As eleições presidenciais e legislativas da Guiné-Bissau, realizadas domingo (13), transcorreram sem incidentes, de acordo com as missões observadoras que acompanharam o primeiro turno. O escrutínio que marcará a volta do país à democracia, após o golpe de Estado de 2012 atraiu parte expressiva da população, que foi às urnas principalmente no período da manhã.
Segundo a Comissão Nacional de Eleições, o resultado da apuração dos votos em cédulas de papel, deve ser conhecido apenas na sexta-feira (19).
Representantes da União Africana (UA), Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) e da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) disseram, após o fim das votações, na tarde de ontem (13), que a ida às urnas ocorreu de forma “calma e ordeira”. Joaquim Chissano, ex-presidente de Moçambique e chefe da Missão de Observadores Eleitorais da UA, destacou a "paz e tranquilidade" com que decorreu o ato eleitoral.
José Ramos-Horta, ex-presidente do Timor-Leste e representante das Nações Unidas na Guiné-Bissau disse que a participação dos eleitores pode ter ultrapassado os 80% de um total de 775.508 cidadãos cadastrados. "Parabéns sobretudo ao povo e aos líderes políticos porque é pelo discurso deles, de moderação, de sentido de Estado, que contribuíram para que o povo não ficasse agitado", observou.
A principal preocupação a partir de agora é quanto à aceitação do resultado que será conhecido até o fim da semana. Em 2012, o golpe de Estado foi aplicado por militares dias após o resultado do primeiro turno e véspera do início da campanha eleitoral para o segundo turno. Ontem, o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas da Guiné-Bissau, Antônio Indjai, soltou duas pombas brancas após depositar seu voto na urna.
Ramos-Horta disse que espera que o partido vencedor saiba "abraçar" os menos votados e iniciar um processo de diálogo no país. "A comunidade internacional parece que está dando uma última oportunidade [à Guiné-Bissau]", ressaltou. Treze candidatos concorreram à Presidência e 15 partidos a 102 cadeiras na Assembleia Nacional Popular.
"Gastaram-se aqui dezenas de milhões de dólares em investimentos nas eleições, centenas de pessoas vieram aqui ao longo de dois anos, em diferentes funções. Isto custou-lhes tempo, energia e dinheiro", concluiu o representante da ONU. Somente o Timor-Leste doou cerca de US$ 6 milhões para a realização das eleições, que arrecadaram cerca de US$ 30 milhões quando somados ao apoio da União Europeia e da Cedeao.
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