os recentes golpes militares no Mali e na Guiné-Bissau, como a ajuda de alguns chefes de estado da região. A denúncia – divulgada em Bissau – é de uma plataforma de organizações sociais malianas. Há também acusações de que os presidentes Allassane Outtara, da Costa do Marfim, e Blaise Compaoré, do Burkina Faso, protegidos de Paris, terão depois concedido aos golpistas em Bamako e Bissau o apoio da Cedeao, a organização económica dos estados da África Ocidental, de forte influência francófona. Na Guiné-Bissau, dois meses depois do golpe liderado pelo general Indjai, os patriotas organizam a resistência à ditadura militar de fachada civil.


Uma plataforma de organizações não-governamentais do Mali denuncia os serviços secretos franceses, com apoio de alguns estados da região, de terem orquestrado os recentes golpes militares naquele país e na Guiné-Bissau.

As ONG malianas acusam também a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) de ter legitimado no poder os golpistas em Bamako e Bissau, apesar de proclamar «tolerância zero» contra golpes de estado. Considerando a Cedeao «um sindicato dos chefes de estado da África Ocidental», apelidam a organização encabeçada pelo presidente da Costa do Marfim, Allassane Outtara, de «tentáculo dos chefes de estado ocidentais, principalmente da França, que não vêem na África senão um reservatório de minérios inesgotáveis, um lugar de esvaziamento dos seus produtos que não se vendem nos mercados dos outros países industrializados».

Apelando à construção de uma «Cedeao dos povos», as ONG do Mali denunciam o papel de Blaise Compaoré, presidente do Burkina Faso, a quem tratam por «um homem de França, o animador do mercado negro de França em África para venda de armas e droga, (…) aquele que sufoca todas as tentativas de os povos quererem tomar nas mãos o seu destino».


Na Guiné-Bissau, onde meios democráticos divulgaram as posições das ONG malianas, são cada vez mais evidentes as ligações dos golpistas de 12 de Abril ao narcotráfico e a sua submissão a interesses estrangeiros.

Por um lado, há indícios da intensificação do tráfico de droga nas últimas semanas. Por exemplo, o pessoal da empresa privada que fazia a segurança do aeroporto de Bissau foi substituído por gente ligada à cúpula militar do golpe. O objectivo seria garantir a segurança das operações aéreas de narcotráfico, já que com a chegada das chuvas as pistas de terra batida tornam-se mais perigosas. E há testemunhos no interior do país – desde a fronteira com o Senegal, a Norte, até ao arquipélago dos Bijagós – de um maior movimento das «avionetas do pó branco», acolhidas em terra por soldados fardados…

Por outro lado, o golpe castrense de há dois meses consolidou-se com a conivência da Cedeao. Foram nomeados um presidente da república fantoche e um governo «de transição» chefiado por um militante do PRS de Kumba Ialá, a eminência parda civil do regime «tropacrático» (assim classificado pelo PAIGC, o partido maioritário que foi derrubado e marginalizado). Ministros, altos funcionários, o presidente da Comissão Nacional de Eleições, presidentes de câmara, responsáveis da rádio e da televisão estatais foram afastados e substituídos por gente da confiança dos golpistas. A missão de cooperação militar angolana, a Missang, com 270 membros, deixou Bissau e foi substituída por uma força da Cedeao, com 600 militares e polícias, sobretudo da Nigéria e do Senegal, chefiada por um oficial burkinês. Os militares guineenses anunciaram que «regressaram às casernas» mas é óbvio, apesar da cosmética, que o homem forte do país é o chefe do estado-maior das forças armadas, general António Indjai, o líder de facto da ditadura de fachada civil instaurada.

Apesar deste contexto político-militar complexo, da tensão social existente e da deterioração da frágil economia (campanha da castanha de caju afectada, administração pública inoperante, salários em atraso, projectos parados, ajudas internacionais suspensas parcialmente, ano escolar perdido, abastecimento de electricidade e água à beira da ruptura), os guineenses resistem.

O PAIGC e outras forças políticas constituíram uma frente anti-golpista, sindicatos, organizações não-governamentais e movimentos sociais exigem o restabelecimento da legalidade constitucional e da democracia, jornalistas corajosos denunciam na Internet e em outros meios a repressão, as perseguições, os abusos, as ilegalidades.
No plano diplomático, o ministro dos negócios estrangeiros do governo derrubado, Djaló Pires, e o presidente do PAIGC e ex-primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior – que foi preso pelos golpistas, mais tarde libertado e enviado para a Costa do Marfim e que agora se encontra em Portugal – têm desenvolvido esforços junto da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e das Nações Unidas. No sentido de uma maior intervenção da comunidade internacional para o retorno à normalidade constitucional na Guiné-Bissau, para a conclusão das eleições presidenciais e para aplicação de sanções aos cabecilhas militares e políticos do golpe.

É, no entanto, pouco provável que as grandes potências imperiais estejam dispostas, por causa da «pequena» Guiné-Bissau, a beliscar os interesses dos seus aliados na zona – os Estados Unidos em relação à Nigéria ou a França em relação ao Senegal, Costa do Marfim e Burkina Faso.

Terão pois de ser os próprios patriotas guineenses a libertar-se – de ditaduras mais ou menos encapotadas, do crime organizado, da corrupção, das divisões étnicas instigadas do exterior – e a construir na sua terra a paz, a democracia e o progresso.

 

Mensagens sobre este artigo no Facebook

  • William Namiram Ramalho pouca vergonha e a filhos d putas que ainda defendam este gajos , so digo-vos uma coisa os vos fim vão ser bonito vão tantos para os militares golpistas , os 5 contestarios da primeira volta assim como todos que fazem parte deste governo de porcaria, vão pagar e carro .

    há 6 horas · Gosto · 1

  • Alain Coutte Esta é uma propaganda vergonhoso de Angola e os criados dele que quiseram destinar o óleo e a bauxita de Guiné-Bissau, nada mais!
    Quem é o dono da companhia de óleo de Guiné-Bissau?
    Que país teve o projeto para extrair a bauxita na região de Farim, no desprezo maior do ambiente e a população local?
    Queridos amigos e irmãos guineenses, reflita pouco e não o deixe pôr para dormir pela propaganda fatal!!

    há 5 horas · Gosto · 2

  • Alain Coutte Queridos amigos Guinéens, você pede a pergunta bastante saber que deveria financiar este golpe de estado bastante.
    O que são as pessoas (ou os grupos de pessoas / cartéis) que deveriam usar Guiné-Bissau bastante como plataforma de trânsito para as sujeiras deles/delas de produtos que matam nossas crianças?
    Eu sou francês, mas eu sou um sócio de veterans de guerra de Guiné-Bissau ter ajudado Amilcar e Luis Cabral, como também o PAIGC para evacuar as pessoas feridas deles/delas de Ziguinchor no Dakar, em um avião que eu pilotei nos anos setenta.https://www.facebook.com/photo.php?fbid=258230980881171&set=oa.258532027517320&type=1&theater

    há 4 horas · Gosto

  • Alain Coutte Ninguém pode me acusar de ter colaborado ou lutar no lado dos portuguêses durante a guerra de liberação de Guiné-Bissau.
    Os israelitas teriam permitido Göring para se tornar o Presidente do estado de Israel?!?! Pense !!!

    há 4 horas · Gosto

  • Flora Cably Caro Amigo Alain, descance em paz aos poucos maioria doe guineenses vão descubrir os desmando do eixo do mal...A frança não tem nada a ver com isso...Eles é que tem ciumes dos franceses

    há 3 horas · Gosto

  • Alain Coutte Lhe agradeça Flora Cably, mas não está surpreendendo, enquanto a França não tem nenhum interesse econômico e financeiro principal em Guiné-Bissau - com exceção de algumas pessoas francesas que possuem hotéis nas Ilhas de Bijagos - ver tal uma propaganda vergonhoso de desinformação e envenenando para a França?
    Quem deveria publicar tais afirmações enganosas bastante, sem citar o nome disto " plataforma de ONG (ORGANIZAÇÃO NÃO-GOVERNAMENTAL) do Mali" ???
    Quem quer ser capaz a ele político em Guiné-Bissau, (controle a economia do óleo e a bauxita???
    Quem colaborou com o português durante a guerra de liberação de Guiné-Bissau???

1 comentário:

  1. Quem disse que a França não tem nenhum interesse na Guiné-Bissau?talvez esteja com problemas na memoria.O que tropas franceses foram fazer na guerra civil de 7 de junho de 1998,com todos os seus materias bélicos,inclusive aquele carro de combate que destruiu Bissau?qual é carro de combate que matou barbaramente os nossos irmãos em CIFAP?não confundamos as coisas,França nunca foi amiga da Guiné-Bissau.Sempre quis é explorar.Amiga foi de alguns lideres corruptos da Guiné.França sempre almeja mal para África,financiou quase todos os conflitos armados,destruiu maiores lideres da África...Vão estudar direito a história.

    Egas Katar

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