"O ano de 2014 foi um ano terrível", recorda Rui Fonseca, encarregado da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO, sigla inglesa) em Bissau, que saúda a retoma verificada este ano.
A produção de arroz na Guiné-Bissau, principal alimento da população, deverá crescer cerca de um terço em relação a 2014, mas, ainda assim, ficar abaixo da média dos últimos cinco anos, de acordo com um relatório sobre a campanha agrícola.
"Considerando as diferentes variedades de arroz, parece que a produção de arroz pode chegar às 170.269 toneladas", um aumento de "28,1% em relação ao ano passado", mas, ainda assim, 8,9% abaixo da média dos últimos cinco anos, refere o documento, a que a Lusa teve acesso, elaborado pelo Governo e parceiros de desenvolvimento.
Para além de haver mais arroz produzido localmente, facilitando a diminuição das necessidades de importação relativamente a 2014, as famílias conseguiram ganhar mais dinheiro na campanha de caju, cujo preço pago produtor praticamente duplicou.
O valor subiu de 250 a 350 francos CFA por quilo (entre 38 a 52 cêntimos de euro) no último ano para 350 a 600 (entre 53 a 91 cêntimos de euro) em 2015.
Este cenário pode ajudar as famílias a garantir mais meses de autossuficiência alimentar, mas o relatório alerta para uma tendência de subida de preços nos mercados.
O documento refere ainda que há mais de cem casos graves de subnutrição que estão a ser acompanhados na região de Quinara (sul do país) e que um terço dos agregados familiares vive em insegurança alimentar e nutricional em Tombali (também no sul).
A população de ambas as regiões vive prejudicada pelo isolamento, agravado pelas inundações da época das chuvas, que deixou famílias desalojadas e sem terras.
Mesmo assim, de uma forma geral, a campanha agrícola atual é mais favorável que a anterior.
Houve "mais chuva", os ataques de parasitas ou outras espécies foram diminutos e as pastagens também estão em boas condições em todo o país.
Segundo o relatório, o setor agropecuário mostra também melhorias graças às campanhas de vacinação dos últimos anos.
O relatório preliminar é elaborado todos os anos pela FAO em conjunto com o Programa Alimentar Mundial (PAM), o governo guineense e o Comité Permanente Inter-estados de Luta Contra a Seca no Sahel (CILSS).
Esta última edição, dedicada à campanha 2015/16, foi feita com base em 74 inquéritos a explorações agrícolas de todo o país e visitas ao terreno entre 28 de setembro e 2 de outubro.
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