O cineasta Flora Gomes, o mais conhecido da Guiné-Bissau, foi homenageado em Bissau numa gala organizada por jovens do movimento Ação Cidadã que o realizador diz ser "uma nova luz" para o futuro do país.
A homenagem ao realizador, único guineense com cinco longas-metragens no palmarés, juntou amigos, familiares, veteranos da luta armada pela independência do país, políticos, académicos e colegas da profissão.
Todos deixaram palavras de elogio a Flora Gomes, que, segundo Paulo Gomes, antigo candidato à presidência da Guiné-Bissau se trata "de um monstro sagrado da cultura e arte" guineense que merece "o carinho e admiração de todos".
Para o veterano de luta pela independência, Manuel dos Santos "Manecas", o realizador Flora Gomes "é um dos grandes construtores do sonho guineense" através dos seus filmes que "engrandecem o nome da Guiné-Bissau".
O último filme de Flora Gomes, o "Republica di mininus" (Republica das Crianças), uma ficção sobre a vida num país governado por crianças, foi rodado em Moçambique, pelo que foi o mote para o representante da UNICEF (Fundo das Nações Unidas para Infância) na Guiné-Bissau, Abubacar Sultan, pegar para enaltecer "a grandeza da obra" de Flora Gomes por trazer para o cinema "um tema atual em quase todos os países africanos".
O filho Lenart e a mulher Cândida Gomes agradeceram a homenagem a Flora Gomes que dizem ser "um visionário" pelos temos que retrata mas que muitas das vezes é incompreendido no seu próprio país.
A própria esposa de Flora Gomes diz que quase sempre vê os filmes do marido durante "muito tempo" até perceber o alcance das obras que vão da epopeia da luta armada pela independência, as dificuldades no processo de construção de um pais recém-independente, a desmatação da floresta, a importância da música na vida de um africano e as guerras africanas num país governado por crianças.
Visivelmente emocionado, o realizador agradeceu os jovens do movimento Ação Cidadã que diz serem "uma nova luz" para o futuro da Guiné-Bissau pelo facto de serem os primeiros a homenageá-lo volvidos mais de 40 ano desde que vem contando histórias do país através do cinema.
"Depois de tanto silêncio no meu país, até começava a pensar que os guineenses não vêm o que eu e outros realizadores fazemos", afirmou Flora Gomes que já foi homenageado na Tunísia, no Egito, em França nos Estados Unidos, entre outros países.
Flora Gomes, de 64 anos, já realizou até aqui cinco filmes: Mortu Nega, Olhos Azuis de Yonta, Po di Sangui, Nha Fala e República di Mininus, além de vários documentários.
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