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quinta-feira, 3 de outubro de 2019
Intercept Brasil Sábado, 28 de setembro de 2019 Exclusivo: a agenda de Ricardo Salles com os destruidores do planeta
quarta-feira, 14 de agosto de 2019
Domingos Simões Pereira: Candidatura às presidenciais seria "obrigação" após "criar expetativa nos guineenses"
Domingos Simões Pereira: Candidatura às presidenciais seria "obrigação" após "criar expetativa nos guineenses"
Por João Carlos (Lisboa) | há 15 horas
Em entrevista exclusiva à DW, Domingos Simões Pereira diz sim a uma candidatura às eleições de 24 de novembro - se essa for a vontade do PAIGC - e acusa o Presidente José Mário Vaz de "atentado às regras democráticas".
Domingos Simões Pereira está totalmente disponível para entrar na corrida às eleições presidenciais de 24 de novembro na Guiné-Bissau, se o Partido Africano para a Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde (PAIGC) entender que é a pessoa certa para derrotar José Mário Vaz, o seu principal adversário.
Guiné-Bissau: Figuras do Parlamento rumo às presidenciais
Em entrevista exclusiva à DW África, em Lisboa, afirma que tem essa "obrigação", depois de criar expectativa entre os guineenses: "Eu fiz os guineenses acreditar, eu faço parte desse acreditar dos guineenses. Eu não posso virar cara à luta".
Simões Pereira acredita que a soma de todas as sensibilidades existentes no seio do partido saberá interpretar a sua disponibilidade e garante que a decisão sobre quem será o candidato do PAIGC será conhecida dentro de dez dias.
"Dentro do PAIGC, se há algo que hoje funciona são as regras. O estatuto é o que fala mais alto. E, portanto, de acordo com o estatuto, nós vamos ter uma reunião do presidium para estabelecer a agenda da nossa comissão permanente", afirma.
POLÍTICA | 08.07.2019
Jomav: Coabitação com DSP não seria boa para a Guiné-Bissau
Nessa altura, será apresentada uma proposta ao Bureau Político do PAIGC e caberá ao Comité Central deliberar sobre o candidato. Nesta condição, Simões Pereira diz que ainda é cedo para falar de propostas concretas, mas adianta já que não será necessário mudar a Constituição para alterar o regime semipresidencialista.
"Eu acho que as pessoas é que não têm sabido interpretar e fazer jus àquilo que é o ordenamento jurídico que foi escolhido. Eu acredito que o sistema semipresidencial é mais democrático do que os outros sistemas", explica.
Renovar a figura do Presidente
Sede do PAIGC, em Bissau
A figura presidencial, sublinha, é fundamental, nomeadamente nas Forças Armadas, onde "o trabalho do Presidente da República é muito importante" para avançar com a reforma.
E os desafios não ficam por aqui: "Temos um ambiente a cuidar. Somos um país ribeirinho. Somos um país que, com a alteração climática, temos um aumento do nível das águas do mar que pode por em causa várias zonas do nosso território. Nós temos camadas sociais vulneráveis. Temos uma taxa de mortalidade infantil e materna das mais elevadas do mundo".
"A alteração desse quadro", frisa Simões Pereira, "passa por um Presidente da República que tem sensibilidade suficiente para trabalhar com o Governo no sentido de destacar parte do seu orçamento para o atendimento dessas necessidades".
Para o líder do PAIGC, o Presidente da República dever ser uma figura que promova o "diálogo permanente" com todos em busca de consensos que favoreçam a construção da nação guineense. Neste âmbito, propõe exercer uma presidência aberta sem se constituir num factor de bloqueio. Garante à comunidade internacional que será um factor da estabilidade, com o envolvimento de todos os guineenses.
"Essa garantia à comunidade internacional tem que resultar do compromisso que nós vamos estabelecer a nível interno. É impossível dar garantias à comunidade internacional quando nós não somos capazes de consolidar uma postura nacional a favor dos grandes objectivos", considera.
Domingos Simões Pereira quer uma Guiné-Bissau comprometida, onde a lei seja respeitada e onde a Constituição deve ser realmente a matriz. "Todos temos um único objetivo, que é a vitória da Guiné-Bissau", sublinha.
DSP e Jomav: Uma relação complicada
Domingos Simões Pereira e José Mário Vaz
O líder do PAIGC admite que o seu principal adversário poderá ser José Mário Vaz, cujo mandato de cinco anos como chefe de Estado terminou oficialmente a 23 de junho passado, considerando que "isso depende dele e do partido".
"O meu partido irá decidir quem apresentar como seu candidato. No caso dele é bastante mais fácil. Terá que ser simplesmente ele a decidir", afirma.
Domingos Simões Pereira garante que, "em termos pessoais", não se sentiu atingido pelo facto de não ter sido indigitado para o cargo de primeiro-ministro pelo Presidente, ainda em funções até à realização das eleições, mas, "enquanto cidadão" o caso muda de figura, "porque é claramente um atentado às regras democráticas".
"Um Presidente da República que não aceita aquilo que é o resultado de umas eleições legislativas não tem condições de contribuir para a consolidação democrática", sublinha.
"Com a minha não confirmação como chefe de Governo, senti que houve aí um desperdício de oportunidades", lamenta, sublinhando, no entanto, que olha "sempre para as partes positivas dos factos".
Guiné-Bissau: Simões Pereira disponível para presidenciais
"Olho para o quadro global e tenho que concluir que, mesmo sem a minha indigitação, o país dispõe de um plano estratégico operacional, o país dispõe de um Governo, de uma Assembleia Nacional Popular democrática e funcional. Temos outros desafios mas temos também algumas conquistas", considera.
O problema da relação entre Domingos Simões Pereira e José Mário Vaz "só existe num sentido", esclarece. "No sentido do José Mário Vaz em relação ao Domingos Simões Pereira e não o contrário", precisa. "Considero que o exercício de funções públicas obriga a uma preparação de cada um dos titulares a compreender que está a desempenhar ou a cumprir uma missão. E não propriamente a escolher aquilo que é mais conveniente para ele. Porque nenhum de nós foi escolhido para gostar do outro".
Simões Pereira considera que Jomav provou que é um cidadão que não partilha as preocupações da grande maioria dos guineenses, "insistiu e provocou a crise", remata, referindo-se ao período entre 2015 e 2019, em que o país viveu uma espécie de "calvário inventado e sustentado por um homem que, obviamente, tinha o apoio de mais gente atrás dele".
Respeito por todos os candidatos
O líder do PAIGC não está igualmente preocupado com a candidatura independente de Carlos Gomes Júnior, que mantém a sua condição de militante. Diz respeitar todos os cidadãos nacionais que, no gozo das suas liberdades, se mostrem disponíveis a servir o país.
"Se é essa a condição com que o Carlos Gomes se apresenta como candidato tem que ter o nosso respeito, tem que ter a nossa consideração e esperamos que também no uso das suas liberdades o povo guineense saiba decidir se ele tem condições para o efeito ou não", sublinha.
Domingos Simões Pereira, que regressou esta terça-feira (13.08) à Guiné-Bissau, estabeleceu contatos intensos com várias entidades e setores da diáspora guineense em Portugal, com os quais refletiu sobre a situação política, social e económica guineense.
Se for eleito Presidente da República, Simões Pereira garante que deixará a liderança do partido.
Fonte: DW.
segunda-feira, 15 de julho de 2019
VazaJato: a crise chega ao TRF4
O maior argumento do ex-juiz Sergio Moro para defender suas sentenças de primeira instância – intoxicadas por inegáveis odores ilegais – é de que elas foram confirmadas por tribunais superiores. Moro tem repetido isso em entrevistas, e disse o mesmo quando foi tentar explicar o inexplicável no Senado e na Câmara. Mas e se os tribunais superiores estiverem, também eles, contaminados pelo relacionamento ilegal entre acusadores e juízes?
Depois de se mostrarem inconstitucionalmente íntimos de ministros do Supremo Tribunal Federal (como mostramos nos episódios “in Fux we trust” e “Aha uhu o Fachin é nosso”), nesta semana foi a vez dos chats secretos enrolarem o Tribunal Regional Federal 4, a instância que confirmou a maior parte das sentenças de Moro. Em parceria com os repórteres da revista Veja, nós abrimos mais uma janela da #VazaJato. Do outro lado está o desembargador João Pedro Gebran Neto.
Em julho de 2017, o repórter Andreas Müller escreveu sobre Gebran no site da revista piauí:
“Sua trajetória reconhecida não o poupou de polêmicas, sobretudo por um detalhe pessoal nada irrelevante entre os réus condenados na Lava Jato: Gebran é amigo de Sérgio Moro, de quem foi colega de mestrado na Universidade Federal do Paraná, no início dos anos 2000. Os dois foram orientados pelo mesmo professor, o renomado constitucionalista Clèmerson Merlin Clève.
(...)
Na seção de agradecimentos do livro A Aplicação Imediata dos Direitos e Garantias Individuais, com base na sua tese de mestrado, Gebran descreve Moro como um “homem culto e perspicaz”. “Nossa afinidade e amizade só fizeram crescer nesse período, sendo certo que [Moro] colaborou decisivamente com sugestões e críticas para o resultado deste trabalho”, escreveu Gebran.
(...)
“Se sou ou não sou amigo do juiz Sérgio Moro, isso é uma questão juridicamente irrelevante”, declarou Gebran, em abril, a uma emissora de tevê do Paraná.”
Os chats revelados essa semana, que mostram que também o TRF4 está sob suspeição, passam longe de revelar imparcialidade apenas no caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nos diálogos nos quais Gebran é citado, o personagem é Adir Assad, um dos operadores de propinas da Petrobras e de governos estaduais, preso pela primeira vez em 2015. E que conversas são essas? Uma tabelinha entre o desembargador – que deveria ser independente – e o procurador, uma costura de ambos para melhor atender a seus interesses, deixando as defesas dos réus em julgamentos às cegas, destruindo assim a confiança em todo o sistema judiciário.
“Cinco meses antes do julgamento do caso em segunda instância no TRF4, o procurador Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa em Curitiba, comenta em um chat com outros colegas do MPF: “O Gebran tá fazendo o voto e acha provas de autoria fracas em relação ao Assad”. O assunto é tema de outra conversa, de 5 de junho de 2017, entre Dallagnol e o procurador Carlos Augusto da Silva Cazarré, da força-tarefa da Procuradoria Regional da República da 4ª Região, que atua junto ao TRF4. No diálogo, ocorrido às vésperas do julgamento da apelação de Assad, Dallagnol mostra-se novamente preocupado com a possibilidade de Gebran absolver o condenado. Naquele momento, em paralelo, a força-tarefa negociava com o condenado um acordo de delação (esse acordo seria fechado em 21 de agosto de 2017). Daí a preocupação do MPF com a possibilidade de Assad ser absolvido e voltar atrás nas conversas sobre delação. No chat, Dallagnol aciona Cazarré, que fica em Porto Alegre, sede do TRF4. “Cazarré, tem como sondar se absolverão assad? (…) se for esse o caso, talvez fosse melhor pedir pra adiar agilizar o acordo ao máximo para garantir a manutenção da condenação…”, escreve Dallagnol. “Olha Quando falei com ele, há uns 2 meses, não achei q fisse (sic) absolver… Acho difícil adiar”, responde Cazarré. Na sequência, Dallagnol volta a citar Gebran: “Falei com ele umas duas vezes, em encontros fortuitos, e ele mostrou preocupação em relação à prova de autoria sobre Assad…”. Dallagnol termina pedindo ao colega que não comente com Gebran o episódio do encontro fortuito “para evitar ruído”. (leia a íntegra da reportagem na Veja, aberta para não-assinantes)
8 de fevereiro de 2017
Depois de se mostrarem inconstitucionalmente íntimos de ministros do Supremo Tribunal Federal (como mostramos nos episódios “in Fux we trust” e “Aha uhu o Fachin é nosso”), nesta semana foi a vez dos chats secretos enrolarem o Tribunal Regional Federal 4, a instância que confirmou a maior parte das sentenças de Moro. Em parceria com os repórteres da revista Veja, nós abrimos mais uma janela da #VazaJato. Do outro lado está o desembargador João Pedro Gebran Neto.
Em julho de 2017, o repórter Andreas Müller escreveu sobre Gebran no site da revista piauí:
“Sua trajetória reconhecida não o poupou de polêmicas, sobretudo por um detalhe pessoal nada irrelevante entre os réus condenados na Lava Jato: Gebran é amigo de Sérgio Moro, de quem foi colega de mestrado na Universidade Federal do Paraná, no início dos anos 2000. Os dois foram orientados pelo mesmo professor, o renomado constitucionalista Clèmerson Merlin Clève.
(...)
Na seção de agradecimentos do livro A Aplicação Imediata dos Direitos e Garantias Individuais, com base na sua tese de mestrado, Gebran descreve Moro como um “homem culto e perspicaz”. “Nossa afinidade e amizade só fizeram crescer nesse período, sendo certo que [Moro] colaborou decisivamente com sugestões e críticas para o resultado deste trabalho”, escreveu Gebran.
(...)
“Se sou ou não sou amigo do juiz Sérgio Moro, isso é uma questão juridicamente irrelevante”, declarou Gebran, em abril, a uma emissora de tevê do Paraná.”
Os chats revelados essa semana, que mostram que também o TRF4 está sob suspeição, passam longe de revelar imparcialidade apenas no caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nos diálogos nos quais Gebran é citado, o personagem é Adir Assad, um dos operadores de propinas da Petrobras e de governos estaduais, preso pela primeira vez em 2015. E que conversas são essas? Uma tabelinha entre o desembargador – que deveria ser independente – e o procurador, uma costura de ambos para melhor atender a seus interesses, deixando as defesas dos réus em julgamentos às cegas, destruindo assim a confiança em todo o sistema judiciário.
“Cinco meses antes do julgamento do caso em segunda instância no TRF4, o procurador Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa em Curitiba, comenta em um chat com outros colegas do MPF: “O Gebran tá fazendo o voto e acha provas de autoria fracas em relação ao Assad”. O assunto é tema de outra conversa, de 5 de junho de 2017, entre Dallagnol e o procurador Carlos Augusto da Silva Cazarré, da força-tarefa da Procuradoria Regional da República da 4ª Região, que atua junto ao TRF4. No diálogo, ocorrido às vésperas do julgamento da apelação de Assad, Dallagnol mostra-se novamente preocupado com a possibilidade de Gebran absolver o condenado. Naquele momento, em paralelo, a força-tarefa negociava com o condenado um acordo de delação (esse acordo seria fechado em 21 de agosto de 2017). Daí a preocupação do MPF com a possibilidade de Assad ser absolvido e voltar atrás nas conversas sobre delação. No chat, Dallagnol aciona Cazarré, que fica em Porto Alegre, sede do TRF4. “Cazarré, tem como sondar se absolverão assad? (…) se for esse o caso, talvez fosse melhor pedir pra adiar agilizar o acordo ao máximo para garantir a manutenção da condenação…”, escreve Dallagnol. “Olha Quando falei com ele, há uns 2 meses, não achei q fisse (sic) absolver… Acho difícil adiar”, responde Cazarré. Na sequência, Dallagnol volta a citar Gebran: “Falei com ele umas duas vezes, em encontros fortuitos, e ele mostrou preocupação em relação à prova de autoria sobre Assad…”. Dallagnol termina pedindo ao colega que não comente com Gebran o episódio do encontro fortuito “para evitar ruído”. (leia a íntegra da reportagem na Veja, aberta para não-assinantes)
8 de fevereiro de 2017
Grupo Filhos do Januario 1
18:22:02 Deltan Tenho dúvidas. Tem que ver o que ele fala... pelo que Vc disse ele não falava nada...
18:22:30 Deltan O Gebran tá fazendo o voto e acha provas de autoria fracas em relação ao Assad
18:22:40 Deltan Pode ser uma solução para isso
5 Jun 17
Chat ADIR ASSAD
00:14:25 Cazarre PRR4 Pessoal Terça trf4 julga apelação de adir, duque, vaccari etc
00:14:40 Cazarre PRR4 Estarei na sessão e informo desdibramentos
00:30:40 Deltan Cazarré, tem como sondar se absolverão assad? Parece que o Gebran tava tendendo a absolver... se for esse o caso, talvez fosse melhor pedir pra adiar agilizar o acordo ao máximo para garantir a manutenção da condenação...
00:33:43 Cazarre PRR4 Olha Quando falei com ele, há uns 2 meses, não achei q fisse absolver... Acho difícil adiar. O processo está com ele desde fev/16 e nos últimos dias negou pedidos de afianento das defesas. Mas Vou ver o que descubro amanhã.
00:37:11 Deltan Falei com ele umas duas vezes, em encontros fortuitos, e ele mostrou preocupação em relação à prova de autoria sobre Assad...
00:37:34 Deltan Nova modalidade de investigação: encontro fortuito de desembargador
00:37:47 Cazarre PRR4 Hahahaha
00:38:09 Deltan Só não menciona que comentei, para evitar ruído... melhor perguntar se ele entende conveniente espeara em relação a Assad ou se sente seguro, dizendo que quer colocá-lo a par do andamento do acordo rs
A série jornalística publicada pelo Intercept e seus parceiros virou um escândalo global e expôs as relações íntimas entre poderes que deveriam ser independentes. O combate à corrupção não pode se valer de decisões no escuro que sejam, elas próprias, corrupções no sistema. As atitudes de Sergio Moro & Cia colocaram boa parte da Lava Jato em risco. A eles, e só a eles, cabe essa responsabilidade.
A série jornalística publicada pelo Intercept e seus parceiros virou um escândalo global e expôs as relações íntimas entre poderes que deveriam ser independentes. O combate à corrupção não pode se valer de decisões no escuro que sejam, elas próprias, corrupções no sistema. As atitudes de Sergio Moro & Cia colocaram boa parte da Lava Jato em risco. A eles, e só a eles, cabe essa responsabilidade.
domingo, 14 de julho de 2019
O antigo responsável da ONU Carlos Lopes considera que a Guiné-Bissau é "um país pedinte" onde as lideranças "não têm um respeito constitucional mínimo"
"
O que é certo é que temos um conjunto de caraterísticas que são inverosímeis. Não temos nas lideranças um respeito constitucional mínimo. Há interpretações da Constituição que vão ao ponto de dizer que aquele que ganha as eleições não deve ser escolhido ou não deve governar, porque eu não gosto das políticas dele", afirmou o professor guineense, em entrevista à Lusa em Lisboa.
Para o académico, antigo secretário-geral das Nações Unidas e atual alto representante da União Africana para as parcerias com a Europa, a Guiné-Bissau precisa "de uma espécie de desígnio nacional das lideranças do país, muito mais comprometido com o futuro dos guineenses".
Mas esse desígnio não surge porque "é um país rentista".
Carlos Lopes defende que os países africanos estão, cada vez mais, divididos em duas categorias, os rentistas e os reformistas: os primeiros "vivem da renda que vem do petróleo, ou dos diamantes, ou do cobre ou de alguma coisa, e ficam nesse guarda chuva, fazem muito poucas reformas e não se adaptam às necessidades de reestruturar a economia, vivem apenas dessa renda".
Do outro lado, existem os países reformistas, os que fazem um esforço para se tornarem emergentes, explicou.
"Felizmente para a África, temos muitos países que estão a saltar da primeira para esta outra categoria, e alguns deles vizinhos da Guiné-Bissau", acrescentou o também professor da Universidade Nelson Mandela, na África do Sul, onde vive.
Países como Cabo Verde, Senegal ou Guiné-Conacri são países que estão a fazer reformas ao longo do tempo e são países emergentes, concretizou.
A Guiné-Bissau, ao contrário, está entre os rentistas, mas na subcategoria dos que vivem de uma renda que nem sequer resulta das suas exportações. "Essa renda vem da ajuda ao desenvolvimento, mas é tratada como renda e nem sequer é o resultado do esforço interno das transações económicas do país", afirmou.
Assim, a Guiné-Bissau ficou isolada na sua região, entre reformistas, e "não só vive da renda como vive deste subproduto que é a ajuda", considerou, acrescentando: "Portanto é um país pedinte".
Ora, regimes de política rentista têm ainda um outro problema, disse.
"São regimes que vivem não só do que podem tirar da árvore, ou seja dos recursos naturais existentes, mas também do ilícito. Portanto todos os regimes rentistas vivem da colheita e do ilícito. E a Guiné-Bissau não é exceção".
"Como a Guiné-Bissau é um país rentista e não tem características reformistas está numa situação de captura", afirmou em entrevista à Lusa em Lisboa, onde se deslocou na última quinta-feira para receber o "Prémio José Aparecido de Oliveira", que lhe tido sido atribuído pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em 2016.
O académico guineense referiu que há países complexos em África, como aquele onde vive, a África do Sul, que tem uma comissão de inquérito sobre a captura do Estado, que leva a comissões judiciais, um conjunto de dirigentes.
"E fica provado, através desses inquéritos e dessas investigações que, de facto o Estado foi capturado por negócios ilícitos e por todo o tipo de comportamentos que não são compatíveis com uma economia transparente e moderna", considerou.
Na sua opinião, a Guiné-Bissau talvez precisasse de uma comissão de captura.
Além destes problemas, a Guiné-Bissau tem ainda, na opinião do antigo dirigente das Nações Unidas, um "défice muito grande de credibilidade".
"E qualquer governo, e há um novo governo que é legítimo, terá uma dificuldade imensa em superar a incredibilidade da comunidade internacional em relação à Guiné-Bissau como país", um Estado que já lhe deu "tantos desgostos".
Porque "há um limite de paciência da comunidade internacional", frisou.
Apesar do quadro em que o país vive, não vê grandes mudanças possíveis até às eleições presidenciais, marcadas para novembro próximo.
A Guiné-Bissau está num período de "transição político-institucional e por causa dessa transição (...) é muito difícil engajar parceiros internacionais para tudo o que tenha a ver com mudanças estruturais ou de longo prazo", considerou.
Mais de três meses após as eleições legislativas de 10 de março, o chefe de Estado guineense, José Mário Vaz, rejeitou indigitar como primeiro-ministro Domingos Simões Pereira, presidente do PAIGC. O partido vencedor das eleições acabou por indicar Aristides Gomes, então chefe do Governo cessante, para o cargo, o que o chefe de Estado aceitou, mas sem nomear imediatamente o novo executivo.
O novo Governo foi nomeado a 03 de julho, quase quatro meses depois das legislativas, e no último dia do prazo dado pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
O que é certo é que temos um conjunto de caraterísticas que são inverosímeis. Não temos nas lideranças um respeito constitucional mínimo. Há interpretações da Constituição que vão ao ponto de dizer que aquele que ganha as eleições não deve ser escolhido ou não deve governar, porque eu não gosto das políticas dele", afirmou o professor guineense, em entrevista à Lusa em Lisboa.
Para o académico, antigo secretário-geral das Nações Unidas e atual alto representante da União Africana para as parcerias com a Europa, a Guiné-Bissau precisa "de uma espécie de desígnio nacional das lideranças do país, muito mais comprometido com o futuro dos guineenses".
Mas esse desígnio não surge porque "é um país rentista".
Carlos Lopes defende que os países africanos estão, cada vez mais, divididos em duas categorias, os rentistas e os reformistas: os primeiros "vivem da renda que vem do petróleo, ou dos diamantes, ou do cobre ou de alguma coisa, e ficam nesse guarda chuva, fazem muito poucas reformas e não se adaptam às necessidades de reestruturar a economia, vivem apenas dessa renda".
Do outro lado, existem os países reformistas, os que fazem um esforço para se tornarem emergentes, explicou.
"Felizmente para a África, temos muitos países que estão a saltar da primeira para esta outra categoria, e alguns deles vizinhos da Guiné-Bissau", acrescentou o também professor da Universidade Nelson Mandela, na África do Sul, onde vive.
Países como Cabo Verde, Senegal ou Guiné-Conacri são países que estão a fazer reformas ao longo do tempo e são países emergentes, concretizou.
A Guiné-Bissau, ao contrário, está entre os rentistas, mas na subcategoria dos que vivem de uma renda que nem sequer resulta das suas exportações. "Essa renda vem da ajuda ao desenvolvimento, mas é tratada como renda e nem sequer é o resultado do esforço interno das transações económicas do país", afirmou.
Assim, a Guiné-Bissau ficou isolada na sua região, entre reformistas, e "não só vive da renda como vive deste subproduto que é a ajuda", considerou, acrescentando: "Portanto é um país pedinte".
Ora, regimes de política rentista têm ainda um outro problema, disse.
"São regimes que vivem não só do que podem tirar da árvore, ou seja dos recursos naturais existentes, mas também do ilícito. Portanto todos os regimes rentistas vivem da colheita e do ilícito. E a Guiné-Bissau não é exceção".
"Como a Guiné-Bissau é um país rentista e não tem características reformistas está numa situação de captura", afirmou em entrevista à Lusa em Lisboa, onde se deslocou na última quinta-feira para receber o "Prémio José Aparecido de Oliveira", que lhe tido sido atribuído pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em 2016.
O académico guineense referiu que há países complexos em África, como aquele onde vive, a África do Sul, que tem uma comissão de inquérito sobre a captura do Estado, que leva a comissões judiciais, um conjunto de dirigentes.
"E fica provado, através desses inquéritos e dessas investigações que, de facto o Estado foi capturado por negócios ilícitos e por todo o tipo de comportamentos que não são compatíveis com uma economia transparente e moderna", considerou.
Na sua opinião, a Guiné-Bissau talvez precisasse de uma comissão de captura.
Além destes problemas, a Guiné-Bissau tem ainda, na opinião do antigo dirigente das Nações Unidas, um "défice muito grande de credibilidade".
"E qualquer governo, e há um novo governo que é legítimo, terá uma dificuldade imensa em superar a incredibilidade da comunidade internacional em relação à Guiné-Bissau como país", um Estado que já lhe deu "tantos desgostos".
Porque "há um limite de paciência da comunidade internacional", frisou.
Apesar do quadro em que o país vive, não vê grandes mudanças possíveis até às eleições presidenciais, marcadas para novembro próximo.
A Guiné-Bissau está num período de "transição político-institucional e por causa dessa transição (...) é muito difícil engajar parceiros internacionais para tudo o que tenha a ver com mudanças estruturais ou de longo prazo", considerou.
Mais de três meses após as eleições legislativas de 10 de março, o chefe de Estado guineense, José Mário Vaz, rejeitou indigitar como primeiro-ministro Domingos Simões Pereira, presidente do PAIGC. O partido vencedor das eleições acabou por indicar Aristides Gomes, então chefe do Governo cessante, para o cargo, o que o chefe de Estado aceitou, mas sem nomear imediatamente o novo executivo.
O novo Governo foi nomeado a 03 de julho, quase quatro meses depois das legislativas, e no último dia do prazo dado pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
Fonte :LUSA
sábado, 13 de julho de 2019
Terça-feira, 9 de julho de 2019 Ouça: áudio inédito da #VazaJato
Há um mês, o Intercept iniciou uma série de reportagens que mudaram para sempre a história da operação Lava Jato, de seus procuradores e do ex-juiz e atual ministro de Jair Bolsonaro, Sergio Moro. Antes vistos como heróis intocáveis, os monopolistas do combate à corrupção (que tentavam silenciar qualquer voz que se levantasse para expor seus erros, abusos e ilegalidades) hoje são vistos de outra maneira pela população: 58% dos brasileiros acreditam que as conversas de Moro com procuradores são inadequadas. A desconfiança é ainda maior entre os jovens: na faixa etária de 16 a 24 anos, 73% não querem um país guiado pelo espírito justiceiro de Moro.
Em seus primeiros capítulos, as histórias dos arquivos secretos da Vaza Jato mostraram Moro atuando como chefe de fato dos procuradores, o que é ilegal; expuseram o coordenador da força-tarefa Deltan Dallagnol apresentando uma denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva da qual ele próprio duvidava; e revelaram os procuradores da Lava Jato (incluindo Deltan) operando secretamente para evitar que Lula desse uma entrevista durante a campanha eleitoral por medo que pudesse ajudar a “eleger o Haddad”.
28 de setembro de 2018 – chat privado
Anna Carolina Resende – 11:24:06 – ando muito preocupada com uma possivel volta do PT, mas tenho rezado muito para Deus iluminar nossa população para que um milagre nos salve
Deltan Dallagnol – 13:34:22 – Valeu Carol!
Dallagnol – 13:34:27 – Reza sim
Dallagnol – 13:34:32 – Precisamos como país
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Dallagnol – 23:32:28 – E SEGREDO
Dallagnol – 23:32:34 – Sobre a entrevista
Dallagnol – 23:32:39 – Quem quer saber ouve o áudio
Dallagnol – 23:33:36 –
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Deltan Dallagnol – 13:34:22 – Valeu Carol!
Dallagnol – 13:34:27 – Reza sim
Dallagnol – 13:34:32 – Precisamos como país
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Dallagnol – 23:32:28 – E SEGREDO
Dallagnol – 23:32:34 – Sobre a entrevista
Dallagnol – 23:32:39 – Quem quer saber ouve o áudio
Dallagnol – 23:33:36 –
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