O modo de vida "em vias de extinção" dos Bijagós, povo do arquipélago de 88 ilhas e ilhéus da Guiné-Bissau, está retratado numa série de quatro documentários em estreia na capital guineense.
"No Reino Secreto dos Bijagós: Escultores dos Espíritos" estão a ser exibido no Centro Cultural Português, numa sessão em que participam os produtores e realizadores Luís Correia e Noémie Mendelle, da LX Filmes.
Junta-se ainda à exibição e debate com o público o produtor associado Sana Na Nhada.
Os Bijagós "têm uma forma de olhar a natureza pouco comum, em que há consciência de que tudo está interligado e o homem não está acima do resto", referiu Luís Correia à agência Lusa, ao explicar a abordagem ao tema.
"Por isso é tão complicado cortar uma árvore: eles sabem que isso tem consequências", acrescentou.
Este é o "pano de fundo: um modo de vida em extinção", porque "aquilo a que se chama desenvolvimento está a fazer com que os jovens estejam a abandonar as tradições".
Na prática, "é como tirar uma peça de uma construção em blocos e tudo implodir".
O primeiro documentário (estreado em setembro de 2014, em Lisboa) é dedicado ao lado espiritual, "à relação mágica com a natureza" e pela frente está mais um ano de filmagens para produzir os restantes três filmes que completam a série.
O seguinte será dedicado à relação dos Bijagós com as plantas e o mundo vegetal, o terceiro documentário vai retratar a influência da modernidade, enquanto o último estará centrado na conservação da natureza e biodiversidade.
A série é uma coprodução da LX Filmes e do programa Próximo Futuro, da Fundação Calouste Gulbenkian, e tem ganhado diversos apoios e parceiros à medida que tem sido divulgado.
O arquipélago dos Bijagós, que inclui ilhas a pouco mais de dois quilómetros do continente, como a antiga capital Bolama, e outras a mais de cem, está classificado pela UNESCO como reserva da Biosfera - onde se procura conciliar a biodiversidade rica com desenvolvimento sustentável.
A valorização dos recursos naturais, por exemplo, com fins de ecoturismo, é uma das apostas do Governo guineense, eleito em 2014.
LFO // VM
Lusa
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