O Procurador-Geral da República da Guiné-Bissau, António Sedja Mam, ordenou a suspensão de um programa de debate da Rádio Difusão Nacional (RDN), devido à "situação político-social" no país, anunciou em ofício.
"É temporariamente suspendido (suspenso) o programa do debate que é realizado aos sábados na RDN sob moderação do senhor Ricardo Semedo", refere o documento a que a Lusa teve acesso, assinado pelo PGR e dirigido na sexta-feira ao diretor da RDN, Muniro Conté.
Sedja Mam justifica a medida com "a situação político-social que se vive no país", sem especificar, e com a necessidade de "salvaguardar" o que classifica como "valores éticos superiores" da "ordem, paz, estabilidade" e "segurança institucional", tanto do "ponto de vista interno" como "externo".
O documento acabou por ser divulgado no programa "Cartas na Mesa", que se manteve no ar.
O espaço debate temas da atualidade, com destaque para a política, em que diferentes comentadores exprimem as suas opiniões sobre os acontecimentos da semana.
Contactado pela Lusa, o PGR escusou-se a adiantar mais detalhes e remeteu explicações para terça-feira, dia em que deverá manter um encontro com a direção da RDN.
O diretor da rádio escusou-se também a fazer comentários à Lusa, encaminhando as questões para a tutela, o Ministério da Comunicação Social.
Agnelo Regala, titular da pasta no Governo, referiu que a matéria está a ser analisada e prometeu uma posição para mais tarde.
Segundo as informações da RDN, o painel fixo de comentadores inclui Suleimane Cassamá e Jamel Handem, ambos economistas, tendo deixado o programa há poucas semanas um terceiro comentador, Seco Cassamá, engenheiro ambiental, nomeado pelo Governo para um cargo público.
O PGR, António Sedja Mam, foi nomeado para o cargo há duas semanas pelo Presidente da República, José Mário Vaz.
Em agosto, o chefe de Estado destituiu o Governo eleito em 2014 e escolheu um novo primeiro-ministro que, entre as primeiras medidas, decidiu mudar a direção da rádio e televisão nacionais.
Mas esse Governo acabaria por ser considerado inconstitucional e os diretores, entre os quais Muniro Conté, voltaram aos seus lugares.
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