sexta-feira, 31 de maio de 2013

Guiné-Bissau contribui para libertação de reféns da Casamança

Os doze reféns sequestrados na Casamança no dia 3 de Maio pelo MFDC

Os doze reféns sequestrados na Casamança no dia 3 de Maio pelo MFDC


RFI / Allen Yerro Mballo

Três mulheres senegalesas sequestradas no início de Maio na Casamança pelos rebeldes do MFDC foram hoje conduzidas até suas casas pela ONG Mom Ku Mom. Isto depois de terem sido libertadas esta segunda-feira com a contribuição da Guiné-Bissau.

As três mulheres senegalesas que faziam parte de uma equipa de desminagem sequestrada no dia 3 de Maio pelos rebeldes independentistas de Casamança do Movimento das Forças Democráticas de Casamança (MFDC) foram hoje conduzidas até suas casas pela ONG Mom Ku Mom.

Sophie Aidara, Fatou Diaw e Fatou Gueye, de etnia Jola, são de Ziguinchor, a principal cidade da região de Casamança que há décadas vive um clima de instabilidade por causa do conflito que opõe o Governo de Dacar e o MFDC que exige a independência da região.

As três mulheres, que integravam um grupo de 12 sequestrados, tinham sido libertadas esta segunda-feira na aldeia de Cassalol, junto à fronteira com o Senegal, na presença de responsáveis militares guineenses, de representantes do Comité Internacional da Cruz Vermelha e de membros da Mom Ku Mom, que tem mediado as conversações entre as diversas facções do MFDC para que encontrem uma única liderança.

Bigna Na Fantcham Na, responsável da Mom Ko Mom (mãos dadas, em português) disse que a organização tem estado em contacto com os rebeldes, os quais garantiram que tratariam bem os reféns, e acrescentou que a libertação dos restantes nove detidos será para breve.

O movimento independentista de Casamança aproveitou para acusar o governo do Senegal de prisões e execuções sumárias, para sublinhar que Casamança não é parte do país e reafirmar que o direito da região à independência é "inegociável". Afirmou ainda que a população quer que a comunidade internacional se pronuncie sobre o processo, que dura há décadas, nomeadamente a Portugal, que se pronuncie.

 

Correspondência RFI Bissau
 
(01:28)
 

Guiné-Bissau País com maior mortalidade de menores de cinco anos da Lusofonia - UNICEF

Lisboa, 30/05 - A Guiné-Bissau ocupa a 7.ª posição mundial no relatório da UNICEF sobre a Situação Mundial da Infância 2013, quanto à taxa de mortalidade de menores de cinco anos, com 161 crianças por mil nascidas vivas.  

No documento, a que a Lusa teve acesso, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) indica que as estatísticas apresentadas, relativas a 2011, "são as mais recentes sobre sobrevivência, desenvolvimento e protecção da criança para países, áreas e regiões do mundo", em que se "inclui, pela primeira vez, uma tabela sobre desenvolvimento na primeira infância". 

De entre os países lusófonos, segue-se Angola, na 8.ª posição, com uma taxa de mortalidade de menores de cinco anos (TMM5) -- que representa, nos termos da definição dos indicadores da UNICEF, "a probabilidade de morrer entre o nascimento e exactamente cinco anos de idade, por mil nascidos vivos" -- de 158 crianças em 2011, contra 243 em 1990. 

Moçambique classifica-se no 22.º lugar da lista, utilizada como "principal indicador dos progressos em direcção ao bem-estar da criança", lê-se no documento, com 103 crianças entre cada mil nascidas vivas a terem elevada probabilidade de morrer nos primeiros cinco anos de vida, em 2011, em contraste com as 226 que se encontravam nessa situação em 1990, indica o relatório. 

A 28.ª posição da lista pertence a São Tomé e Príncipe, onde, em 2011, 89 crianças em mil enfrentavam esse limite temporal, contra 96 em 1990.

Timor Leste encontra-se no 51.º lugar, com uma TMM5 de 54 crianças em mil, muito menos que a registada em 1990: 180 em mil. 

O arquipélago de Cabo Verde classifica-se na 91.ª posição, apresentando uma TMM5 de 21 crianças em mil, contra 58 em 1990. 

Na 107.ª posição, está o Brasil, que ocupa o último lugar entre os países lusófonos com a mais baixa taxa de mortalidade de menores de cinco anos, 16 crianças em 2011, contra 58 em 1990. 

No relatório, a agência especializada da ONU esclarece que estes dados foram extraídos dos bancos de dados globais da UNICEF e que se baseiam em estimativas do Grupo Interagências das Nações Unidas sobre Mortalidade Infantil (UNICEF, Organização Mundial da Saúde, Divisão de População das Nações Unidas e Banco Mundial). 

Segundo o documento, "em 1970, aproximadamente 16,9 milhões de crianças menores de cinco anos morriam a cada ano. Em comparação, em 2011, foi estimado em 6,9 milhões o número de crianças que morreram antes do seu quinto aniversário -- o que coloca em evidência uma queda significativa, no longo prazo, no número global de mortes de menores de cinco anos". 

Como instrumento para aferir o bem-estar da criança, a TMM5 apresenta várias vantagens, sublinha a UNICEF, a primeira das quais é o facto de medir "um resultado final do processo de desenvolvimento, e não um 'fator de contribuição' -- como nível de matrículas, disponibilidade de calorias 'per capita' ou o número de médicos por mil habitantes, que representam meios para determinado fim". 

Além disso, prossegue, "sabe-se que a TMM5 representa o resultado de uma ampla variedade de fatores de contribuição: por exemplo, antibióticos para tratar pneumonia; mosquiteiros tratados com inseticida para evitar a malária e bem-estar nutricional e conhecimento das mães sobre saúde".

E ainda "nível de imunização e uso da terapia de reidratação oral, disponibilidade de serviços de saúde para a mãe e para a criança, inclusive atendimento pré-natal, disponibilidade de renda e de alimentos na família, disponibilidade de água potável e de saneamento básico, e segurança do ambiente da criança de maneira geral", enumera a organização.   

Cabo Verde acolhe reunião do Comité de Ligação da Plataforma Continental

Participam da reunião peritos de seis países oeste-africanos, designadamente Cabo Verde, Gâmbia, Guiné Conacry, Guiné-Bissau, Senegal, Mauritânia e Serra Leoa, que pretendem estender a sua zona marítima para além das 200 milhas naúticas.

Praia - A VI reunião do Comité de Ligação da Plataforma Continental realizou-se  quarta-feira na cidade da Praia.

Nela participaram peritos de seis países oeste-africanos, designadamente Cabo Verde, Gâmbia, Guiné Conacry, Guiné-Bissau, Senegal, Mauritânia e Serra Leoa, que pretendem estender a sua zona marítima para além das 200 milhas naúticas.

O Comité de Ligação foi criado ao abrigo do artigo 2º do Acordo Quadro de Cooperação Sub-Regional sobre a Fixação dos Limites Exteriores da Plataforma Continental para além das 200 milhas náuticas, assinado em Nova Iorque (Estados Unidos) a 21 de novembro de 2010.

O estudo documental sobre a plataforma continental de cada um desses países ribeirinhos oeste-africanos foi realizado pela Noruega, país que já beneficiou da Convenção e que financia o Comité.

Após a conclusão do documento, peritos noruegueses efetuaram uma série de missões de pesquisa na sub-região, entre a primeira quinzena de novembro de 2011 e finais de abril de 2012.

Os dados recolhidos estão a ser utilizados na preparação das propostas individuais ou conjuntas de fixação dos limites exteriores da plataforma continental para além de 200 milhas, a serem apresentados à Comissão de Limites das Nações Unidas, em conformidade com o artigo 76º da Convenção sobre o Direito do Mar.

Da agenda da sexta reunião desta estrutura constam, entre outros pontos, a apresentação dum documento que descreve a localização dos pés de talude continental (denominado pontos FOS), a apresentação dum relatório de progresso sobre o estabelecimento dos pontos de espessura dos sedimentos e a primeira delimitação provisória dos limites exteriores.

Uma fonte diplomática cabo-verdiana indicou que a reunião vai também  definir o âmbito geográfico das submissões e zonas de sobreposição.

Para o efeito, será feita a apresentação do relatório de progresso dos Estados respetivos com submissões separadas ou conjuntas, bem como a apresentação do programa de trabalho futuro para a preparação das mesmas.

Será ainda alvo de debate nesta sexta reunião, a definição das linhas de base para medir a largura do mar territorial ou os limites dele derivados, o limite exterior do mar territorial, a zona contígua e a zona económica exclusiva.

Figuram ainda neste programa a análise dos processos legislativos em curso, bem como a apresentação de relatórios de progresso de cada um dos sete Estados litorais oeste-africanos que integram o Comité.

A data limite, decidida entre os Estados costeiros sub-regionais, para que as submissões estejam prontas para ser submetidas à Comissão de Limites das Nações Unidas é o segundo semestre de 2014.

Em relação a Cabo Verde, a informação preliminar relativa ao "Dossié sobre a Extensão da Plataforma Continental" das 200 para as 350 milhas náuticas foi entregue, a 07 de maio de 2011, ao Comité das Nações Unidas para o efeito, devendo os estudos cabo-verdianos estar concluídos em dezembro de 2014.

O projeto de extensão ligado a Cabo Verde assinala que, para este país, com uma superfície marítima superior, cerca de 200 vezes mais do que seu território terrestre, que é de quatro mil e 33 quilómetros quadrados, uma eventual extensão da sua Zona Económica Exclusiva (ZEE) resulta também na salvaguarda de direitos de soberania sobre os recursos vivos e não vivos do seu fundo marinho.

Neste sentido, Cabo Verde, tal como os restantes países envolvidos neste projeto, espera obter importantes benefícios a nível da economia, da biotecnologia e da saúde, entre outros setores.

Conselho Superior de Magistratura indigita Fernando Jorge a Presidente da CNE

Bissau - O ex-Procurador-geral da República, Fernando Jorge, foi indigitado pelo Conselho Superior da Magistratura Judicial, para exercer a função de Presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE), com a missão de preparar e organizar o próximo acto eleitoral no país, previsto para Novembro.

A Informação foi avançada à PNN por uma fonte próxima do Conselho, como uma das exigências da classe política nacional que, desde há algum tempo, vem reclamando que a indigitação do novo Presidente da CNE seja feita através deste órgão judicial.


Com a escolha, Fernando Jorge devia ser coadjuvado por três novos Secretários Executivos da CNE, respectivamente os magistrados Lima André, Gabriel Djedjo e a magistrada Cátia Lopes, actualmente em funções na Vara Crime do Tribunal Regional de Bissau.


Entretanto, esta lista não foi aprovada pelos deputados da Assembleia Nacional Popular (ANP) que, a 29 de Maio, adoptou um novo Pacto de Transição, a partir do qual será criado um novo Governo inclusivo e serão fixadas as metas para o período de transição.


A razão da não aprovação prende-se com a indigitação de uma única figura para cada um dos postos da CNE, ou seja, o Presidente, o seu Secretário Executivo e os respectivos secretários-adjuntos.


Sobre este caso particular, apurou-se, junto de uma fonte partidária, que o Conselho Superior da Magistratura Judicial não observou a regra de indigitação de mais de um nome para cada um dos postos na CNE.


Fonte do Conselho Superior da Magistratura Judicial confirmou a regra escolhida, sobre a indicação de um nome para cada lugar, uma vez que, caso não se verificasse, não se podia falar da independência de tribunais face aos assuntos de índole política.
Na Guiné-Bissau, o novo período de transição deverá terminar com a realização das eleições Gerais ainda este ano, depois de um golpe de Estado ocorrido em Abril de 2012, que interrompeu o processo eleitoral em curso, das Presidenciais.


Em declarações à imprensa, Rui Diã de Sousa, líder da bancada parlamentar do PAIGC, afirmou que o novo documento, aprovado pela maioria dos deputados, vai permitir à Guiné-Bissau «recuperar a sua imagem junto da comunidade internacional».


O novo Pacto de Transição, assinado por partidos políticos, militares e sociedade civil, hoje aprovado pelo Parlamento, visa gerir o período de transição, que deverá terminar a 31 de Dezembro e conduzir o país à realização das eleições Gerais, previstas para Novembro.


Para Serifo Djaló, líder da bancada parlamentar do Partido da Renovação Social (PRS), segunda maior força depois do PAIGC, com a adopção do novo Pacto de Transição deu-se fim ao impasse político.


Entre os compromissos assumidos pelos signatários do novo acordo destaca-se o artigo que diz que o Parlamento deverá adoptar, em data a definir, uma lei de amnistia a favor dos autores do golpe de Estado militar de 12 de Abril.


Alguns deputados quiseram ainda alterar esta disposição, propondo que a amnistia se estendesse também aos políticos envolvidos ou derrubados com o golpe de Estado, mas a maioria não aceitou a proposta.

PAIGC declina responsabilidades no atraso de novo Governo na Guiné-Bissau

Bissau, 30 mai (Lusa) - O Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) declinou hoje qualquer responsabilidade na demora para a formação de um novo Governo na Guiné-Bissau, culpando o primeiro-ministro pelo atraso.

A comunidade internacional tem exigido a formação de um novo Governo de transição na Guiné-Bissau, que seja mais inclusivo, substituindo o atual executivo, também de transição, formado na sequência de um golpe de Estado em abril do ano passado.

Há meses que os políticos guineenses estão a discutir o novo processo de transição, mas, até agora, ainda não foi anunciado o novo Governo.

PAIGC e Partido da Renovação Social (PRS), o primeiro e o segundo partidos mais votados nas eleições de 2008 (e que compõem a esmagadora maioria da Assembleia Nacional Popular), assinaram um memorando de entendimento a 17 de maio e na quarta-feira o parlamento adotou um novo Pacto de Transição e Acordo Político para levar o país até eleições.

"Até agora espera-se, como acordado, que o senhor primeiro-ministro de transição convoque os dois partidos, PAIGC e PRS, para discussões" e que a proposta final seja remetida ao Presidente de transição, para este decretar o novo Governo, diz o PAIGC em comunicado.

Tal ainda "não aconteceu", acusa o Bureau Político do PAIGC, que considera a situação "estranha e incompreensível" e apela ao primeiro-ministro e ao Presidente da República para que respeitem a Constituição e os instrumentos políticos e jurídicos de transição.

A base e a origem das propostas de formação de Governo são os partidos políticos e o primeiro-ministro, afirma o comunicado, acrescentando que, tal como os dirigentes do PAIGC e do PRS já disseram, "os responsáveis da transição" devem colocar "os interesses da Nação e dos guineenses acima dos seus interesses e compromissos pessoais".

O Bureau Político do PAIGC diz também que o atual momento que a Guiné-Bissau atravessa requer um elevado sentido patriótico dos guineenses em geral e em particular do Governo e do Presidente.

O PAIGC e o PRS "têm dado um inestimável contributo para a consolidação deste processo de transição" e deram ao Governo e ao Presidente "um subsídio importante, tanto no que se refere à orgânica, como à composição do Governo" para que hoje "pudéssemos já ter um novo Governo", diz o comunicado.

Na sequência de um golpe de Estado, a 12 de abril do ano passado, que afastou as autoridades eleitas, a Guiné-Bissau iniciou um período de transição que devia culminar com eleições ao fim de um ano.

Como nada aconteceu, o período de transição foi prorrogado até final deste ano, havendo o compromisso dos responsáveis de fazer eleições nesse período. Há mais de um mês (a 28 de abril) que o Presidente de transição disse que o novo Governo estava "para breve".

FP // MLL

Lusa

Peter Thompson coordenador do grupo parlamentar britânico para a Guiné-Bissau : O mundo “não deve abandonar as vítimas da história” na Guiné-Bissau

Thompson nas ruas de BissauPeter Thompson, coordenador do grupo parlamentar britânico para a Guiné-Bissau, deixou um aviso à comunidade internacional, no sentido que a Guiné-Bissau deverá reconciliar-se com o seu passado antes de ter um melhor futuro.


Falando numa conferência internacional de paz que teve lugar na Irlanda do Norte, Thompson disse que resolver o passado é o primeiro passo para uma Guiné-Bissau mais estável.


“Desde a independência, a Guiné-Bissau foi andado de crise em crise, de golpe em golpe, de assassinatos em assassinatos. Ao povo da Guiné-Bissau nunca foi dada a dignidade de um processo de verdade e reconciliação nacional. Várias comunidades guineenses no país têm perguntas sem resposta acerca do passado e desejam falar sobre isso”.


Acrescentou ainda: “Chegou o tempo de as vítimas serem legalmente reconhecidas como tal. Justiça histórica, através de amnistias verdadeiras ou ainda os tradicionais “fóruns locais” deverão ser tidos em consideração. Estas respostas não se encontram num livro – encontram-se nos corações do povo guineense. Vamos ouvi-los e dar-lhes força para prosseguir”.
Thompson afirmou também que os membros das Forças Armadas que foram mortos, feridos ou torturados durante a guerra da independência, a guerra civil ou noutro conflito interno, deverão ser formalmente reconhecidos como vítimas, em paralelo com as suas famílias.


Thompson com o povo de Bolama“Um processo de reconciliação nacional não pode ter uma hierarquia de vítimas. Soldados que sofreram devem ter o mesmo reconhecimento que as vítimas civis da guerra colonial ou das vítimas da violência militar guineense nos últimos 50 anos. Não nos vamos esquecer que os soldados guineenses são também seres humanos e que as Forças Armadas do país deram ao seu povo a dignidade da independência e da auto-determinação.”


Thompson, ele próprio uma vítima do conflito na Irlanda do Norte, é o membro internacional da Comissão de Reconciliação na Assembleia Nacional Popular.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Parlamento da Guiné-Bissau adota novo Pacto de Transição

O Parlamento da Guiné-Bissau adotou hoje um novo Pacto de Transição, a partir do qual será criado um novo Governo inclusivo e fixadas as metas para o período de transição.

O novo período de transição deve terminar com a realização de eleições gerais ainda este ano, depois de um golpe de estado em abril de 2012, que interrompeu o processo eleitoral das presidenciais.

Em declarações aos jornalistas, Rui Diã de Sousa, líder da bancada parlamentar do PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde), afirmou que o novo documento, aprovado pela maioria dos deputados hoje presentes numa sessão extraordinária, vai permitir à Guiné-Bissau "recuperar a sua imagem junto da comunidade internacional".

"A maioria dos representantes do nosso povo entendeu que devemos ter um Pacto que oriente a Guiné-Bissau durante esse período de transição e que permita que o país possa recuperar a imagem muito comprometida com sucessivos golpes de Estado", defendeu o líder do grupo parlamentar do PAIGC.

O novo Pacto de Transição e Acordo Político, assinado por partidos políticos, militares e sociedade civil, hoje aprovado pelo Parlamento, visa gerir o período de transição (que deve terminar no dia 31 de dezembro) e conduzir o país até a realização de eleições gerais que as partes querem que sejam em novembro.

"A Guiné-Bissau é um Estado de direito democrático. O exercício que vimos hoje nesta sala é prova de que a democracia está a caminhar e a consolidar-se a passos largos neste pais", notou ainda Rui Diã de Sousa.

Para Serifo Djaló, líder da bancada parlamentar do PRS (Partido da Renovação Social), segunda maior força política depois do PAIGC segundo as últimas eleições legislativas, com a adoção do novo Pacto de Transição deu-se fim ao impasse político.

"O objetivo foi atingido que era o de acabar com o impasse político que se registava. O povo guineense e a comunidade internacional aguardavam muito desta sessão parlamentar. Os deputados ganharam consciência das suas responsabilidades", defendeu Djaló.

Entre os compromissos assumidos pelos signatários do novo Pacto destaca-se o artigo que diz que o Parlamento deverá adotar, em data por especificar, uma lei de amnistia a favor dos autores do golpe de Estado militar de 12 de abril de 2012.

Alguns deputados ainda quiserem alterar esta disposição propondo também que a amnistia seja extensiva aos políticos envolvidos ou derrubados com o golpe de Estado, mas a maioria dos deputados não aceitou a proposta.

A escolha de novos responsáveis para a Comissão Nacional de Eleições (CNE) ficou adiada para uma sessão a ser convocada pelo presidente do Parlamento.

"Vai ser convocado, dentro de uma semana ou duas, o Parlamento para a eleição dos novos dirigentes da CNE. O Conselho Superior de Magistratura Judicial ainda não indicou nomes para serem ratificados pelo Parlamento", observou Rui Diã de Sousa.

Opinião : CEDEAO em rota de colisão militar com os Putchistas

Lembremo-nos que foi a CEDEAO quem veio preparar o golpe de estado há mais de um ano e assegurar o apoio político aos militares golpistas.

Incentivaram-nos a estigmatizar os angolanos como responsáveis pelo golpe, para que pudessem entrar e instalar-se à vontade no país.

Nomearam um conjunto de políticos traidores da Pátria e vendidos ao poder, para executarem a sua política, apoiando os militares putchistas.

O descrédito internacional e a pressão das organizações internacionais, levou a CEDEAO a dar o passo seguinte na colonização da Guiné-Bissau. Retirou às Forças Armadas guineenses a função de vigiar as fronteiras e passou ela própria a fazê-lo. Mais, agora nos quartéis a bandeira da CEDEAO passa a estar hasteada.

A colonização final começou pelos quartéis e qualquer dia acaba no Governo.

Todo o tráfico na linha da fronteira (pesca senegalesa sobretudo) vai passar a ser feita à francesa...

António Indjai e seus apaniguados sentem que estão cada dia mais encurralados e estão decididos a vender caro a derrota, melhor, a morte.

Ir para um país vizinho é um suicídio. A única esperança é oferecer resistência no próprio país, até porque não são poucos os militares que sentem a corda na garganta.

Indjai convocou todos os militares em perigo de serem presos e ordenou a preparação de mais um golpe. Desta vez contra a CEDEAO, o inimigo de ocasião e que tem uma tropa bem fardada, mas completamente ineficaz do ponto de vista militar.

Por estes dias as movimentações dos militares fervilham à espera de uma ocasião para o ataque final.

Preparemo-nos para o Djambadon que aí vem...

by pasmalu

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Governo de transição da Guiné-Bissau fixa preço mínimo do caju em 0,32 cêntimos

Bissau, 28 mai (Lusa) - O governo de transição da Guiné-Bissau anunciou hoje que fixou em 210 francos CFA (0,32 cêntimos) o preço mínimo para o quilo de caju, o principal produto de exportação do país.

Na presente época do caju, que já começou há cerca de dois meses, o governo não fixou um preço de referência, ao contrário do que tem sido prática noutros anos, alegando que seria o mercado a definir um preço.

O anúncio foi feito numa conferência de imprensa dos ministros das Finanças, Abubacar Demba Dahaba, e do Comércio e Indústria, Abubacar Baldé, depois de dois dias de intensas reuniões com agricultores, intermediários, empresários e setor bancário.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Musica promocional do Haylton Dias - Aqui estou eu.

Capa_Haylton-Dias

José Ramos-Horta confirma eleições na Guiné-Bissau em Novembro

O Representante do Secretário-geral das Nações Unidas para a Guiné-Bissau, José Ramos-Horta, avançou a data de realização das eleições no país e fez um apanhado geral da situação ao nível político, económico e social, em entrevista ao Conselheiro principal do International Peace Institute (IPI), Warren Hoge, para o Global Observatory.

José ramos-Horta avançou a previsão para a realização do pleito eleitoral no país, que terá lugar «no final de Novembro deste ano, e este período de transição terá então terminado, seguido de uma segunda fase do engajamento internacional, que será essencialmente para apoiar de forma pro-activa a reconstrução das instituições do Estado», referiu o antigo Presidente de Timor-Leste.

A população guineense está a viver um período de tensão e pobreza extrema, para o qual a colaboração das instituições internacionais tem sido decisiva: «As agências das Nações Unidas, aqui, do UNICEF ao Programa Alimentar Mundial (PAM), deparam-se com recursos muito limitados, tentando ajudar no máximo possível», referiu o responsável da ONU.


Em abordagem à questão do tráfico internacional de drogas, Ramos-Horta reconheceu que, tal como outros Estados Oeste Africanos, a Guiné-Bissau é um local de passagem para o tráfico de drogas. «Há obviamente um sério problema de drogas aqui, muitas pessoas estão envolvidas, em diferentes níveis da política, do Governo, do exército».


Contudo, descarta a classificação de «narco-Estado», dizendo que existem outros países onde a situação é mais grave e que a comunidade internacional «deveria voltar a engajar-se imediatamente, prestando assistência ao país, evitando que os cartéis da droga da América Latina façam uso de um pobre país tão frágil», disse o responsável da ONU na Guiné-Bissau, defendendo a assistência técnica e financeira ao país, para atenuar a situação do narco-tráfico melhorando a «vigilância marítima, o sistema judiciário e a polícia».


Sobre a corrupção e o tráfico no meio militar, Ramos-Horta considera que nem toda a gente está envolvida nesse tipo de actividades. «A grande maioria de soldados e oficiais são simplesmente pessoas que foram negligenciadas durante anos, porque o exército, como instituição, não existe. Há pessoas com uniformes, pessoas com armas, mas em condições extremamente precárias».


O Nobel da Paz é da opinião que, em relação ao trabalho da Comissão de Consolidação da Paz da ONU, «há uma vontade de voltar a engajar a Guiné-Bissau, assim que tivermos o novo Governo de transição - espero que nos próximos dias ou semanas - a fim de auxiliar nalgumas áreas muito importantes, como continuar o que o Fundo de Consolidação da Paz fez num passado recente, no que diz respeito à reforma e modernização das Forças Armadas, o Judiciário, e algumas outras iniciativas para ajudar a consolidar, melhorar a governação democrática no país».


José Ramos-Horta defende a «reorganização de todo o exército de A a Z. A CEDEAO (especialmente Nigéria e Senegal) está melhor posicionada para liderar este processo e eles já começaram a pôr o dinheiro para reconstruir os quartéis e, ao mesmo tempo, ajudar com o fundo de pensão, no qual o Fundo de Consolidação da Paz das Nações Unidas também estará engajado.

Cimeira em Bissau para discutir processo de transição

Quatro chefes das Forças Armadas de países africanos chegaram hoje à Bissau para uma cimeira com o seu homólogo guineense, António Indjai, na terça-feira.

O programa oficial da cimeira prevê a análise do processo de transição na Guiné-Bissau, a reforma do setor de defesa e segurança e os desafios para o futuro do conselho de chefes de Estados-Maiores Generais da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental).

Fontes militares admitiram à agência Lusa, no entanto, que "outros temas poderão ser discutidos na cimeira", sem adiantarem pormenores.

Chegaram à Bissau no mesmo voo os chefes das Forças Armadas do Togo, Burkina-Faso e da Nigéria. O responsável militar da Costa do Marfim, Soumayla Bakayoko já encontrava em Bissau desde domingo.

Numa cerimónia na zona militar do aeroporto internacional de Bissau e na presença do corpo diplomático e membros do Governo guineense, o chefe das Forças Armadas da Costa do Marfim afirmou que a sua presença em Bissau também servirá para "instalar de forma oficial" o contingente da Ecomib (força de alerta da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) na Guiné-Bissau.

"A força foi enviada para a Guiné-Bissau com a missão de assegurar as instituições no âmbito da transição que era para durar apenas um ano, mas razões que fogem à nossa vontade fazem com que essa transição seja estendida para além da data prevista, isto é, até dezembro deste ano para o regresso da ordem constitucional rapidamente na Guiné-Bissau", observou o general Bakayoko.

A CEDEAO tem instalado em Bissau desde o golpe de Estado militar de 12 de abril de 2012 um contingente, a Ecomib, composto por cerca de 700 militares e policias, provenientes do Burkina-Faso, da Nigéria, do Senegal e do Togo.

Dirigindo-se ao chefe do contingente, o coronel Bnibanga Barro, do Togo, o general Bakayoko assinalou que o compromisso das chefias militares da CEDEAO, quando decidiram enviar o Ecomib para Guiné-Bissau que é restaurar a paz "se mantêm firme"

O responsável militar diz que o comité de chefes das Forças Armadas da organização está satisfeito com o trabalho que a Ecomib tem desenvolvido na Guiné-Bissau.

O chefe das Forças Armadas da Costa do Marfim, o único a falar na cerimonia do hastear da bandeira e da revista dos soldados da Ecomib, apelou aos guineenses a se unirem para devolver à paz ao país.

"Gostaria de aproveitar esta ocasião para convidar as autoridades, os militares e a sociedade civil da Guiné-Bissau a uma junção de esforços face ao desafio maior deste país que são as eleições gerais, a reforma do setor de defesa e segurança, para uma estabilidade definitiva", notou o general Bakayoko.

Professores levantaram greve que durava há 3 semanas

Ouça aqui... RealAudioMP3 

Na Guiné-Bissau os professores levantaram a greve que já durava à três semanas nas escolas de todo o país. A situação só foi solucionada devido à intervenção do representante especial das Nações Unidas, José Ramos Horta que pediu aos representantes dos professores para que levantassem a greve.

A ONU vai usar a sua influência para ajudar no pagamento dos salários dos professores. A Rádio Vaticano falou com Ramos Horta e também com o representante dos estudantes Lamine Indjai, numa peça preparada pela nossa correspondente na Guiné-Bissau Indira Baldè... 

Três mulheres sequestradas por independentistas senegaleses libertadas, tinham sido raptadas no início do mês

Três mulheres senegalesas que faziam parte de uma equipa de desminagem sequestrada em 3 de maio por rebeldes independentistas de Casamansa, região do sul do Senegal, foram hoje libertadas numa aldeia da Guiné-Bissau.


As três mulheres, que integravam um grupo de 12 sequestrados, foram libertadas na aldeia de Cassalol, junto à fronteira com o Senegal, na presença de responsáveis militares guineenses, de representantes do Comité Internacional da Cruz Vermelha e de membros da organização guineense Mom Ku Mom, envolvida na mediação de conflitos.


As reféns libertadas indicaram estar bem de saúde e terem sido bem tratadas pelos sequestradores - como constatou a agência Lusa no local - devendo seguir para Bissau, de onde regressarão ao Senegal.

Lançamento de novo livro Dois Tiros e Uma Gargalhada Abdulai Sila

30 de Maio, às 17h:00 Local: Centro Cultural Franco-Guineense, Bissau.

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domingo, 26 de maio de 2013

Vacinação contra poliomielite na Guiné-Bissau durante quatro dias

Bissau, (Lusa) - A Guiné-Bissau iniciou Sexta Feira 24 uma campanha de vacinação contra a poliomielite, apesar de ter sido considerada livre da doença, a que se junta a administração de vitamina A e um comprimido para desparasitação.

De  Sexta feira 24 até segunda-feira 27, quase 500 equipas vão estar em todo o país a vacinar as crianças até aos cinco anos, tendo-se hoje, no lançamento da iniciativa, multiplicado os apelos à participação das pessoas.

A campanha decorre simultaneamente em todos os países da região e, embora a maior parte deles esteja livres de poliomielite, ainda subsistem casos na sub-região, como na Nigéria.

Na cerimónia de lançamento da iniciativa, o representante da UNICEF na Guiné-Bissau, Abubacar Sultan, lembrou exatamente que na região da África Ocidental os casos de poliomielite passaram de 823 em 2008 para 43 em 2010, mas recordou que há três países no mundo com poliomielite e um deles é a vizinha Nigéria.

"Enquanto o vírus circula no mundo e na nossa sub-região devemos continuar vigilantes", disse, apelando à população para que adira à iniciativa, que é gratuita e que tem ainda um complemento de vitamina A e desparasitação.

No mundo, disse, entre 140 a 250 milhões de crianças com menos de cinco anos têm deficiência de vitamina A, que potencia os casos de morte, de cegueira e de doenças como sarampo e diarreia, responsáveis por muitos óbitos na Guiné-Bissau.

O representante da Plan (uma organização internacional de apoio à infância) na Guiné-Bissau, Saliou Ndaw, lembrou que ainda em 2010 as taxas de mortalidade infantil estavam acima de 100 crianças por cada mil nascimentos e que a cobertura em termos de vacinação também era "limitada".

Com a campanha que hoje começou pretende-se vacinar, só na região de Bissau, mais de 75 mil crianças, sendo a vitamina A administrada a mais de 67 mil e o comprimido de desparasitação a cerca de 58 mil.

Abubacar Sultan garantiu o apoio e a colaboração da UNICEF e pediu às equipas envolvidas para que "reforcem a sensibilização" (para a necessidade de vacinação) junto das famílias de todo o país, até às tabancas (aldeias) mais isoladas.

Além de gratuita, a vacina é segura e não há riscos para as crianças, mesmo que doentes ou com deficiência ou má nutrição, salientou.

FP // MLL

Lusa/fim

Brasil perdoará ou renegociará dívida africana, diz Dilma

Convidada especial das comemorações dos 50 anos da União Africana, a presidente Dilma Rousseff disse neste sábado (25) que o governo brasileiro vai perdoar e, em outros casos, reduzir a dívida de um total de 12 países africanos.

"Viemos sistematicamente resolvendo esses problemas (de dívida) para poder ter uma relação agora muito mais efetiva", afirmou Dilma em coletiva concedida a jornalistas. A cifra das dívidas corresponde a US$ 897,7 milhões, que serão perdoados ou renegociados.

A medida beneficia os seguintes países: Costa do Marfim (US$ 9,4 milhões), Gabão (US$ 27 milhões), República da Guiné (US$ 11,7 milhões), Guiné Bissau (US$ 38 milhões), Mauritânia (US$ 49,5 milhões), República Democrática do Congo (US$ 5,8 milhões), República do Congo (US$ 352 milhões), São Tomé e Príncipe (US$ 4,2 milhões), Senegal (US$ 6,5 milhões), Sudão (US$ 43,2 milhões), Tanzânia (US$ 237 milhões) e Zâmbia (U$ 113,4 milhões).

"A gente sempre tem de primeiro negociar. Depois que você negocia quanto da dívida vai perdoar, você envia ao Congresso. São nove países que nós já concluímos. Já negociamos com eles, já foi aprovado pela Fazenda e nós encaminhamos para o Senado. Faltam três, que ainda não se completou a negociação. O sentido dessa negociação é o seguinte: se eu não conseguir estabelecer negociação, não consigo ter relações com eles, tanto do ponto de vista de investimento, de financiar empresas brasileiras nos países africanos, e também relações comerciais que envolvam maior valor agregado", disse Dilma.

Jornalista Sumba Nansil detido pelo Ministério Público

Acusado pela Procuradoria-Geral da República

Bissau - O jornalista de Bissau Digital e apresentador do célebre programa matinal da Rádio privada Galáxia de Pindjiguiti «BOM DIA GUINÈ», Sumba Nansil, foi preso pela Polícia Judiciária, a mando do Ministério Público.

A detenção, que logo suscitou agitações no seio da classe jornalística guineense e da sociedade, insere-se no âmbito de um processo em que Sumba Nansil é acusado, pela Procuradoria-Geral da República, de ter publicado um artigo envolvendo as declarações do Bastonário da Ordem dos Advogados, nas quais, Domingos Quadé pediu ao Ministério Público que proceda uma ampla investigação sobre a corrupção.


No entender da Procuradoria-geral da República, o jornalista teria adulterado as reais declarações do Bastonário, ao ter escrito que este apontou o «dedo acusador» apenas ao Ministério Público, facto que, para a Procuradoria-geral da República, pretendia lesar o bom nome da instituição, que decidiu interpor uma acção judicial contra Sumba Nansil.


A detenção do jornalista em nada está relacionada com este processo específico mas enquadra-se num outro, no qual Nansil é acusado de crime de desobediência, por se ter alegadamente recusado a receber uma das notificações do magistrado encarregue do processo.


Sumba Nansil tinha-se deslocado ao Ministério da Justiça para tratar de um assunto particular, ocasião em que um oficial da justiça o interceptou com a citada notificação para assinar, que, ao que tudo indica, trava-se da aplicação de uma medica de coacção sob Termo de Identidade e Residência. A atitude foi repudiada pelo jornalista, que considerou que a notificação deveria ser endereçada ao seu local de trabalho ou ao escritório do seu advogado, em vez de ser entregue ocasionalmente na rua, como foi o caso.


O magistrado do Ministério Público considerou o acto do jornalista como uma clara desobediência judicial, ordenando a sua imediata detenção, em cumprimento de uma ordem expedida desde Maio, mas só agora é que foi executada pela Policia Judiciária.


O advogado de Sumba Nansil, Alex Bassucu Santos Lopes, considera extemporânea a execução da ordem de prisão. O principal processo que envolve o jornalista encontra-se no Tribunal Regional de Bissau, para efeitos da marcação do julgamento. O causídico quer que tudo seja esclarecido na sessão de julgamento, cuja data não foi ainda anunciada.

União Africana pede criação de Governo inclusivo na Guiné-Bissau

Addis Abeba - O comissário para a Paz e Segurança da União Africana (UA), Ramtane Lamamra, instou sexta-feira, em Addis Abeba, na Etiópia, as autoridades de transição da Guiné-Bissau a criarem rapidamente um Governo inclusivo, afirmando que ele permitiria associar toda a classe política na gestão do país.

"As coisas avançam na Guinée-Bissau. Há uma dinámica interna. Esperamos que haja em breve um consenso sobre o pacto da transição. Deve-se encarar a criação dum Governo inclusivo. A partir daí pode-se preconizar que a data limite para a conclusão da transição a 31 de dezembro próximo será respeitada", explicou Lamamra em entrevista à PANA na capital etiópe.

Segundo Lamamra, a reforma do setor da defesa e segurança deve ser uma prioridade, tal como a luta contra a impunidade e o combate ao tráfico de drogas.

"Trabalhamos nisto e posso assegurar-vos de que o nosso representante especial, que reside em Bissau, envidou até esforços para restaurar a unidade do Partido Africano para a Independência da Guiné e de Cabo Verde (PAIGC) para que este partido, que detém um lugar central na vida política, resgate a serenidade", explicou o comissário para a Paz e Segurança da UA.

"A UA deseja a execução dum plano completo que inclua uma interação entre os diferentes setores", acrescentou.

Um novo roteiro do fim da transição, submetido aos diferentes atores bissau-guineenses no início de maio, prevê, entre outros, eleições gerais o mais tardar antes do final de 2013 e a escolha do presidente da Comissão Nacional das Eleições.

A Guiné-Bissau é dirigida desde o golpe de Estado militar de abril de 2012, que se seguiu à morte por doença em Paris do Presidente Malam Bacai Sanha, por uma autoridade de transição liderada por Manuel Serifo Nhamadjo.

A União Europeia reforça o seu apoio à população da Guiné-Bissau

A Delegação da União Europeia em Bissau anunciou planos para acrescentar a sua ajuda em prol da população do país, no intuito de continuar a desenvolver acções de cooperação em sectores estratégicos para a melhoria das condições de vida dos cidadãos.

"Além das actividades dos nossos Estados-Membros, a União Europeia já tem em curso mais de 30 programas de cooperação em benefício direito da população, cuja execução é confiada aos nossos parceiros, incluindo organizações da sociedade civil guineense, organizações não-governamentais internacionais, e Agencias especializadas das Nações Unidas tais como o PAM, o UNICEF e a OMS", salientou o Embaixador Joaquín GonzálezDucay, Chefe da Delegação. "Através deles, estamos a providenciar saúde, educação, água, energia eléctrica e alimentação nas várias regiões do país, num valor de cerca de 33 mil milhões de Francos CFA".

Outros programas nessas mesmas áreas, num valor de cerca de 20 mil milhões de Francos CFA, já estão prontos para execução ou numa fase preparatória avançada.

Com efeito, tal como o Embaixador González-Ducay manifestou na sua alocução por ocasião da celebração do Dia da Europa no 9 de Maio de 2013, "A União Europeia continuará a desenvolver acções de cooperação em benefício direito da população da Guiné-Bissau, que nunca foram interrompidas e nunca serão interrompidas".

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Ex-secretário-executivo da CPLP Domingos Simões Pereira foi ouvido no Tribunal Militar de Bissau

É bem conhecido dos meios diplomáticos em Portugal e nos países lusófonos pois liderou a CPLP entre 2008 e 2012. Quer concorrer à liderança dos PAIGC e às próximas eleições, ainda sem data marcada depois do golpe do ano passado. Nesta quarta-feira, foi ouvido no tribunal militar em Bissau


O antigo secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e candidato à liderança do PAIGC na Guiné-Bissau Domingos Simões Pereira foi esta quinta-feira ouvido no Tribunal Militar Regional de Bissau. Os motivos da sua notificação não foram esclarecidos. Um dos seus advogados, ouvido pela RDP-África, disse que o político guineense entrou e saiu declarante. A audição durou duas horas.

No tribunal, presidido por um militar, decorre desde Março o julgamento de 16 militares e um civil, acusados de envolvimento na acção militar de 21 de Outubro – apresentada pelos militares golpistas de 12 de Abril, liderados pelo general António Indjai, como uma tentativa de contragolpe. Alguns já foram condenados, entre os quais o capitão Pansau N’Tchama, acusado de liderar o ataque.

Domingos Simões Pereira, membro do PAIGC, partido do ex-primeiro-ministro derrubado no golpe de Estado de Abril, Carlos Gomes Júnior, disse que em circunstância alguma conheceu Pansau N’Tchama. Este foi, no mês passado, condenado a cinco anos de prisão, acusado de traição e uso de armas ilegais.

A acção de 21 de Outubro deu lugar a uma série de perseguições de políticos, detenções, tortura e execuções, de acordo com a Liga Guineense dos Direitos Humanos. O secretário-geral da ONU Ban Ki-Moon, num relatório apresentado ao Conselho de Segurança, em finais de Novembro passado, notava igualmente com “profunda preocupação” a “deterioração da situação de segurança no país” depois desse ataque. Também salientava a “incapacidade” do Estado “em proteger a população e especialmente certos grupos étnicos”, desde então.

O alto responsável das Nações Unidos referia o aumento das violações dos direitos humanos “cometidas por militares”, incluindo tortura e execuções sumárias. E dizia recear que "o direito à vida, à segurança pessoal, à integridade física, propriedade privada e ao acesso à justiça, bem como a liberdade de reunião, de opinião e de informação” continuassem “a ser violados". Destacava os abusos – incluindo tortura, intimidação e assassínios – cometidos contra elementos do grupo étnico Felupe-Djola, que tem sido acusado de apoiar o ataque de 21 de Outubro, e que é visto como próximo de Carlos Gomes Júnior.

No mesmo relatório, Ban Ki-moon responsabilizava as chefias militares, no poder desde o golpe de Estado de Abril, pelo aumento do narcotráfico na Guiné-Bissau. Nesse documento e no mais recente que foi aprovado por unanimidade esta quarta-feira pelo Conselho de Segurança da ONU, o alto responsável da ONU insistiu na necessidade de se marcar uma data para a realização de eleições e na urgência de atacar o problema do narcotráfico – que já levou à prisão do ex-chefe de Estado-Maior da Marinha Bubo Na Tchuto em águas internacionais numa operação secreta liderada pelos Estados Unidosque o acusam a ele e ao actual chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas António Indjai de envolvimento neste tráfico e outro tipo de crime organizado.

Domingos Simões Pereira, que anunciou este ano a sua candidatura à liderança do PAIGC para suceder a Carlos Gomes Júnior, promete, no seu manifesto político, “distanciamento total do partido” da “natureza criminosa e corrupta dos círculos ligados ao narcotráfico” e defende o envolvimento de todas as instituições do Estado, da sociedade e da comunidade internacional no combate ao narcotráfico.

O seu objectivo é concorrer a umas eleições que ainda não têm data marcada. Simões Pereira foi secretário-executivo da CPLP entre 2008 e 2012. No passado, foi membro eleito da Comissão Permanente do Bureau Político do PAIGC e integrou o governo deste partido saído das eleições de 2004 enquanto ministro das Obras Públicas.

União Europeia e CEDEAO discutem sobre Guiné-Bissau

A União Europeia e a CEDEAO reuniram-se no passado dia 16 de Maio em Bruxelas, no âmbito do regular diálogo político a nível ministerial. O papel da CEDEAO na promoção da paz, segurança, boa governação e democracia na África Ocidental, a integração económica, a cooperação regional para o desenvolvimento e as questões comerciais foram os temas prioritários da agenda da reunião.

As discussões concentraram-se particularmente na transição e na reconstrução do Mali, nos desafios eleitorais na Guiné-Conacri e no Togo, a luta contra a corrupção e o crime organizado, e a resposta à crise alimentar do Sahel, entre outras questões importantes.

No que diz respeito à Guiné-Bissau, a União Europeia e a CEDEAO manifestaram profunda preocupação quanto ao impasse que persiste nos esforços para resolver os vários desafios que o país enfrenta. Reiterando a sua firme condenação da interrupção do processo eleitoral pelo golpe de Estado de 12 de Abril de 2012 e a sua firme rejeição de comportamentos anticonstitucionais e das violações dos direitos humanos pelas forças de segurança, a União Europeia e a CEDEAO destacaram que a implementação de um roteiro inclusivo, levando ao rápido restabelecimento da ordem constitucional através da realização de eleições livres, justas, transparentes e credíveis, antes do final de 2013 conforme solicitado pela Cimeira dos Chefes de Estado da CEDEAO, é crucial.

A União Europeia e a CEDEAO notaram com interesse o debate em curso na Assembleia Nacional Popular sobre o roteiro de transição, o que poderia constituir um passo positivo, se o calendário for implementado e as condições para um processo totalmente democrático forem asseguradas, em relação ao qual um compromisso forte e duradouro por parte das autoridades da Guiné-Bissau é essencial. Nesse sentido, as partes sublinharam a importância de uma acção rápida. A União Europeia manifestou a sua disponibilidade para apoiar a realização de eleições uma vez que todas as condições sejam cumpridas. Ambas as partes congratularam-se pelo resultado da missão de avaliação conjunta realizada pela CEDEAO, a União Africana, a União Europeia, a ONU e a CPLP em Bissau em Dezembro de 2012, com o objectivo de forjar um consenso internacional sobre a situação, incluindo o processo de transição, a luta contra a impunidade e o crime organizado transnacional, bem como as profundas reformas necessárias para todos os principais sectores do sistema político, governativo, da defesa e segurança, da justiça e institucional do país.

A União Europeia e a CEDEAO concordaram que reformas profundas e irreversíveis, começando com a reestruturação radical das forças armadas e de segurança, especialmente a renovação da liderança militar superior, bem como uma profunda reforma dos sectores da segurança e da justiça e do sistema político, são essenciais para a estabilização e prosperidade do país. Expressaram ainda a sua profunda preocupação com a infiltração inquietante em todas as estruturas do Estado pelo crime organizado e o narcotráfico, observando que a detenção do ex-chefe da Marinha sob acusação de narcotráfico e a acusação do actual Chefe de Estado-Maior Geral das Forças Armadas de alegada participação no narcotráfico demonstram a gravidade do problema. Tanto a União Europeia quanto a CEDEAO manifestaram a sua determinação em tomar todas as medidas necessárias contra todas as pessoas e entidades condenadas pelos tribunais.

A União Europeia e a CEDEAO salientaram a extrema importância de uma luta eficaz contra o crime organizado e o narcotráfico, da protecção dos direitos humanos e do fim da impunidade, pedindo a todas as pessoas com cargos de responsabilidade em Bissau de demonstrar o seu firme compromisso na luta contra o narcotráfico, e reiterando que todas as pessoas ligadas com qualquer violência e actividades anticonstitucionais e desestabilizadoras serão responsabilizadas pela comunidade internacional, incluindo a CEDEAO e a União Europeia.

Finalmente, a União Europeia e a CEDEAO salientaram a grande importância da preservação e da boa gestão dos recursos naturais da Guiné-Bissau, incluindo a exploração adequada e sustentável dos recursos terrestres e marinhos, de acordo com as regras aplicáveis. As partes louvaram grandemente o renovado envolvimento da comunidade internacional na Guiné-Bissau, nomeadamente através do fórum P5 (CEDEAO, União Africana, União Europeia, ONU e CPLP), cujo trabalho constitui a base para um apoio coordenado com vista a um rápido retorno da democracia à Guiné- Bissau.

A reunião teve muito sucesso e os seus resultados poderão tornar-se muito úteis para reforçar a promoção de valores, interesses e objectivos partilhados entre a União Europeia e a CEDEAO na África Ocidental, bem como para aprofundar e consolidar a sua parceria.

Bissau, 23 de Maio de 2013

Encontro dos Bispos da Guiné-Bissau

Encontro dos Bispos da Guiné-Bissau
Comunicado às Paroquias e Missões das Dioceses de Bissau e Bafatá
Os Bispos da Guiné-Bissau, Dom José Câmnate Na Bissign, Dom Pedro Carlos Zilli e Dom José Lampra Cá, para aprofundar a reflexão sobre o caminho da Igreja da Guiné-Bissau no seu serviço ao povo deste Pais, como também atender as orientações da Nunciatura Apostólica e da Conferencia Episcopal, da qual fazem parte, reuniram-se, no Centro de Espiritualidade de N’Dame nos dias 21 e 22 de Maio.

Na tarde dia 21, depois dos funerais do Sr. Henrique Pereira Rosa, iniciaram os trabalhos. As perguntas “como evangelizar hoje a Guiné-Bissau?” e “quais são os desafios no nosso caminho de evangelização?”, motivaram a reflexão dos Bispos. Manifestaram todo o seu regozijo e agradecimento a Deus pelo aumento de batizados, de comunidades cristãs que crescem continuamente, dos jovens e adultos que se casam pela Igreja, do aumento os sacerdotes locais, dos consagrados, das consagradas.

Sublinharam que as igrejas são cada vez mais insuficientes para conter tão grande número de participantes nas celebrações. Ao mesmo tempo, mostraram-se preocupados pela urgente necessidade do aprofundamento da fé em Jesus Cristo “único Salvador do mundo”(Porta Fidei); a necessidade de uma fé alimentada pela Palavra de Deus lida e meditada; a necessidade de uma fé que leve a um maior empenho eclesial, social e politico; a necessidade de interiorizar o sentido de pertença à Igreja, despertar e fortalecer a dimensão missionária da fé de cada cristão.


Os Bispos enfatizaram a importância da formação sempre mais intensa dos sacerdotes diocesanos, através de alguns documentos eclesiais específico para que continuem a aprofundar sua identidade, espiritualidade e missão.


Reiteraram a importância da Pastoral do Dizimo; regozijaram-se com os trabalhos já realizados, neste âmbito, que demonstram a fé no Deus providente, o sentido de pertença eclesial e o desejo de não suspender atividades pastorais por falta de meios financeiros.
Manifestaram a vontade de ver nossa Igreja sempre mais apta a servir-se dos meios de comunicação social para anunciar o Evangelho e difundir a Doutrina Social da Igreja, propondo a descoberta contínua dos verdadeiros valores que dignificam uma pessoa, um povo, uma Nação.


Sublinharam que a Guiné-Bissau está a passar por momentos muito difíceis marcados por crises profundas. Realçaram que a Igreja da Guiné-Bissau tem o dever moral de empenhar-se em dar à sociedade quadros que, fundados nos valores evangélicos, sejam qualificados para a gestão da coisa pública, de maneira a encontrarem soluções para o Pais. É neste contexto que se inserem os esforços para a criação da Universidade Católica.


Falaram da viagem de Dom Pedro Zilli e Dom José Lampra Cá para a JMJ 2013 e dos contatos já programados com a CNBB (Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil), Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e algumas dioceses de Brasil com as quais já existem experiencias de colaboração. Os objetivos destes contactos é estabelecer parcerias relativamente à Universidade Católica, intensificar a vinda de professores para o Seminário Maior, pedir bolsas de estudos para sacerdotes guineenses e solicitar sacerdotes Fidei Donum para a Guiné-Bissau.


No contexto do Ano da Fé, o encontro foi permeado pelos momentos de oração e da celebração da Santa Eucaristia. Os Bispos agradeceram a Deus pela oportunidade de se encontrarem e partilhar preocupações sobre a vida da Igreja e do Pais. Invocaram as bênçãos de Deus para que nossa Igreja possa continuar a ser fiel à sua missão, particularmente na tarefa da reconciliação, da justiça e da paz. Nas suas orações, os Bispos pediram ao Senhor para que aumente em todos nós, cristãos, a fé. Os Bispos agradeceram a Deus pelos sacerdotes, consagrados/as, catequistas e demais agentes de Pastoral que não poupam esforços para a edificação do Reino de Deus.


Agradeceram ao Senhor pela ordenação do novo Bispo de Thiés, Senegal, Dom André Gueye, dia 25 de Maio (novo membro da Conferencia Episcopal Inter-territorial do Senegal, Mauritânia, Cabo Verde e Guiné-Bissau) e pela nomeação de Dom Manuel Clemente, Bispo do Porto, para Patriarca de Lisboa, Igreja Lusófona irmã. Que o Senhor os abençoe nesta nova missão que lhes é confiada.

No fim dos trabalhos, agradeceram ao Centro de Espiritualidade de N’Dame pelo bom acolhimento a eles reservado e por tudo aquilo que, há anos, faz pelo rejuvenescimento espiritual da Igreja da Guiné.


Pelos Bispos, Dom Pedro Zilli
N’Dame, 22 de Maio de 2013

quinta-feira, 23 de maio de 2013

China vai construir Palácio da Justiça

Bissau, 22 mai  - A China vai construir o Palácio da Justiça da Guiné-Bissau, que deverá estar pronto em 2014, nos termos de um acordo rubricado hoje.

A construção do Palácio da Justiça está orçada em cerca de 11 milhões de euros, segundo uma fonte do Ministério da Justiça guineense. As obras deverão ter início dentro de dois meses e o Palácio devera estar pronto para ser entregue às autoridades de Bissau no próximo ano.

A assinatura do acordo foi presenciada pelo presidente do Supremo Tribunal de Justiça guineense, Paulo Sanhá, pelo Procurador-Geral da Guiné-Bissau, Adbu Mané, e pelo ministro da Justiça, Mamadu Saido Baldé, que disse que o ato "é a concretização de um sonho antigo".

(Atenção, não há almoços grátis!!)

Escola Superior fechada a cadeado pelos alunos

Bissau - Os alunos da Escola Superior de Educação (ESE) da Guiné-Bissau fecharam ontem (quarta-feira) a cadeado as portas do estabelecimento de formação de professores em sinal de protesto pela greve dos docentes das escolas públicas do país.   

Os professores das escolas públicas guineenses estão de greve geral há quase um mês, reclamando o pagamento de salários em atraso.   

Evanir Nunes Ocaia, presidente da Federação dos alunos da ESSE, disse à Agência Lusa que o fecho das portas da escola "é por tempo indeterminado" e surge como "medida de pressão ao Governo" para que pague os salários aos professores, que já não recebem há oito meses. 

O fecho do portão da Escola Superior de Educação fez com que os alunos do departamento de Língua Portuguesa, que têm o apoio do Instituto Camões a partir de Portugal, também estejam sem aulas.  

Evanir Ocaia sabe que está a prejudicar os alunos que aprendem a língua portuguesa, mas considera ser a única forma de pressionar o Governo guineense no sentido de resolver o problema.   

"Por ser um curso que recebe o apoio de um Governo de outro país (Portugal) e por esse motivo funcionava sem problemas. O nosso Governo vai ter de tomar medidas porque eles também estão sem aulas", defendeu o presidente da Federação dos alunos da ESE. 

"A ideia é bloquear tudo. Não vai funcionar nada até que se resolva o nosso problema", disse Evanir Ocaia, que considera insignificante o número de alunos que frequentam o ensino da Língua Portuguesa na ESE.   

"É como se fossem uma gota de água no oceano. Achamos injusto que estejam a ter aulas enquanto nós, que somos o grosso dessa escola, estamos sem aulas", afirmou o dirigente estudantil.   

As portas da escola, no bairro de Missirá, só voltarão a abrir com o pagamento de salários aos professores de todos os cursos e ainda quando a direcção da escola melhorar as condições de trabalho e de aprendizagem, defendeu Evanir Ocaia. 

"Exigimos que haja Internet, corrente eléctrica suficiente, abertura da sala do conselho técnico pedagógico durante a noite, a reabilitação do ginásio do Enefd" (Escola Nacional de Educação Física e Desporto) que faz parte da ESE, sublinhou Ocaia.   

A ESE tem mais de três mil alunos, em cursos diversos para chegar à carreira docente.

Entrevista a Éder avançado do Sp. Braga: o lar, os puxões de orelha e os vidros partidos

Sp. Braga-FC Porto [Lusa]Avançado cresceu numa instituição, onde os pais o deixaram.

Éder cresceu numa instituição sem deixar esvaecer o sonho do futebol. O avançado do Sp. Braga recorda as traquinices no Lar Girassol, os puxões de orelha, os raspanetes por causa dos vidros partidos. Chegou a ser afastado do futebol por causa das notas. Resistiu a tudo. E venceu.
MF - Nasceu na Guiné-Bissau e foi para Lisboa com três anos. Sentindo uma ligação à Guiné-Bissau, nunca pensou representar essa seleção?
- Vim para cá muito novo e, desde então, estou habituado à cultura portuguesa e sinto-me português. Mas tenho as minhas raízes. Nunca fui lá e é claro que gostaria de visitar o país onde nasci. Porém, foi aqui que cresci e foi aqui que aprendi tudo. Por essa ligação, e por tudo o que o país me deu, optei por representar Portugal.
- O que sentiu quando os seus pais tomaram a decisão de o colocar num colégio? Foi difícil de aceitar?
- Sim, foi difícil de aceitar. Até porque estava habituado a ver os meus colegas a viver com os pais. Depois de um tempinho na instituição, comecei a adaptar-me e vi que era o melhor para mim.
- O que recupera do Lar Girassol, onde esteve desde os oito anos?
- Muita coisa. As brincadeiras com os meus colegas. Ainda tenho muitos amigos que fiz na instituição. As futeboladas que fazíamos... Tenho uma série de boas recordações.
- Deve haver muitos episódios interessantes desse período...
- Há alguns episódios engraçados, sim. Um deles tem a ver com o facto de jogarmos futebol lá no pátio e eu partir muitos vidros. Tive alguns castigos por causa disso. Uns puxões de orelhas, uns raspanetes, ir para cama mais cedo, não ver televisão. Por outro lado, chegaram a tirar-me do futebol por causa das notas e o treinador do Adémia foi ao colégio pedir para eu jogar. Mesmo que eu não treinasse durante a semana, ele ia pedir que eu fosse só ao jogos. Também na altura do Adémia, havia um senhor que tinha um talho, e que por cada golo que eu marcava oferecia-me uma febra. Então, no final da época, fazíamos sempre uma almoçarada com as febras todas.
- Quando visita o Lar Girassol, as crianças reconhecem-no? O que lhes costuma dizer?
- Sim, sim, mesmo os mais miúdos sabem quem eu sou. Agora não tenho tido muito tempo, mas continuo a ir lá. A mensagem que costumo deixar é simples. Digo-lhes que é possível alcançar os nossos objetivos se acreditarmos.
- Como começou a jogar futebol a nível federado?
- Eu jogava na escola, no Instituto Educativo de Souselas, costumava participar nos torneios do desporto escolar e um professor meu viu-me a jogar na escola. Perguntou-me porque é que não ia treinar ao Adémia, onde ele era treinador. Ele fez-me o convite, eu pedi autorização no colégio e foi assim que comecei a jogar.
- Não conseguiu entrar na Académica mais cedo por ser estrangeiro. Pensou desistir? Chegou a parar um ano. O que fez durante esse período?
- Durante esse ano joguei futebol somente com os amigos, por diversão. Foi complicado porque foi no ano da transição de júnior para sénior e muita gente me disse que seria difícil ficar parado durante esse ano. Cheguei a pensar que ia ser complicado, não pensei em desistir, mas sabia que ia ser complicado. Exigiu muita vontade e algum espírito de sacrifício.
- Foi para o Tourizense ganhar 400 euros. O que fez com os primeiros salários?
- Dei parte à minha mãe e, como o dinheiro era necessário no dia-a-dia, gastei-o nas coisas essenciais.
- Já nessa altura tinha esperanças e sentia ter capacidades para voos mais altos?
- Sim, sempre acreditei. Sabia que era difícil, mas acreditava nas minhas capacidades e, com a ajuda dos amigos, consegui chegar onde cheguei.

ONU aprova extensão mandato para Guiné-Bissau e pede mais eficácia na luta contra a droga

O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou hoje a prorrogação do mandato para a Guiné-Bissau até maio de 2014 e pediu mais apoio da comunidade internacional para a luta contra o tráfico de droga no país.

Em termos gerais, o Conselho de Segurança aprovou todas as sugestões enviadas pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, no início do mês, de acordo com a resolução aprovada e hoje divulgada, na qual se fazem muitas referências à questão do tráfico de droga.

No documento, a que a Lusa teve acesso, o Conselho de Segurança incentiva a comunidade internacional para que aumente a cooperação com a Guiné-Bissau para que o país possa controlar o tráfego aéreo e a vigilância marítima e lutar contra o tráfico de drogas, crime organizado e pesca ilegal.

Na mesma linha, exorta as autoridades da Guiné-Bissau para que aprovem e apliquem leis e mecanismos de combate eficaz ao crime transnacional, especialmente o tráfico de drogas e o branqueamento de capitais, que apoiem os esforços regionais no mesmo sentido e que demonstrem "um maior compromisso de lutar contra o tráfico de drogas".

Lusa 22 Mai, 2013

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Cerimónias funebres de Henrique Rosa reúnem milhares na Guiné-Bissau

Milhares de pessoas quiseram marcar presença na última homenagem feita ao ex-Presidente da transição na Guiné-Bissau. Henrique Rosa morreu na semana passada em Portugal, aos sessenta e seis anos, vítima de doença prolongada.

A cerimónia fúnebre de Henrique Rosa foi marcada por emoção e elogios à personalidade do antigo estadista. Anónimos, figuras da cena política e da comunidade internacional marcaram presença na catedral da capital para o último adeus ex-Presidente de transição.

Durante a missa o bispo, amigo de Henrique Rosa, falou da coerência e da "serenidade" do antigo Presidente de transição e das suas qualidades como pai de família, empresário e político. O actual Presidente de transição, Serifo Nhamadjo, foi um dos presentes na cerimónia que teve lugar no cemitério, onde estiveram também o presidente da Assembleia Nacional Popular, Sory Dajaló e o representante da ONU em Bissau, José Ramos Horta.

Recorde-se que Henrique Rosa nasceu em Bafatá, leste da Guiné-Bissau, a 18 de Janeiro de 1946. Foi empresário e chega à política em 2003 depois de Kumba Ialá ter sido derrubado num golpe de Estado para assumir as rédeas do poder.

Durante dois anos o desemprenho político do Presidente de transição é elogiado pela comunidade internacional que o definem como "a personalidade ideal para o período de transição", um período que termina com as eleições de presidenciais de Julho de 2005, onde acaba por entregar a cadeira do poder a João "Nino" Vieira.

Em 2009 candidata-se às presidenciais antecipadas com o assassínio do Presidente Nino Vieira, ficando em terceiro lugar. Exercício que volta a repetir em 2012, cujos resultados da primeira volta contesta juntamente com outros três candidatos, entre os quais Kumba Ialá.

 

Correspondência da RFI em Guiné-Bissau
(01:38)
 
 

terça-feira, 21 de maio de 2013

Henrique Rosa vai a enterrar

O antigo presidente de transição da Guiné-Bissau, Henrique Rosa, vai hoje a enterrar no cemitério municipal de Bissau.

Morreu ex-presidente da transição guineense Henrique RosaO governo decretou três dias de luto nacional, que terminam hoje. Henrique Rosa entrou para a política activa em 2003 como presidente de transição da Guiné-Bissau, depois do golpe  militar que derrubou o então presidente eleito, Kumba Ialá.

Rosa morreu a 15 deste mês, aos 66 anos, depois de vários meses internado no hospital de São João, no Porto, em Portugal.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Reunião Diáspora guineense em Londres para discutir "soluções" para o país

Diáspora guineense em Londres para discutir soluções para o país

A iniciativa partiu de antigos membros do Texas 80, um grupo de jovens formado na época dos anos 1980 em Bissau, conhecido por organizar atividades culturais na capital guineense e que continuou ativo em Lisboa devido à emigração por parte dos seus membros.

Um núcleo destes guineenses encontra-se atualmente em Londres, pelo que a capital britânica foi escolhida para acolher o encontro "Elo" de Gerações, que se espera juntar participantes do Reino Unido, Portugal, França e EUA.

"A maioria dos membros do grupo [Texas 80] estão agora nos 40, quase 50 anos, mas manteve-se em contacto e, 20 anos depois, decidiu juntar-se dada a situação na Guiné", disse Juliano Nunes, um dos organizadores, à agência Lusa.

O programa inclui uma exposição de arte, intervenções e debates sobre associativismo, o papel da diáspora no desenvolvimento do país, sobre questões como o turismo, saúde e saneamento, o papel da mulher na sociedade guineense e ainda discussões sobre poesia, literatura e história.

Juliano Nunes salientou que não pretendem fazer política, mas "debater, confraternizar e pensar a Guiné-Bissau de forma positiva".

À noite, além de gastronomia guineense, haverá a atuação de vários grupos musicais e uma "noite dançante" que se prolongará até às 05:00, com um "discurso de encerramento".

"Queremos abranger tudo o que fizemos como novos, mas o evento não é só a parte cultural. Queremos arranjar soluções para encontrar a estabilidade de outros PALOP [Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa]", vincou Juliano Nunes.

Muitos destes guineenses, explicou este técnico informático, pensam em regressar, incluindo ele próprio.

"Já estou nos 40 anos e quero voltar, mas enquanto [o país] estiver assim ninguém pode regressar ou investir. Eu não quero ir para a Guiné velho, quero ser útil", acrescentou.

Juliano Nunes não soube quantificar a dimensão da diáspora guineense, estimando apenas que serão cerca de 50 mil em Londres.

"Somos poucos, mas muito unidos sem divisões de etnia ou cor", garante.

Em abril de 2012, a Guiné-Bissau viveu mais um golpe de Estado e desde então o país é gerido por um Governo de transição, estando em discussão a possibilidade de realizar eleições em novembro deste ano.

Presidente guineense Nhamadjo obrigado a alargar a mais partidos governo inclusivo

Ainda não foi dessa que a Guiné Bissau teve o tão propalado governo de inclusão, porque partidos que apoiaram golpistas exigem também a sua participação.

Vários partidos guineenses que apoiaram o golpe militar de abril passado, foram ontem recebidos em Bissau, pelo Presidente Serifo Nhamadjo, a quem foram dizer que não estão de acordo com o anunciado governo de inclusão entre o PAIGC e o PRS, sublinhando que querem fazer parte também da equipa governamental.

Agnelo Regala, líder da União para a Mudança, um desses partidos presentes no encontro com o Presidente de transição, declarou à imprensa, que o importante é ter um "governo de inclusão competente, capaz de gerir este processo de transição".

A nível internacional, o representante do secretário geral da ONU, em Bissau, Ramos Horta, declarou estar satisfeito com a abertura do Presidente Serifo Nhmadjo, em relação aos outros partidos guineenses.

 

Mussá Baldé, correspondente RFI em Bissau
(01:50)
 
 

domingo, 19 de maio de 2013

Três dias de luto nacional pela morte de Henrique Rosa

Morreu ex-presidente da transição guineense Henrique RosaBissau - O Governo de transição da Guiné-Bissau decretou três dias de luto nacional, a partir de domingo, pela morte do antigo Presidente de transição Henrique Rosa, ocorrida esta semana em Portugal e vai a enterrar, na (terça-feira), em Bissau.

Henrique Rosa morreu no passado dia 15 aos 66 anos, depois de vários meses internado no hospital de São João, no Porto.

Nascido em Bafatá, leste da Guiné-Bissau, a 18 de Janeiro de 1946, Henrique Rosa, empresário e conhecido pelo seu fervoroso catolicismo, entrou para a política activa em 2003 como Presidente de transição da Guiné-Bissau, depois de o Presidente eleito, Kumba Ialá, ter sido derrubado num golpe militar.

Henrique Rosa conduziu o país até às eleições presidenciais de Julho de 2005, tendo entregado o poder ao posteriormente assassinado João Bernardo "Nino" Vieira. 

O corpo do antigo Presidente chegará a Bissau na madrugada de segunda-feira, disse à Lusa fonte familiar. O funeral deverá realizar-se na terça-feira.

Durante os três dias de luto nacional a bandeira da Guiné-Bissau será colocada a meia haste nos edifícios públicos e são proibidas festas e outras manifestações similares. 

Talentos de futebol da Guiné-Bissau impressionam olheiros europeus na Bissau Cup

Bissau, 18 mai (Lusa) - Jovens futebolistas guineenses estão a impressionar "olheiros" europeus que assistem à primeira edição do Bissau Cup, um torneio organizado por antigos atletas naturais da Guiné-Bissau que fizeram carreira em Portugal.

Os observadores de clubes como Benfica, Sporting, Leixões, e agências de jogadores como a Soccer Champions e a Gestifute, puderam assistir hoje no Estádio Lino Correia de Bissau a vários jogos e tomar notas sobre os jovens jogadores do escalão sub-17.

O representante da Gestifute, João Camacho, disse à agência Lusa que "para já não quer dizer nada" sobre o que viu, embora esteja a tomar "muitas notas", enquanto Adriano Sousa, da Soccer Champions, não tem dúvidas sobre o talento do jogador guineense.

sábado, 18 de maio de 2013

"A CPLP na era da Globalização" - vídeo versão longa

MORTE de Henrique P Rosa - A Liga Guineense dos Direitos Humanos envia mesagem de condolência

 

Mensagem de Condolência


A Liga Guineense dos Direitos Humanos tomou conhecimento através da imprensa da triste notícia de falecimento de um dos seus membros honorários de sempre e Ex-presidente da República, senhor Henrique Pereira Rosa.


Durante o tempo que partilhamos na incessante luta pela edificação de um estado de Direito assente no respeito pela dignidade da pessoa humana, aprendemos com Henrique Pereira Rosa os valores como a tolerância, a perseverança, e a solidariedade.


Neste momento de dor e de profunda tristeza, a maior homenagem que podemos render-lhe é dar seguimento ao legado por ele deixado, construindo uma sociedade assente no respeito pelos direitos humanos e a observância estrita dos princípios axiológicos do estado de direito.


A Liga Guineense dos Direitos Humanos endereça a família enlutada os seus mais sentidos pêsames, pedindo a Deus que lhe dê um eterno descanso, entre o esplendor da luz perpetua.

Feito em Bissau aos 17 dias do mês de Maio 2013

Á Direcção Nacional

A União Europeia apoia o sector da pesca na região de Cacheu

A União Europeia financiou a execução de um projecto baseado em Canchungo (região de Cacheu) por um montante de cerca de 33 milhões de Francos CFA, viabilizando a instalação de uma câmara frigorífica para a conservação do pescado com uma capacidade de 30 toneladas.

O projecto foi concluído oficialmente no dia 16 de Maio, com a inauguração da câmara frigorífica, que beneficiará principalmente o sector de pesca na região de Cacheu, em particular o colectivo de mulheres vendedoras do pescado de Canchungo.

Entre os resultados desse projecto destaca-se ainda o fornecimento de luz e de água potável a uma escola anexa de 1000 alunos.

Financiado através dos fundos de apoio sectorial no quadro do acordo de parceria no domínio da pesca entre a União Europeia e a República da Guiné-Bissau, este projecto contribui nomeadamente para a luta contra a pobreza e para o desenvolvimento sustentável da economia produtiva no interior do país, apontando mais uma vez o compromisso da União Europeia com os cidadãos e a sociedade civil Bissau-guineenses.

Declaração local da União Europeia sobre as violações dos direitos humanos na Guiné-Bissau

A Delegação da União Europeia emite a seguinte declaração em acordo com os Chefes de Missão da União Europeia junto da República da Guiné-Bissau:

A Delegação da União Europeia tomou conhecimento do incidente que ocorreu na noite do dia 11 de Maio de 2013, durante a qual o cidadão Bissau-Guineense Ensa Sanha foi raptado e levado para os arredores de Bissau, onde foi barbaramente espancado por um grupo de indivíduos e abandonado.

Tais violações dos direitos humanos, inaceitáveis em qualquer Estado de direito democrático, ameaçam os esforços em curso no sentido do retorno da ordem constitucional ao país e demonstram mais uma vez a necessidade urgente de combater a impunidade.

A Delegação da União Europeia condena firmemente esses actos e insta as autoridades competentes para abrir imediatamente um inquérito sobre as circunstâncias deste incidente, no sentido de responsabilizar os autores deste crime pelas suas acções.

Bissau, 17 de Maio de 2013

UNICEF preocupado com dimensões do fenómeno talibé

Bissau - A UNICEF na Guiné-Bissau manifestou-se hoje (sexta-feira) preocupada com o fenómeno das crianças talibé, que são levadas para o Senegal e privadas de direitos, considerando esse "tráfico de crianças" como de "dimensões preocupantes". 


"Com base em evidências podemos dizer que a exploração em definitivo existe, e quando existe a saída de crianças de forma ilegal para fins de exploração podemos afirmar com toda a certeza que existe o tráfico de crianças", disse aos jornalistas o representante da UNICEF, Abubacar Sultan. 

O responsável falava a propósito da primeira conferência regional de Gabu (leste da Guiné-Bissau), que durante dois dias discutiu "a problemática das crianças talibés", numa iniciativa do governo regional e que teve o apoio da UNICEF.  

O objectivo do encontro de Gabu foi juntar "os principais atores" regionais e nacionais para "repensar o problema e as suas implicações, e sobretudo encontrar um consenso relativamente a melhores formas de prevenção mas também de atendimento das crianças que já se encontram nessa situação", disse Abubacar Sultan.  

Em causa estão crianças guineenses, normalmente de famílias vulneráveis, que são levadas maioritariamente para o Senegal para escolas vocacionadas para o ensino do Corão e que lá são sujeitas "a todo um conjunto de violações dos seus direitos,
fundamentalmente o próprio direito à educação, seguindo-se depois violência, abuso, exploração e humilhação", nas palavras do responsável.

Essas crianças são por norma forçadas à mendicidade, salientou Abubacar  Sultan, frisando que o que preocupa a UNICEF não são as crianças talibé em si, porque se trata de uma questão religiosa e do direito à educação, "mas sim o aproveitamento dessa
situação para a exploração das crianças, a sujeição à violência, abusos e privação, no sentido de lhes criar uma personalidade humilde".  

Na conferência de Gabu, acrescentou, sentiu-se que os líderes religiosos se pretendem distanciar da prática, embora também se tenha concluído que o fenómeno é grave e tem vindo a ganhar contornos e proporções preocupantes.

O representante da UNICEF disse ser impossível quantificar o número de crianças guineenses que estão no Senegal mas disse que cerca de 30 porcento das crianças que estão nos centros mais precários do Senegal  têm origem na Guiné-Bissau. Num estudo
de 2007 referia-se existirem 2000 crianças guineenses no Senegal (algumas a partir dos quatro ou cinco anos), mas "há evidências de que esse número tenha crescido", disse.  

Abubacar Sultan considerou fundamental suprimir as necessidades de ter educação noutros países e fazer a prevenção de casos de tráfico de crianças. As conclusões da conferência, disse, foram nesse sentido.  

Nos compromissos assumidos pelos participantes na conferência de Gabu surge em primeiro lugar na lista de prioridades a necessidade de adoptar acordos e parcerias entre o Estado e entidades que trabalham com a criança, no sentido de permitir o acesso à  educação institucional e religiosa.  

Os participantes, governo, líderes religiosos, agentes de justiça, pais e organizações não-governamentais, comprometeram-se também em promover o recenseamento dos grandes centros de escolas do Corão e escolas madrassas, e criar mecanismos de
incentivo às escolas corânicas e madrassas dentro da Guiné-Bissau.

Companhia regional Asky Airlines começa a voar para Bissau em Julho

Bissau - A companhia aérea ASKY Airlines, da região ocidental e central africana, vai começar a voar para a Guiné-Bissau a partir de 15 de Julho próximo, foi ontem (sexta-feira) anunciado numa cerimónia em Bissau.


O protocolo nesse sentido foi hoje assinado em Bissau pelo director geral da ASKY Airlines, Busera Awel, e o governo de transição da Guiné-Bissau, através do presidente do conselho de administração da Agência da Aviação Civil da Guiné-Bissau (AACGB), Nuno Nabiam.

"A Guiné-Bissau tem uma profunda necessidade de resolver os problemas de transporte aéreo no país", disse Nuno Nabiam, lembrando que os transportes aéreos de Cabo Verde (TACV) deixaram de voar para Bissau e que também a Senegal Airlines "está com problemas sérios a nível de aparelhos",o que "isola o país cada vez mais".

O responsável garantiu que o voo inaugural da ASKY será a 15 de Julho e que a rota será operada por um Boeing 737, com dois voos semanais. Um faz a rota Lomé (Togo), Abidjan (Cote d'Ivoire), Conacry (Guiné-Conacry) e Bissau (e vice-versa), e outro a rota Lomé, Bamako (Mali), Dacar (Senegal) e Bissau (e vice-versa).  

"Esperamos que dentro de seis meses conseguiremos atingir cinco voos por semana", disse Nuno Nabiam. 

Busera Awel lembrou que a ASKY Airlines é uma companhia regional formada em 2010 por iniciativa da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), com capitais principalmente do Banco Central  dos Estados da África Ocidental, do Banco Oeste Africano de Desenvolvimento, do Ecobank e da Ethiopian Airlines. 

"O nosso objetivo é resolver o problema dos transportes aéreos na região, com ligações eficientes entre os países que permitam aumentar as relações económicas e o movimento de passageiros", disse o responsável. 

Busera Awel disse que só agora a ASKY começa a voar para Bissau porque o negócio do transporte aéreo é complicado e tem de se fazer por fases, "para não acabar ao fim de um ano". 

"Nós não fazemos como outras companhias que abrem e o primeiro voo é para Paris, nós primeiro vamos resolver os problemas da região, fortalecer-nos", disse, justificando assim que a ASKY não tenha nenhum voo para a Europa mas tenha para o Brasil. 

Antes da Europa quer inaugurar linhas para a África do Sul ou Angola, disse, acrescentando: "quando formos para a Europa seremos atacados pelas grandes companhias, quando formos fortes poderemos ir. Mas em 2014, ou 2015 iremos para a Europa". 

A ASKY Airlines tem sede em Lomé, no Togo. Foi criada em 2008 e o primeiro voo foi em 2010.