segunda-feira, 8 de junho de 2015

A morte não conseguiu travar a publicação da obra de Luís Cabral

Quando, há 6 anos, a morte o levou, Luís Cabral ia na página 70 do seu livro de memórias. Mas a morte não chegou para que as “Memórias e Discursos” do primeiro presidente guineense,
vissem a luz do dia. Tal como a do seu irmão e primeiro líder do PAIGC, Amílcar Cabral, não travou a independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde.


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Editado pela Fundação Amílcar Cabral, “Memórias e
Discursos” foi lançado na semana passada em Lisboa. Josefina Cabral, viúva do primeiro presidente guineense  afirma  que  o  marido  se  lançou  na  obra “para a nova geração conhecer a realidade do país”.

Os discursos, textos e entrevistas estão hoje espalhados por muitas partes, mas Josefina Cabral recusa que sejam letra morta. “Estão no arquivo, nos jornais, mas ninguém fala”, disse ao Africa Monitor.

A conclusão da obra que a “doença acabou por não deixar concluir”, foi possível com o apoio da investigadora Ângela  Coutinho. Cinco anos depois, Josefina Cabral congratula-se com o resultado.

O livro, diz Josefina Cabral, “é mais para pessoas que não sabem a realidade da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, o porquê da unidade” entre as duas ex-colónias portuguesas.

“Para esta nova geração e as futuras gerações lerem porque se fez a luta de libertação”, adiantou.

O governo de Luis Cabral foi deposto em 1980 por João
Bernardo “Nino” Vieira, seu primeiro-ministro, e o presidente detido durante 13 meses. A fação do PAIGC que tinha origens cabo-verdianas foi acusada por fações guineenses de dominar o partido. Seguiu-se o exílio em Cuba, e, desde 1984, Portugal.

Sempre se recusou a regressar a Bissau enquanto “Nino” estivesse no poder. Só o fez depois da queda de “Nino”, em 1999. Mas nunca aceitou voltar ao PAIGC ou à política guineense. Para já, a família não pensa trasladar os seus restos mortais à terra-natal.

Segundo Josefina Cabral, o pagamento da pensão do ex.presidente sempre foi irregular e não foi possível recuperar os valores em atraso. Ainda agora, que a viúva é a beneficiária, “sempre que há problemas” em Bissau,  há corte”.

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