A atividade económica na Guiné-Bissau continua a ser "severamente afetada" pelas consequências do golpe de Estado militar de abril de 2012, refere o Fundo Monetário Internacional (FMI) numa declaração divulgada na terça-feira.
Uma missão do FMI visitou o país entre 10 e 13 de fevereiro e concluiu que a economia guineense não recuperou da contração registada em 2012 (o Produto Interno Bruto caiu 1,5%): o país perdeu receitas fiscais, ajudas externas e o preço do caju (maior produto de exportação) caiu.
A atividade no país "tem sido severamente afetada pelas consequências económicas e políticas duradouras do golpe de 2012" e este ano, tudo depende "da campanha de caju e da ajuda externa", refere o documento.
O FMI recomenda a rápida definição da política anual para a maior campanha agrícola do país (a maioria das famílias depende da produção de caju), por forma a evitar "as incertezas que minaram a campanha do último ano".
Segundo o relatório, apesar de em 2013 o volume de produção daquele fruto seco ter crescido comparativamente com 2012, o preço de compra ao produtor caiu abruptamente - pelo que o PIB do país avançou apenas 0,3% em relação ao ano anterior.
O cenário da economia guineense tem sido agravado com "a queda da receita fiscal e o fraco apoio financeiro internacional" desde que aconteceu o golpe e que têm levado "à acumulação de salários em atraso nos últimos meses" em vários setores públicos, entre os quais, a saúde e ensino.
Dadas as perspetivas de o Estado pouco poder arrecadar por via fiscal nos próximos meses, principalmente antes do início da campanha de caju, a missão pediu "rigorosos controlos de gastos e uma gestão de caixa prudente para evitar que se acumulem mais pagamentos em atraso".
"A missão aguarda por uma resolução positiva para a instabilidade política e pelo início de diálogo com um novo governo eleito para ajudar a enfrentar os desafios económicos e de desenvolvimento do país", conclui a declaração.
A missão do FMI na Guiné-Bissau foi conduzida por Mauricio Villafuerte e reuniu-se, entre outros, com o ministro das Finanças, Gino Mendes, o ministro da Economia, Soares Sambu, e o diretor nacional do Banco Central dos Estados da África Ocidental (BCEAO), João Fadia.
Já na última semana, antes de deixar o país, Villafuerte tinha referido em conferência de imprensa que a acumulação de atrasos nos pagamentos do Estado "coloca desafios adicionais para 2014".
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